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Crescimento Económico

02-06-2017 - Henrique Pratas

O crescimento económico em Portugal segundo as informações recolhidas pelo INE têm vindo a crescer de forma inusitada, todavia a forma como o mesmo se faz não é explicado convenientemente.

Uma vez mais chamo à atenção para a forma como o mesmo é feito. O mesmo decorre do aumento das exportações de bens e serviços com a respetiva retração das importações, em particular do aumento das receitas provenientes do Turismo, do incremento na venda imobiliária e com a diminuição do consumo privado.

Este crescimento é pouco sustentado, quero eu dizer, que não assenta no desenvolvimento dos setores tradicionais da economia que geram riqueza que são a indústria e a agricultura. Os serviços também os geram mas há que analisar esta riqueza gerada com muito cuidado e relativamente ao caso português o incremento registado no Turismo decorre única e exclusivamente de noutros pontos do Globo onde tradicionalmente as pessoas vão passar férias a preços mais reduzidos, existir uma insegurança tremenda ao ponto de ninguém querer arriscar as suas vidas. Este ponto é muito importante e não se convençam que este crescimento vai durar muito tempo basta que nos outros destinos de férias se estabeleça a paz e a segurança, para que ocorra uma inversão na tendência e consequentemente todo o investimento que foi feito na construção de hotéis e na política de arrendamento vá por água abaixo.

Não gosto, nem quero ser profeta da desgraça, mas a realidade é aquela que vos descrevo Portugal por mais infraestruturas que possua, em termos de competitividade os países que concorrem connosco são mais aliciantes, porque quer nós queiramos quer não os preços praticados nos outros países são mais baixos e vocês já o devem ter experimentado, para o nosso nível de rendimento por vezes é mais barato ir passar férias fora do País do que cá dentro e aqui faço uma outra observação, o setor do turismo aposta essencialmente nos estrangeiros e deixa de lado os nacionais que a maior parte deles não possui rendimentos para ir de férias e quem os possui tem outros locais para usufruir de umas férias bem mais baratas e com mais qualidade. Basta ler, como escrevi anteriormente que se criem as condições de segurança e estabilidade necessárias nos outros países, para que ocorra um “desvio” dos potenciais turistas. Convém também alertar para o facto de Portugal agora se encontrar na “moda” e como sabem as modas passam e julgo que vai ser isso que vai acontecer em Portugal quando a moda passar todo o investimento vai ficar voltado ao abandono e quem rentabilizou o investimento que fez safa-se como é hábito afirmar mas vai existir muito investimento que vai pelo cano de esgoto.

Uma outra observação decorre do facto de o consumo privado ter decrescido, daqui se infere que os portugueses em pouco ou nada têm contribuído para o aumento do turismo e muito mais grave do que isso é que o consumo interno tem decrescido e isto só é explicável por duas razões, a primeira é que os portugueses em termos de rendimento disponível têm visto que estes têm sido reduzidos de forma drástica, por isso uma retração no consumo interno, o que em meu entender é grave porque se está a privilegiar o consumo externo em detrimento do consumo das famílias portuguesas, que se encontram a suportar a economia portuguesa através do aumento substancial dos impostos, sem que tenha contrapartidas e possibilidades de aceder aos mesmos bens ou serviços que estrangeiros podem aceder.

Este crescimento é falacioso porque o crescimento da Economia ao nível interno não acompanha o crescimento dos setores de atividade que contribuem para este crescimento que tantos dividendos dá aos políticos e outros órgãos de soberania que apregoam aos sete ventos, de tão contentes que estão, os números do crescimento. Ainda ontem na pré-abertura da feira do livro que ocorre no dia de hoje se apresentou o Presidente da República e uma putativa candidata ao Município de Lisboa pelo PSD, por artes mágicas se juntou ao PR, coincidências não acham? A questão que vos quero deixar é muito simples vai abrir não sei quantos stands de vendas de livros e quantos portugueses é que vão ter acesso à compra de livros. Conviria fazer este exercício para verificar de facto se o crescimento da economia português é real ou não e qual a sua dimensão.

Deixo mais questões qual o estado em que se encontram os setores da saúde, da educação, da justiça, da habitação e do emprego no País, certamente que não acompanha a percentagem tão apregoada pelos políticos deste País, todos os dias lemos notícias em que assistimos às maiores enormidades cá dentro.

Será que o Governo apenas se limita a governar par fora esquecendo os que cá estão dentro, na minha opinião é o salta há vista, preocupamo-nos muito em receber bem aqueles que têm capacidade económica para deixar os seus rendimentos ou poupanças no País, mas aos que cá vivem, mal rendimentos do trabalho que prestam e das poupanças não reza a história porque se nós mal ganhamos para viver, quanto mais pensar em poupar.

Esta é uma característica que nos é intrínseca gostamos de mostrar aos de fora aquilo que não somos e tratamos melhor os de fora que os cidadãos nacionais, quando é que se inverte esta tendência e quem nos Governa se começa a colocar a sua preocupação em governar mais para dentro do que para fora. Eu sei que os Países e as suas economias são cada vez menos estanques e mais abrangentes, mas caramba governar só para atrair os de fora do País é em meu entender uma visão muito reduzida da situação.

Urge resolver os problemas que vivem todos os dias connosco, será que é assim tão difícil constatar este facto, não quero que desprezem o investimento que se fez e faz no setor do turismo, mas Portugal não é só isso existe muito mais País do que para além desse setor.

E se esta tendência para o aumento do turismo em Portugal acabar, o que é que vamos fazer e os órgão de soberania que suportam e complementam este setor de atividade em Portugal, como é que são tratados, como parentes pobres sujeitos às migalhas que os outros deixam cair.

Muito sinceramente algo de errado se passa, ainda no dia de ontem dei conta que um prédio numa das avenidas emblemáticas da cidade de Lisboa, que se encontravam no estado de abandonado foi comprado por chineses e que se apressaram a mandar fazer obras de reabilitação financiadas pelos fundos comunitários criados para dar apoio a este tipo de reabilitação urbana, para que depois os vendam a estrangeiros que pela medida dos vistos gold têm capacidade financeira para os poder adquirir. Certo que estas operações vão gerar aumentos dos fluxos financeiras, mas não vão gerar riqueza, será que saímos da especulação financeira para a especulação imobiliária.

Eu posso-lhes escrever, nasci na cidade de Lisboa há 61 anos e o que vejo faz-me doer a alma, já não consigo ver a cidade que me viu nascer, não me identifico com ela, até a cidade me tiraram, já só falta tirarem-me a vida, porque o resto já se encarregaram de o fazer, Lisboa neste momento para mim é uma cidade sem identidade própria é apenas uma coisa que alguém congeminou ou copiou de outras cidades europeias, não tendo em consideração a realidade do País e da cidade.

Henrique Pratas

 

 

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