Seguro vs Costa e a Crise
21-03-2014 - Eduardo Milheiro
Todos os dias somos confrontados, pela imprensa e pelos debates, com a sombra que paira por cima de António José Seguro, a de António Costa.
Não entendo o porquê desta insistência e da permanente ameaça sobre Seguro, pois António Costa quando teve aquela entrada à leão demonstrou que queria assumir a liderança do PS, mas depois da reunião no Rato saiu como um cordeirinho dizendo que o partido Socialista estava unido em redor do líder.
Se bem que tenho sempre grandes dúvidas sobre os políticos formados nas juventudes partidárias, pois o fantasma da máquina partidária está sempre presente. Na minha opinião, tal postura significa descrédito; o que o próprio partido e a oposição è esquerda têm feito e dito de Seguro não è correcto.
E mais: defendo que Seguro tem tido posições correctas sobra a situação política, não querendo alinhar a qualquer preço na política de austeridade e de empobrecimento do povo deste país, preconizado por este Governo PPD/CDS. Tem afirmado, inclusivé, que se for Primeiro-Ministro de Portugal, de um Governo PS, revogará medidas como os cortes de pensões e de salários da função pública.
Defende ainda a renegociação da dívida, como os juros, prazos, ou seja, quer a sustentabilidade da dívida de modo a que Portugal possa pagar a mesma. Não pelo empobrecimento dos portugueses, mas pelo desenvolvimento da economia, gerando mais receita, diz ele, sem esquecer as reformas estruturais que são na verdade necessárias e que quase correspondem na íntegra ao manifesto dos 70, só que com a diferença que António José Seguro e o PS já defendem isto pelo menos há ano e meio, desde o último congresso do Partido Socialista.
Considero que a esquerda, BE (com o qual simpatizo e me considero próximo) e PCP não podem passar o tempo a criticar o PS, aumentando o fosso que separa o entendimento à esquerda. Nesta perspectiva, João Semedo diz que Seguro tinha ido a São Bento convidado por Passos Coelho para prepararem mais austeridade e com o PCP criticando também esta atitude do PS.
Penso eu: não seria tempo, numa atitude verdadeiramente patriótica, do BE e do PCP tentarem conversar com o António José Seguro, no sentido de encontrarem pontos comuns de entendimento para poderem lutar contra a direita, isto sem significar alianças de governo, tentando só defender a sustentabilidade da dívida e encontrar um caminho menos doloroso para os Portugueses?
Não seria de bom senso, que a esquerda arranjasse um plano de paz que lhe permita salvar Portugal da miséria e da ruína?
Penso que nem no PS nem na oposição podem tratar António José Seguro como o têm tratado, por aquilo que diz e pelas posições que toma na defesa dos sacrificados. Ainda para mais num partido que tem todo o tipo de intervenientes, da esquerda à direita liberal, em que deveria haver um pouco mais de consideração pelo País.
Estou a tomar uma posição que deveria ser a que a esquerda deveria tomar. Eu que até nem sou do PS e pouca simpatia tenho por este partido, sou capaz de engolir alguns sapos pelo futuro do meu País, dos meus filhos e netos. Já o fiz uma vez a pedido de Álvaro Cunhal e volto a fazê-lo se for preciso.
É óbvio que, no meu entender, se a esquerda não quer tentar este tipo de solução, resta a SAÍDA do EURO, com a qual concordo plenamente, agora não podemos é andar a queimar um país em nome das siglas partidárias.
Eduardo Milheiro
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