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Movimentos de Cidadãos

19-05-2017 - Francisco Pereira

Aproximam-se as eleições Autárquicas, estou curioso em relação aos movimentos de cidadãos. Os movimentos de cidadãos são um importante meio de exercer uma cidadania activa, pena é que muitas vezes, esses movimentos, sejam desvirtuados por no seu seio estarem figuras medíocres da politiqueirice rafeira, por estarem organizados em torno de um qualquer desses medíocres, descontente com o partido, ou serem esses movimentos, “sacos de gatos” edificados em torno desejos de vingança e assalto ao poder, efectuados por grupelhos de deserdados ou descontentes dos vários partidos instituidos.

Quando qualquer das situações acima descritas ocorre, esvaziam-se os bons pressupostos para a existência desse tipo de movimentos. Acompanhei nas anteriores eleições autárquicas o percurso de alguns desses movimentos, acompanhei, através da impressa, escrita e online leia-se, não andei atrás deles, há muitos anos que não dou para esse peditório, fiquei porém desiludido com alguns, a gente boa que tinham foi engolida pela “máfia profissional”da politiqueirice.

Estes movimentos se forem genuínos, são muito bem vindos, pois agitam as águas chocas da podre mansidão lusitana, fazem as pessoas pensar, questionar, claro que sabemos que o eleitor português tem uns entreolhos de cabedal como convêm a todas as bestas domésticas, que lhe permite ver apenas o suficiente, a nossa literacia política é perto de nula.

Os mais idosos estão agarrados ao Salazar, ao Prec, ao saudosismo primário, os menos idosos estão nas tintas, o foco está mais no iphone ou na playsation, ainda ontem bebia café numa esplanada aqui do burgo e dois tipos na casa dos vinte e tal, trinta anos, discutiam acerrimamente sobre um jogo vídeo qualquer e de como passar um nível, estive ali cerca de meia hora e o tema não passou do jogo, estamos entregues a isto, a primatas monossilábicos, que vivem a realidade do virtual.

Daí que o agitar das águas seja sempre de saudar, e sejam de saudar, movimentos de cidadãos genuínos, que desejem por mãos à obra e começar a participar, infelizmente tais movimentos estão consignados apenas aos lugares autárquicos, porque a podridão politiqueira não pode correr o risco de perder os seus lugares melhores e mais lucrativos, uma situação como a de Macron em Portugal seria impossível, as máfias partidárias apertam as malhas para não lhes escapar um cêntimo que seja, fazendo de nós um paíszeco com uma democraciazita fofinha mas comedida.

Seria bom que a Democracia plena se abrisse aos cidadãos, não apenas no plano do plebiscito, mas também numa igual oportunidade de concorrer a actos eleitorais como por exemplo eleições legislativas, isso porém teria de fazer modificar o modelo eleitoral bafiento e anacrónico que possuímos, mas isso como é sabido os “doutos” legisladores não querem, pois corriam o risco de perder os poleiros dourados.

Relegados assim para as autarquias, os cidadãos, nem aí parecem querer participar, as assembleias municipais estão às moscas, o povaréu, está tão dissociado da gestão dos seus destinos que é impressionante não termos falido, mais, mais vezes e de forma permanente, existe claramente um país político dos eleitos e um país dos outros, da carneirada amorfa, realidades que se tocam brevemente apenas nos períodos de campanha eleitoral, com os resultados miseráveis que conhecemos.

Em Portugal são precisos cidadãos, mais do que aqueles que enchem santuários, rotundas ou aeroportos a comemorar e a santificar mediocridades patetas, não que isso também não faça parte do nosso mundo, faz com certeza, mas a cidadania vai muito para além de agitar bandeirinhas, de gritar “Portugal olé” e de acender velas a estatuetas de barro. Em Portugal, cidadãos são precisos!

Francisco Pereira

 

 

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