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Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

OPERETA BUFA (não a do Salvador, a outra)

07-07-2017 - José Janeiro

Enquadramento cénico:

Local: pais europeu na ocidental praia Lusitana

Actores: Arauto do governo (tenor); Arauto da oposição (contralto); Arauto diabolis (baixo cantante); Arauto guerreiro (Soprano); Zeus (tenor dramático); Comentatis (barítono); Abracitos (baixo profundo); Decisor (tenor alto)

Musica: Carruagem de Fogo, Conquest of Paradise, Ai meu deus como é bom ser vida loka, Cavalgada das Valquírias; Um de nós

1º Acto – O pais a arder

A cena passa-se no meio de raios e coriscos com fogo mortes e muita lamúria. Entra em cena o arauto do governo com passo firme e cadenciado.

Musica: Carruagem de fogo de Collin Welland

Arauto do Governo:

Oh desgraça minha que tempestade caiu e que o vento buster produziu;

Oh morte anunciada por SIRESP validada;

Oh raio telecomandado que ateaste fogo maldito, disse o comandado;

Oh maldita estrada que ali estava vinda do nada, se ali não estivesse não acontecia;

Oh maldito cartão partidário que me levou a ser solidário e camaradão.

Arauto da oposição e Arauto diabolis entram em cena de rompante

Arauto da oposição e Arauto diabolis em uníssono:

Demissão! Demissão, esta é a nossa missão.

Arauto da oposição:

Tu Governo que mandas no tempo devias estar mais atento;

Tu Governo põe os olhos no nosso passado em que ninguém ficou assado;

Tu Governo que sabias que nada fizemos e tudo partimos por ali, devias tomar medidas por aqui.

O Arauto diabolis chega-se á boca de cena enquanto o Arauto oposição recua em passo altiveiro.

Arauto diabolis:

Eu disse, eu disse, não digam que não disse, o que disse;

Eu fiz, eu fiz e estou feliz, com suicídios que desdiz;

Tu Governo és o diabo em gente disfarçado;

Saem os arautos da oposição e diabolis e entram em cena os Comentatis, senhores de sabedoria superior, mestres do engodo, especialistas de tudo e nada.

Comentatis:

Nós sabíamos, nós nada dissemos, mas era sabido que estava tudo mal montado;

Os comenatis recuam para o seu canto e chega o Abracitos já de braços abertos e boca beijoqueira, depois de umas selfies diz:

Que triste fado que atingiu o meu país, dá cá um abraço gente boa que eu estou aqui e em todo o lado.

Cai o pano.

Fim do 1º acto

Interlúdio: entra em cena uma bicha maluca cabeleireiro de profissão que diz estar em depressão e no facebook achou consolação, porque o seu marido roto e gostoso foi dar o cu a outro.

2º Acto – Às armas

A cena passa-se num quartel com sentinelas e tropas guerreiras mais que quantas. Entra em cena o Arauto Guerreiro de espada em punho, condecorações a tilintar e montando o seu cavalo alado.

Musica: Conquest of Paradise de Vangelis

Arauto Guerreiro:

Às armas, às armas homens de barba rija mostrem a vossa fibra combativa, defendei a minha honra. Aqui d’el-rei que fomos despojados dos bens armados, vós que tendes armas descarregadas deveis defender a honra da pátria com pedras arremessadas, lembrai-vos de David contra Golias, se ele conseguiu vós também.

Vozes da soldadesca: Endoideceu, endoideceu!

Arauto da oposição e Arauto diabolis entram em cena e clamam em uníssono:

Demissão! Demissão, esta é a nossa missão.

Arauto do Governo:

É grave, é grave se não fosse anedótico era de riso eufórico;

Colocai trancas agora nos paióis assaltados, mas não devem guarda-los armados, porque se podem aleijar ou matar o intrometido e pagareis e na prisão sereis metido.

Oh desgraça e se as armas forem usadas contra a soberania toda a gente morreria.

Vozes do povo: Todos não, só vós que não sois todos. Para quando? Para quando? Que festão seria, pareceria um S. João. Que feriadão seria.

Arauto da oposição:

Eu quis submarinos para proteger a soberania e deixei ao deus dará o resto sem querer saber, agora grito agora esperneio a eito cheio de razão no peito;

Eu vou ao Abracitos fazer queixa de vós governo, tendes uma deixa para sair descalcitos;

Eu quero saber porque não se demitem de tamanha incompetência, vede nós com o Relvas se tivemos tamanha paciência. E o Gaspar que nada acertava e que tudo aumentava. Vede, vede, ponham os olhos em nós que tanto fizemos por todos aqui e ingratos saímos por um triz.

Entra o Abracitos cabisbaixo e danado diz em tom pouco amado:

Investigue-se, investigue-se e doa a quem doer quero gente a gemer. Não posso querer que as armas e os barões assinalados tenham sido roubados.

Comentatis entram em cena de gravata posta e sabedoria de bosta.

Comentatis:

Nós sabíamos, nós nada dissemos, mas estava á vista de todos, até a policia os investigava a rodos.

Cai o pano

Fim do 2º acto

Interlúdio: entra em cena um leão de pau feito que casou com varias a eito e que agora promete amor eterno mais uma vez será, mesmo depois do que a morte lhe fará. Bonito de se ver sim senhor leãozinho.

3º Acto – Zeus deus universal

Entra Zeus de raio na mão pronto a acabar com a corrupção. Explosões e fumo quanto baste para que a entrada seja assombrosa.

Musica: Ai meu deus como é bom ser vida loka, Rap de MC Rodolfinho

Zeus proclama:

Prisão, prisão, ide presos por corrupção, são mais de doze que eram os apóstolos, mas ali só um roubava tostão, aqui todos culpados são;

Roubais o pão da boca da soldadesca para viverdes de forma principesca, coisa feia de se ver, mas 30 anos andastes a comer;

O Decisor entra de rompante e interrompe Zeus dizendo-lhe:

Tu Zeus não te esforces tanto na investigação que em breve eles sairão da prisão;

Mais uma vez te digo venerado ser, que ninguém irá querer saber;

Se roubais um pão ides para a prisão, se roubais milhão ides para a condecoração, assim será feita a vontade justiceira que está preparada desta maneira.

Entra um polichinelo que ri sem sentido de Zeus.

Cai o pano

Fim do 3º acto

Interlúdio: Um ou uma do país longínquo Canadá, transexual que é moda, quer o seu rebento de sexo indefinido, porque sabe-se lá no que dará, diz. Mundo que estais absurdo e estupidificado, fácil será ser eliminado.

4º Acto – (des)Valquiriados (*)

Monólogo do Decisor sobre o resultado da Cavalgada da Caixa aonde se fazem depósitos.

Musica: Cavalgada das Valquírias de Wagner

Entra o Decisor, confiante e muito sabedor da sua prática mundana de atirar culpas á lama e proclama da sua altiva sapiência, ciência não comprovada mas muito badalada:

Eu sou o Decisor, decido sem pudor e a todos quero proclamar mais uma vitoria da democracia (para)lamentar, informo o povo que nada encontrei que pudesse justificar acção irresponsável daqueles que de forma saudável tanto deram ao pais. O buraco apontado no banco do Estado não mais é que uma separação mal feita na dita palavra que em vez de buraco devia ser dito bu e caco, mais conhecida por medo do caco.

Eu sei como Decisor que se fala em milhões, mas tudo não passou de uma crise de tostões, vós sabeis que os responsáveis, não são responsáveis, são apenas fruto de decisões amigáveis.

Nada houve de extraordinário, nem pressões, nem créditos de favor, apenas tudo foi amor, amor pela Pátria, a Pátria que alguns defendem e outros ofendem. Os que a ofendem é quem levanta suspeições sobre os honrados políticos aldrabões, vós que vos queixais que não tendes dinheiro e que tudo vos foi cortado e roubado ofendeis esta Pátria que vos viu nascer e que tendes o dever de defender através de nós os vossos dignos representantes. Pagai e não bufai sede honestos.

Cai o pano

Fim do 4º Acto

Epilogo

Entra o povo em cena cabisbaixo e perdido, sabendo que a culpa é deles por terem escolhido.

Musica: Um de nós – música do Rei Leão

Coro do Povo canta:

Vergonha, desgraça
Humilhação para toda uma raça
Vergonha (ofensa), desgraça (atróz)
Veio trazer a discórdia entre nós
Vergonha (não dá pra negar)(ofensa)
Desgraça (atróz), (ninguém mais vai confiar)
Humilhação para toda uma raça (vá embora, agitador)
(Nos deixe em paz) vergonha (ofensa)
Desgraça (atróz)(um traidor nunca mais)
Veio trazer a discórdia entre nós (vai embora agitador)
Vem do mal
Vem da dor
Ele é um traidor
Vai fugir pro seu lar
Mas a nossa raça não vai perdoar
Ele não é um de nós
E jamais será um de nós
Nunca foi um de nós
Nem será
Ele mentiu para nós
Não mais voltará
Pois agora não há mais nenhum
Que vá acreditar que ele é um de nós

Pois não é um de nós

Vergonha... desgraça
Vergonha... desgraça
Vergonha...

Cai o pano em cima do povo que se esbardalha no chão contorcendo-se

(*) Valquirias – as que escolhem os mortos – mitologia Nórdica

Até para a semana

José Janeiro

 

 

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