Edição online quinzenal
 
Sexta-feira 29 de Março de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

I - CORRENTES ARTÍSTICAS NA 1ª METADE DO SÉCULO XX

26-05-2017 - Pedro Pereira

Na sequência dos artigos que temos vindo a publicar nos últimos números do jornal, trazemos até ao leitor uma abordagem a um dos aspectos da sociedade portuguesa nas primeiras décadas do século XX.
As próximas semanas serão dedicadas ao tema que se segue.

____________________

I - CORRENTES ARTÍSTICAS NA 1ª METADE DO SÉCULO XX

O Seu Impacto em Portugal

Pintar equivale a provocar artisticamente um fenómeno concreto, a partir da superfície .

O Expressionismo Abstrato

O expressionismo abstracto, historicamente como corrente estética surge com vigor no primeiro quartel do século XX, com os seus cultores plásticos, que consideravam que o objecto de arte (de acordo com a nova corrente estética) não era mais representar a realidade objetiva, mas antes, os sentimentos e o estado emocional do artista.

Em 1905, um grupo de pintores expõe pela primeira vez no Salão de Outono de Paris, tendo sido apodados por um crítico como os «Fauves», como foram rotulados os pintores não seguidores dos cânones impressionistas, vigentes à época.

Nesse ano, Kirchner, Henkel e Schmidt-Rottuff, fundaram em Dresden, Alemanha, a Associação Artística Die Brucke (A Ponte), os quais, inspirados numa imagem Nietzcheniana pretendiam estabelecer ligação entre os Homens e as correntes antiacadémicas.

Este grupo empenhou-se num trabalho comunitário de crítica extrema, as obras repercutiam valores gráficos de Jugendstil e um novo colorido institivo, com modelações ou gravuras em madeira toscamente tratadas que expandiram a arte do grupo.

Era este o expressionismo na Alemanha e de uma maneira geral nos países de língua alemã. Em breve influenciaram outras nações do ocidente Europeu.

Em 1911, o grupo, já com perturbações internas, saídas e expulsões instalou-se em Berlim onde a galería e a revista Der Sturm fundadas no ano anterior por H. Walden, lhes deu apoio.

O grupo Fauve e Die Brucke, seguiram a mesma orientação cujos antecedentes se relacionam com Van Gogh e Gauguin, possuiam em todo o caso um propósito revolucionário, completamente novo, desligado de ideias a priori, a começar pelos elementos primitivos da pintura.

Neste sentido, o pintor identifica-se com um motivo que impressionou a sua sensibilidade e o seu instinto vital, tornando esse motivo em «essencial», traduzindo-os em puros valores de superficie de côr e de linha, simplesmente intensificados, no sentido em que o mero reflexo das impressões passageiras será um estímulo efémero e não um valor duradoiro e essencial.

A acção directa de Die Blaue Reiter e de Die Brucke, terminou em 1913, data, também, do I Salão de Outono alemão, na galeria Der Sturm, onde os dois grupos estiveram presentes e que antes da guerra, foram a maior competência neste domínio, então representados pelo Cubismo, já com perda de significado do Fauvismo.

O Expressionismo vai penetrar rapidamente em todos os domínios da arte criativa; desde a Escultura à Arquitectura, das Artes Gráficas (artesanais, industriais) à Música, ao Teatro, à Coreografia e ao recém-nascido, porém dinâmico, Cinematógrafo.

A poética expressionista irá reflectir a crise de valores que a Europa do Capitalismo enfrentava.

As tecnologias, os processos produtivos, a desvalorização da economia agrícola a favor da Indústria, e dos grandes investimentos financeiros, as perturbações provocadas pela urbanização acelerada com o seu desenvolvimento, as prioridades da sociedade de consumo em detrimento da poupança, as falhas de ordem social derivadas, irão originar a luta de classes nas grandes cidades. Estes são, sem dúvida, os factores que irão destruir modalidades históricas de formação e de transmissão de cultura registadas até então.

O Modernismo

O próprio conceito de tradição que durante séculos foi fundamental e inevitável, irá debilitar-se devido ao impulso do Modernismo que se irá impor em todos os níveis da vida social e intelectual.

Será o sentimento de «Perda de Tradição», que se irá verificar no imediato no plano da linguagem.

Os pintores vão aceitar a crise como um factor necessário da qual tirarão consequências, indo utilizar instrumentos da crise contra a própria Sociedade Moderna que os albergava.

Por um lado, vão adoptar as temáticas e exigência que a nova dimensão social impunha, por outro lado destroiem a harmonia clássica do signo linguístico, procurando os seus modelos fora da tradição europeia.

Nas Artes Figurativas a vanguarda vai recuperar as linguagens «primitivas» consideradas como os veículos mais efectivos para a expressão directa e altamente dramática do mau estar comum.

O Modernismo em Portugal

Em oposição ao Naturalismo, movimento estético tardio em Portugal, uma vez que este se havia iniciado na década 70 do século XIX e que irá permanecer de forma significativa nas primeiras décadas do século XX, dado que correspondeu de forma evidente, ao gosto do público, surge o movimento Modernista em Portugal.

O Modernismo vai-se afirmar claramente por volta de 1914-1915, nos alvores da 1 ª Grande Guerra Mundial, como movimento Post Simbolista.

Esta reação surge por parte de cinco pintores portugueses residentes em Paris, que em 1911, realizam en Lisboa, uma exposição dos seus trabalhos num certame com o título de Exposição Livre, a qual, teve pouca aceitação por parte do público.

O seu promotor foi Manuel Bentes, tendo exposto em conjunto com ele Eduardo Viana, Francis Smith, Domingos Rebelo, Emmerico Nunes, Francisco Alvares Cabral, Alberto Cardoso e o brasileiro Roberto Colin, todos eles no início das suas carreiras, desejosos de superarem a dominante produção Naturalista que continuava a «decorar» os salões oficiais da Sociedade Nacional de Belas Artes, onde predominavam nomes consagrados dessa correste estética, como Columbano, Malhoa e Carlos Reis, entre outros.

No ano seguinte, constituiu-se o Grupo Humorista Português, onde figuravam nomes como os de Almada Negreiros, poeta e pintor futurista, a personagem mais escandalosa do Grupo Orpheu, sobretudo pelo tom provocativo das suas conferências e da sua postura física e, Jorge Barradas, entre outros.

Pedro Pereira

(continua no próximo número)

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome