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GUERRA E PAZ

24-02-2017 - Francisco Garcia dos Santos

Há alguns meses, neste mesmo jornal, o meu amigo José António Marques publicou um texto sobre a eventualidade de ser “necessária” uma nova guerra na Europa, ou envolvendo países do “mundo ocidental” contra o “novo huno”, para que os respectivos povos retornassem às “origens”, isto é, à sua identitária civilização histórico-cultural de matriz greco-romano-germânica e judaico-cristã.

Ainda que plenamente não o acompanhe nessa tese por a entender demasiado pessimista, a qual resumidamente defende que a guerra é um “motor de “avanço” e progresso da Humanidade, aliás perfilhada por vários pensadores filosófico-sociológico-políticos de renome, a verdade é que neste momento de dissolução de valores da civilização ocidental provocada pelo relativismo, hedonismo e globalização económico-financeira, com grandes fricções políticas entre países ocidentais e outros de leste e do extremo-oriente, a eventualidade de uma guerra de maior ou menor intensidade entre potências nucleares regionais e mundiais é uma hipótese a considerar seriamente.

E para que se entenda o que acabo de escrever, basta estar atento às notícias veiculadas pelos órgãos de comunicação social portugueses e estrangeiros (estes últimos sempre mais actualizados e objectivos do que os primeiros).

Quem não se recorda da recente anexação da Península da Crimeia pela Rússia e a tensão NATO versus Rússia a propósito de tal facto no sudeste europeu, bem como no seu nordeste face a uma eventual velada ameaça do Kremlin aos Estados bálticos (Estónia, Letónia e Lituânia) -recorde-se o recente envio dos Estados Unidos da América para a Polónia de um contingente militar de cerca de 4.000 efectivos e grande quantidade de equipamento bélico? E ainda as ameaças de Donald Trump responder militarmente a pretensões chinesas de anexação de ilhas no sul do Mar da China e nuclearmente a qualquer tentativa de agressão ao seu país pela Coreia do Norte?

Aquando da fundação da ONU e das então Comunidades Europeias (hoje União Europeia), que visou o estabelecimento de estabilidade e pacificação duradouras no mundo e na Europa, apesar da “guerra fria” entre EUA e ex-União Soviética, em que ambas as potências se degladiaram por interpostos Estados ou a coberto da ONU, como por exemplo no Vietnam, na guerra da Coreia e “crise dos mísseis de Cuba”. Essa estabilidade e pacificação, pelo menos na Europa, principalmente após a abertura da China ao mundo ocidental e o colapso da União Soviética, parece que foi optimisticamente tida pelos sucessivos líderes e governos ocidentais como um dado adquirido de uma espécie “paz eterna”, e adquirido, como se, para usar uma expressão marxista-leninista, se tivesse chegado ao “fim da História”.

Porém, nada mais falso, tal como a realidade política internacional o demonstra à saciedade.

De facto, hoje, como noutros períodos históricos, caso não haja bom senso por parte de líderes políticos e a diplomacia falhe, as afirmações de Sun Tzu e de Carl von Clausewitz readquirirão grande actualidade: respectivamente, “se queres a paz prepara a guerra” e “a guerra é a continuação da política por outros meios”.

Francisco Garcia dos Santos

 

 

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