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OS PASSEIOS

31-03-2017 - Francisco Pereira

Ao contrário daquilo que muita azémola pensa, os passeios não são um luxo, nem são a extensão da estrada, são uma necessidade, devem ser respeitados enquanto elementos propiciadores de segurança, mobilidade e acessibilidade para os peões.

Há 4 mil anos já existiam passeios, disso existem evidências em urbes da região da antiga Anatólia, sita naquilo que actualmente é a Turquia. Gregos e Romanos, em especial estes últimos utilizavam já este recurso, a que chamavam “ semita” ou seja “caminho” em português.

Esses antigos, perceberam desde cedo que os passeios eram um benefício crucial, que permitia que os cidadãos usufruíssem livremente do acesso às ruas, permitindo o lazer, o acesso ao comércio e mais segurança.

Após um grande interregno, só no século XIX, é que os passeios voltam a ser tidos por necessários, em especial nos meios urbanos, onde os transeuntes pedestres tinham de competir com vários tipos de veículos, situação que hoje no século XXI, ainda se coloca com mais veemência, as cidades estão maiores, os veículos, são mais, mais velozes e mais mortíferos, daí que os passeios sejam essenciais para a mobilidade de quem precisa de circular a pé de forma segura.

Para dar um exemplo daquilo que não deve ser, falar-vos-ei da Terra da Fantasia, um local fictício. Nesse pardieiro miserável a que pomposamente chamam cidade, os hábitos de utilização dos passeios estão ao nível do pior que se fazia no século XIX, é absolutamente miserável.

Nesse local fictício, as bestas, quadrúpedes, que por lá habitam, utilizam os passeios essencialmente para tudo, até para as pessoas poderem circular, os passeios são utilizados para cagar, os passeios estão cheios de merda de cão, mijar, deitar lixo, andar de bicicleta, colocar caixas, caixinhas e caixotes, mais motas e motoretas, para estacionar, por vezes acendem os quatro piscas dos coches e lá vão eles, quem circular a pé que se lixe, que vá pela estrada, isto com a edificante complacência de quem devia zelar para que isto não fosse possível, que é a brigada das Fadas, ainda no outro dia, vi passar o coche da dita brigada, lá dentro duas Fadas, o coche seguia lentamente com as abóboras faíscantes apagadas, passam por um coche estacionado em cima de um passeio já de si exíguo, julgam que pararam para autuar o castanho de passeio que ali estacionou, claro que não, dá muito trabalho.

Outra moda recente é o circular de bicicleta por cima do passeio, os imbecis ciclomóveis lá andam todos felizes a passarinhar por cima dos passeios, como se nada fosse, numa evidente demonstração, mais do mesmo, de imbecilidade colectiva.

Outra particularidade prende-se com o facto de a importância financeira do cidadão influir determinantemente naquilo que pode ou não fazer, senão vejamos, se o cidadão, isto por exemplo, for um rico proprietário dono de uma loja de fardos de palha, os passeios frente ao seu estabelecimento estão isentos de cumprir com as regras, podem perfeitamente estacionar lá em cima, dificultando a vida aos peões, mas acaso um pobre estacione em cima do passeio para ir por exemplo à apoteca em busca de curas para uma qualquer maleita, lá ouve a desanca das Fadas. Ricos e pobres não usam os passeios da mesma maneira nesta terra.

Importa informar, que os passeios, são naquele local fictício, regra geral, coisas miseráveis, com postes, contentores do lixo, caixas disto e daquilo e o mais que se queira plantados no meio, impedindo a livre circulação das pessoas, mesmo fora de muralhas em ruas mais recentes, parece que quem licenciou aquilo era um asno míope, pois têm passeios miseráveis, mal concebidos, dificultando a circulação, sendo em muitos, mesmo muitos, casos, meros obstáculos intransponíveis para quem tenha dificuldades de locomoção, por exemplo cadeiras de rodas, carrinhos de bebé, pessoa de muletas ou com mobilidade reduzida, dado existirem cada vez mais velhos, naquele reino.

Os comportamentos abusivos, das bestas cretinas que por ali abundam, dão dó, mais dói, porque a grande maioria destas anémonas, acha normal este estado de coisas, desde que haja futebolada, festarolas, pinga e empazinanço, está tudo bem, tiram-se umas “selfes” com as carinhas patéticas de grunhos glutões e bebedolas e pronto o resto que se lixe.

É absolutamente degradante, é patético, esta gentalha nem num chiqueiro deveria viver, quanto mais habitar numa urbe, local para o qual não estão talhados, falta-lhes o civismo, a decência, a urbanidade e o respeito colectivo que devem uns aos outros. Pior só o laxismo e a incúria que as Fadas e os grandes Feiticeiros demonstram, são mais do mesmo, coniventes com o regabofe da estupidificação colectiva.

Claro que isto é tudo ficção, claramente um delírio de imaginação deste pobre e demente escriba, estou certo que na terra onde moram isto não é nada assim!

Francisco Pereira

 

 

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