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Sobre o Manifesto, reestruturação da dívida

14-03-2014 - Eduardo Milheiro

Nos últimos dias o tema quente tem sido o “Manifesto: Preparar a reestruturação da dívida para crescer sustentadamente”, subscrito por notáveis da vida pública e política portuguesa, onde se destacam nomes como João Cravinho, Manuela Ferreira Leite, Carvalho da Silva, Francisco Louçã ou Bagão Félix.

Penso que a mutualização da dívida não é a solução, isto porque Portugal tem de dívida pública mais de 215 mil milhões de euros. Na melhor das hipóteses – que não acredito – mesmo que o crescimento do PIB fosse de 3 ou 4 por cento ao ano, não nos levaria longe, sendo que mesmo assim seriam precisos cerca de 40 anos para levar a nau a bom porto, parecendo-me que a mutualização da dívida nos iria transformar numa nova Grécia.

Parece também ser esta também a opinião do economista e Presidente da República Cavaco Silva, quando diz no seu prefácio livro Roteiros VIII: depois da saída da Troika, em Maio, Portugal tem à sua espera mais 20 anos de disciplina orçamental e supervisão externa.

È claro que estas palavras significam mais cortes, mais empobrecimento, mais miséria e mais fome para os Portugueses; mais ataques às reforma e pensões, ou seja, aquilo que já repeti vezes sem conta: encontrar o equilíbrio orçamental através da redução dos salários e das pensões, nos cortes na saúde e na educação, com mais degradação nos mesmos.

É impossível suportar os juros e a dívida, porque, cumprindo com esta obrigação não há dinheiro para a economia, não havendo economia e crescimento, o que significa que sem criação de riqueza, não vamos a lado nenhum.

Mas numa demonstração de inabilidade, estupidez e de incompetência a rondar as raias da ignorância, Passos Coelho apressou-se a dizer que este manifesto é muito mau, pois pode deixar os mercados preocupados com o pagamento da dívida pública, e daí virem grandes alterações que podem passar pelo aumento dos juros e subscrições pelos mercados da dívida pública. Sobre Paulo Portas nem vale a pena falar, pois quem compara Maio de 2014 a 1640, só demonstra uma ignorância, que não sei se é objectiva ou populista, mas que é folclore é!

Isto é dito por um primeiro-ministro que todos os dias diz que quer consenso com as forças políticas e sociais para encontrar um rumo e compromisso certo para o desenvolvimento de Portugal e tornando-o sustentável e cumprindo com as obrigações internacionais.

Que melhor altura para tentar criar esse consenso, em que os subscritores do manifesto são gente de todos os partidos excepto do PCP (posição sobre este assunto com a qual eu mais concordo), representantes dos patrões CIP e CCP, Sindicatos, ilustres economistas e gente da política que já foram cabeças de proa dos partidos? Mas infelizmente este primeiro-ministro que temos parece-me sofrer de autismo, se não é doença é estupidez, ou então não dá um passo sem instruções da Chanceler Merkel.

É verdade que grande parte dos subscritores deste manifesto têm culpas no cartório sobre o estado a que chegámos, mas só os burros não mudam, querendo eu dizer que o burro é o primeiro-ministro deste governo que nos desgoverna em nome dos mercados e que não muda.

Às vezes começo a pensar se Passos Coelho não está a fazer isto aos portugueses, (empobrecer-nos e conduzir-nos à miséria por vingança), porque analisando bem, no governo estão pelo menos 4 ministros que são retornados. Será que ele considera isto um ajuste de contas com o que ele e os outros devem ter sofrido com a descolonização? É que se é, nós também temos razões e a maior é que ficámos com 10 mil mortos e 30 mil estropiados da guerra colonial, para defender as costas aos brancos das ex-colónias, numa guerra estúpida e sem sentido, em que os problemas deviam ter sido resolvidos sem recurso à guerra por pretos e brancos.

Eu por mim, continuo a defender que o melhor é uma saída do euro negociada, adquirir a nossa soberania financeira, abandonarmos a ditadura dos mercados, iniciar um novo processo de política económica e financeira que nos permita construir um País com Democracia, com Liberdade, sem Pobreza. Resumindo, um País de Gente Feliz, porque o que temos na véspera dos 40 anos do 25 de Abril não é nada disto.

Eduardo Milheiro

Pode ler aqui o manifesto e os seus proponentes PDF

 

 

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