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Opiniões não faltam, acções.....

07-03-2014 - Henrique Pratas

Nós temos por hábito opinar sobre o que se passa agora na Ucrânia, sobre o Afeganistão, em Israel, na Venezuela em Moçambique, em Angola, na África do Sul enfim em todo o que se passa nos outros Países. Uns são contra outros a favor e tecem-se as mais elaboradas teorias sobre o que se passa o que se devia fazer e atrevem-se mesmo a "condenar" ou crucificar alguns dos intervenientes. Opiniões com fartura e soluções mais que muitas.

Por cá, neste País lindíssimo à beira-mar plantado, assistimos ao anúncio do 1.º Ministro que os salários e pensões de reforma não podem voltar aos níveis de 2011, porque provavelmente alguém concluiu que os portugueses estavam a enriquecer de forma brutal e são poucos aqueles que se manifestam.

Cá, estamos a assistir a casos em que as pessoas morrem porque, passam por vários hospitais e nenhum os pode receber  e no que os recebem depois de um périplo infernal por todos os hospitais, acabam por morrer, mas aqui poucos opinam sobre este estado de coisas.

Na semana passada houve um filho que atirou a mãe pela janela de um 10.º andar e ninguém se pronuncia sobre este caso, morrem pessoas, uma com 35 anos,  por falta de dinheiro para comprar medicamentos, mas ninguém opina nem apresenta soluções.

O feriado do passado dia 4 de março, dia de Carnaval, que para alguns foi e outros não, mas em termos práticos ninguém trabalhou, porque os bancos estiveram fechados, os correios também, a maior parte das pequenas e médias empresas também fecharam e aqueles que tiveram que ir trabalhar pouco ou nada fizeram, mas o Governo decreta e insiste que o feriado legalmente foi abolido, mas sobre isto ninguém opina nem se houve dizer nada.

As escolas não funcionam ou funcionam em condições precárias, mas sobre isto nada se diz. Assistimos a um ato de solidariedade notável, promovida por um ex-presidente da república portuguesa de utilizar um avião da força aérea portuguesa ir à Síria para que embarcassem estudantes sírios para virem para Portugal, para poderem acabar os seus cursos, por cá assistimos a um número significativo de estudantes, que são o futuro deste País, a deixarem de frequentar o ensino porque os pais não têm dinheiro para lhe poder pagar as propinas dos cursos que frequentam e sobre isto fala-se, fala-se mas nada se faz.

Hoje ocorre a manifestação dos policias e aí tomam-se medidas de precaução para que não ocorram altercações à ordem pública, ouvi hoje que as medidas tomadas eram as semelhantes à realização de um jogo de futebol de alto risco, se bem ouvi estão mais de 1.000 policias de prevenção para o que der e vier, e sobre isto não opinamos, porque o caso "apenas" diz respeito neste caso às forças de segurança, porque com o resto das pessoas está tudo bem, apesar de os vencimentos e as reformas não poderem voltar aos níveis de 2011 e sobre isto ninguém se pronuncia, nem comentadores encartados, nem de acaso.

Há muito que acho que opinamos muito sobre o que se passa nos outros Países, sem sequer conhecermos a verdadeira história e os factos que levam a que ocorram algumas convulsões, mas opinamos, porque somos assim.

Quando é que vai chegar o dia em que vamos perceber que os movimentos dos policias, dos médicos, das força-armadas, dos enfermeiros, dos professores, dos funcionários públicos e dos restantes trabalhadores são os nossos e nos juntamos todos para que não se opine e se diga que este ou aquele problema diz apenas respeito a um dos sectores profissionais. A grande questão é somos um todo ou parte de um todo.

Na minha opinião somos um todo e quando aquele que vive perto de mim não está bem, como é que eu posso estar bem?

Eu não posso viver feliz numa sociedade onde as discrepâncias são cada vez mais acentuadas e assisto de mãos atadas a ver companheiros de vida a caírem para o lado ou a pararem numa sociedade que nos tritura de forma violenta, na minha humilde opinião temos que encarar o que está a acontecer na sociedade portuguesa como um todo e não como situações parcelares a que cada um diz respeito, já vai sendo altura de aprendermos e vivermos em sociedade e deixar-mos de parte as questões mesquinhas de "clubites" ou "partidarites", somos portugueses, sabemos o que queremos e vamos lutar por aquilo que achamos justo e adequado à nossa realidade.

Como a prosa vai longa, para terminar volto à questão inicial opinamos muito sobre o que não conhecemos em profundidade nos outros países e nas diferentes realidade, porque como sabemos cada uma das populações sabe mais do que passa internamente, porque vivem lá, a sua vida ocorre nesses países, não no nosso.

Pergunto se nós, em conjunto não conseguimos resolver os nossos problemas, como é que queremos ajudar a resolver os problemas dos outros países que muito poucos conhecem ou nem sequer lá estiveram. Bem prega Frei Tomás, faz o que eu digo e não faças o que eu faço.

A última ocorrência que tive conhecimento e que fui chamado a intervir para resolver a situação, passa-se, hoje e agora numa Unidade de Saúde da área da Grande Lisboa, uma filha que se encontra nos cuidados paliativos em fase terminal, acompanhada pelos pais, de maca para que o médico de família possa "prescrever" a continuação dos cuidados de saúde que estão a ser prestados à filha, até aqui tudo bem, correu tudo bem, a questão que surgiu é que a filha divorciada, por razões legais não resolvidas ou mal resolvidas não pode  ter conta bancária, consegue assinar, mas como o cheque emitido pelo Segurança Social relativo ao subsidio de desemprego, tem que ser depositado e não pode ser levantado, a não ser que a própria se desloque de maca e no estado em que se encontra a uma dependência da CAIXA GERAL DE DEPÓSITOS, não querem dar o dinheiro à mãe que leva o cheque devidamente assinado pela filha e assinado por ela. Com esta atitude estão a privar uma pessoa de ter acesso a parcos rendimentos para nós mas para ela muito importante porque necessita de fazer face às necessidades diárias, nomeadamente o de pagar a renda da casa, onde ela habita com os pais e onde provavelmente irá terminar o resto dos dias da sua vida.

O gerente da dependência da Caixa Geral de Depósitos, ou outro funcionário qualquer não se pode deslocar junto da senhora, para que a situação seja resolvida rapidamente. Querem opinar sobre esta situação? o que acham de tudo isto?., situações como estas são o pão nosso de cada dia. Volto à questão quando não somos capazes de solucionar os nossos problemas, alguns tão fáceis de resolver como o que vos descrevo, como é que nos pomos a opinar sobre a resolução das situações internas que emergem noutros Países?

 

 

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