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Baptista-Bastos. "Sou um homem feliz porque assisti a muita coisa”

12-05-2017 - Henrique Pratas

Na sua casa em Lisboa, o escritor e jornalista recebeu um órgão de comunicação social, em Novembro de 2015.

Baptista-Bastos morreu esta terça-feira, aos 83 anos.

"Sou um homem feliz, porque assisti a muita coisa e nunca deixei de pensar que as sociedades são movíveis”, dizia Armando Baptista-Bastos na sua última entrevista, feita em Novembro de 2015.

Sempre com a mulher por perto, a cumplicidade do casal não passou para a gravação. Ficou o registo de um Baptista-Bastos com 81 anos, numa casa onde recebia os amigos e preparava crónicas para os jornais com tempo para pensar.

Já que o tema era o 25 de Novembro, observava o jornalista: "Um certo conservadorismo é capaz de ser útil à própria evolução das coisas, à própria revolução."

Nesta entrevista de dez minutos, que revelou um Baptista-Bastos olhos nos olhos, confessou que já raramente saia de casa, que nunca desistiu das suas convicções e que a Igreja o impelia à mudança.

"O homem tem um sentido religioso da vida que o leva, muitas vezes a avançar, a ir para a frente, a não ter medo. A religião não faz medo a ninguém. A religião com frequência é um estímulo para o combate, para a luta, para a possibilidade de transformação."

Armando Baptista-Bastos morreu esta terça-feira, aos 83 anos.

O que é posso acrescentar mais sobre esta PESSOA, é que sempre pensou pela própria cabeça, não foi politicamente correto, escrevia e dizia o que pensava, por esse motivo granjeou grandes “amizades” como devem saber, foi tratado como todos sabem, isto de ser isento e livre tem os seus custos e ele pagou bem essa fatura, mas fica a obra, os livros escritos e muito mais que se virá a descobrir a seu tempo. Como referi ele não se deixava envolver facilmente em qualquer programa ou gravação era seletivo e só participava naquilo que achava de devia participar ou gravar, esta maneira de estar não é agradável para um regime que se quer servir do brilhantismo que alguns predestinados têm, caso do BB, que se pugnou em viver da maneira como achava mais digna e mais consentânea com os seus princípios.

Lembro-me muito bem dele desde os tempos em que fazia questão de acompanhar os seus filhos à escola onde andei, a Nuno Gonçalves na Avenida General Roçadas, foi aí que tive o primeiro contato com ele e um belo dia lhe disse que o português estava a ser muito difícil para mim, porque a professora colocava sempre defeitos no que escrevia ou fazia correções, as criticas nunca eram construtivas. Ele já com experiência adquirida dá-me uma resposta que me deixou perfeitamente desarmado, “a tua consciência está de acordo com o que o que escreves, não está? Respondi timidamente que sim, de imediato recebi uma sugestão, então manda-a á merda”. Eu fiquei completamente, desarmado e ainda lhe disse mas eu não posso dizer-lhe isso diretamente se não ela chumba-me já, é melhor ir já para casa e ele com a sua bonomia responde-me, não é no sentido literal do termo, continua a escrever como sentes e achas que deves escrever os teus textos, borrifa-te para a opinião dela, o que é importante meu rapaz é que escrevas o que achas, o que pensas e que te sintas bem com o que escreves a opinião dos outros não interessa o que importa é que estejas bem contigo próprio ao escreveres o que escreves, não tens que te arrepender de dada, desde que a tua consciência se sinta bem.

Foi com o BB, o Manuel da Fonseca, o José Gomes Ferreira o poeta não o das folhas de cálculo de Excel, que teima em ser primeiro-ministro, o Luis de Sttau Monteiro e com todos os tinham a sua tertúlia na Brasileira no Chiado, incluindo também algumas pessoas que andaram pelas Belas Artes, que ficava nas costas da António Maria Cardoso, dos quais destaco o João Cutileiro e muitos mais que agora a minha memória, não se recorda dos nomes mas guardou os ensinamentos que me deram. Aliás recordo-me que tinha 13/14 anos quando ingressei no Curso Comercial, na Veiga Beirão, no Largo do Carmo, de boa memória, um dia cheguei a casa e disse aos meus pais, este ano vou chumbar com distinção, mas garanti-lhes que seria a primeira e única vez e assim foi. Isto só ocorreu porque conheci as pessoas que mencionei e outras que já não me recordo dos nomes, o Século também ficava perto, os tipógrafos também apareciam e a opção que fiz foi a de aprender fora do ensino tradicional e convencional, foi uma excelente decisão que tomei e que os meus pais “suportaram”, mas fez-me tanto bem que não vos consigo descrever. Hoje com 61 anos, recordo-me de tudo e foi essas pessoas que constituíram o meu balão de oxigénio que solidifiquei os meus valores e princípios, porque como sabem, independentemente de nós sermos possuidores deles há que cuidar dos mesmos, porque em fazes da nossa vida particularmente numa fase de crescimento temos dúvidas, olhamos para os outros e vimos coisas que não gostamos e esses é que eram premiados e nós ficamos com dúvidas sobre o caminho e as opções que escolhemos, o que é normal. Mas foram as pessoas a que faço alusão que o fizeram de forma gratuita e sem pedido nenhum de reciprocidade me ajudaram a consolidar e não ter vergonha de dizer o que pensava e o que sentia sem ser politicamente correto ou pretender agradar a alguém, nós devemos ser como somos. Esta foi uma fase muito importante da minha vida, eu não perdi um ano, ganhei muitos anos, cresci tornei-me Homem, com os ensinamentos que recebi, por isso me mantenho fiel aos meus valores e princípios, quem gostar gosta, quem não gostar não gosta.

Eu posso escrever que sou o produto dessa geração de princípios e valores, íntegros respeitando sempre a diferença de opiniões, mas sem qualquer tipo de subserviência.

Um abraço eterno BB, com um profundo agradecimento.

Henrique Pratas

 

 

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