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ALTERNÂNCIA DE COMENTADORES

21-04-2017 - Henrique Pratas

O título que atribui a este texto trata-se da constatação de um facto que é o de ter assistido a comentadores políticos a comentar partidas de futebol, algo raro e estranho ou talvez não.

Em principio a politica nada teria a ver com futebol e vice – versa, mas ultimamente não é o que temos assistido, comentadores políticos que preenchem as diferentes mesas de comentadores políticos televisivos, passaram também a ocupar o espaço dos comentadores de partidas de futebol e amanhã ver-se-ão a comentar sabe-se lá o quê, a mim como já nada me admira, espero por tudo.

Não sei se estes têm medo de ficar desempregados da política ou se por outro lado esta não lhes dá perspetivas de futuro e antes que seja tarde há que guardar lugar noutra área em que podem especular à vontade sem lhe serem assacadas responsabilidades e para isso nada melhor do que o futebol.

Ao nível politico já vimos que o que temos como comentadores, salvo honrosas exceções é muito mau para ser verdade e julgo mesmo que as pessoas já não perdem tempo a ouvir os iluminados, que já não acrescentam valor nenhum porque se esgotaram enquanto comentadores políticos ou porque esta evoluiu num sentido em que lhes saiu da sua esfera de controlo e já nada de novo têm para dizer, porque a história repete-se, assim sendo há que se mudarem de malas e bagagem para outras áreas onde poderão enxamear o resto que falta arder, pois em termos políticos já só resta terra queimada.

Então voltaram-se para o futebol e sobre o mesmo ouço disparates atrás de disparates e nunca mais se calam e em vez de tomarem posições para que o mesmo seja analisado apenas e só do ponto de vista desportivo, discute-se muito mais as ocorrências de um jogo, as faltas não marcadas, os penaltis e o comportamento aviltante das claques.

Ora eu que estava muito bem refugiado nesta área desportiva, pensando que estava descansado a ver e a assistir aos jogos de futebol de uma forma calma e sem ódios de estimação, eis quando sou sobressaltado com as ocorrências do Canelas Futebol Clube, o comportamento deplorável das claques e a invasão por parte dos comentadores políticos, nesta área desportiva. Mau pensei, eu para mim, estava eu também descansado e agora aparecem-me os mesmos medíocres e assim foi, as personagens tomaram conta do futebol e fizeram dela uma força de contrapoder, o que era apenas uma prática desportiva passou a ser uma atividade politizada e usurpando-a para alcançar meios políticos através de uma prática desportiva. Onde é que eu já vi isto, ah, no tempo de Salazar em que o futebol era um instrumento de politica eficaz, desviando a atenção dos cidadãos do que era importante para aquilo que apenas os embebecia e os aligeirava das “dores” de uma semana de trabalho. Será que a tendência é voltarmos ao mesmo só que com outros contornos socioeconómicos.

Recordo-vos aqui que no Brasil é isso que se passa, basta que haja futebol e carnaval e recentemente os Jogos Olímpicos para que o Povo desvie as suas atenções para o que não é essencial e o poder autocrático sejam assumidos por quem não foi eleito através de votação. Relembro as ditaduras militares, ou outros tipos de autocracia que vingaram lá, também podem vingar cá e creio que estão reunidas as condições para que tal aconteça, basta que os mercados financeiros abanem e lá vamos nos para o “buraco”.

Vivemos numa sociedade muito instável, sem referências, sem objetivos, sem horizontes/planeamento, basta aparecer um ”Messias”, que venda bem as suas ideias e a bagunça está instalada.

Henrique Pratas

 

 

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