Edição online quinzenal
 
Quinta-feira 28 de Março de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

UMA HISTORIA DE NATAL

23-12-2016 - José Janeiro

Era uma vez, pois as histórias começam todas assim, um país longínquo governado por gente sem escrúpulos. Esse país tinha gente que acreditava no Pai Natal e muitos votavam no maior Partido conhecido, o D.A., de significado pomposo Deixa Andar.

Nesse país, era costume juntarem-se pelo Natal 3 figurinhas que construíam a maior árvore de Natal do mundo, eram eles o Cócó, o Ranheta e o Facadas, como era Natal juntavam-se todos, mesmo sendo de classes sociais muito distintas. Ficavam assim todos juntos a tentar perceber que raio estavam ali a fazer e que coisa era essa do Natal, mas tradição é tradição e pronto.

Muitos diziam que tinha sido nesse dia que nasceu um tipo que acabou pregado num sinal mais, por ter dito coisas aos Cocós e Facadas da época e que fazia parte dos Ranhetas, coisas que se dizem e que foram ficando ao longo do tempo. A realidade é que todos ficavam nesse período com um ar aparvalhado e todos se divertiam a fazer o bem, como se só existisse esse dia no ano, todos queriam ir para o reino dos céus e isso conseguia-se se fossemos bonzinhos naquele dia em particular e podias ser um grandessíssimo filho da puta nos outros, porque tudo se perdoava.

Era este o espirito Natalício que existia á volta de uma árvore e na expectativa de terem uns presentes pelo Pai Natal da Coca-Cola porque assim todos ficavam contentes.

Os 3 da vida airada estavam então mais uma ano a montar a árvore, entenda-se criar e não montar, porque nos buracos da árvore podia estar por lá, sei lá, um ninho de vespas asiáticas e ficavam com o material todo inchado. Não é que as ladies dos Cócós e dos Facadas se importassem com o inchaço, já que as dos Ranhetas estavam habituadas a tê-lo grosso, mas aquilo doía para caramba e perdia a sua função para que foi criado por um deus Engenheiro e não Arquitecto porque lá foi pondo o esgoto junto ao local de prazer, enfim, erros de construção.

Fiquemos atentos ao que por ali se passava.

Um dos Cócós, pega numa bola admirando-a e vendo refletida a imagem dos Natais passados no espelhado, ia colocando o objecto num dos ramos, ora noutro enquanto se lembrava de como tinha conseguido tão brilhante artefacto comprado numa loja do Chinês ali perto, por ser mais barato, porque a vida custa e todos e as comissões das compras do Plasma e Desfibrilhadores não dá para tudo. Pensavam eles: quem me dera ter bolas entre as pernas para contar como fiquei Cócó. Outros Cócós iam salpicando pela árvore umas fitas coloridas, lembrando-se das dificuldades que passaram e que se não fossem os Ranhetas a pagar as contas estariam sem guito para as fitas que foram fazendo ao longo do período negro que os seus bancos passaram porque temos que ter um sistema financeiro infalível.

Entretanto os Facadas, num acto do mais puro deleite iam pondo estrelinhas pela arvore, porque até iam aceitar um salario monstruoso para os Ranhetas, se lhes dessem umas contrapartidas na TSU, isto porque é Natal e agora que os Ranhetas como o Cavalo do cigano que morreu por falta de comida e dizia o dito, desconsolado enquanto o levava para o monte para ser comido pelos lobos: “agora que o sacana se habituou a não comer é que morreu que triste sina a minha”, tínhamos então que ser uns para os outros. As estrelinhas eram assim um prenúncio de esperança para o advir glorificador que com aquele aumento já podiam, os Ranhetas, beber mais umas minis e umas bicas, ou para os leitores do Norte um Cimbalino, coisa que até aqui nada feito, tudo isto porque é Natal e no Natal temos que ser todos bonzinhos. Mas na ansia de justificarem as estrelinhas que também tinham outra função, a de ver estrelas pelas pancadas que os Ranhetas levavam pelos cornos abaixo, os Facadas achavam que a coisa tinha que ser assim pela falta de Produtividade dos Ranhetas, esquecendo-se de justificar a falta de Produtividade dos Cócós e dos Facadas que disso não se fala por ser pecado segundo a Bíblia deles, está lá escrito, costumam dizer.

Os Ranhetas que apesar do ranho estar a escorrer pelo nariz porque ranheta é ranheta ia acendendo umas velas feitas do cerume que foram tirando dos ouvidos ao longo do ano e que juntavam todos os anos para esta ocasião especial, todos lá de casa tinham colaborado. Esperavam eles que as velas queimassem aquela hipocrisia toda, já que não tinham tomates para agir só para esperar.

E lá iam todos cantando hossanas lembrando-se de um judeu que virou cristão por obra e graça do espirito santo, o tal Anjo malandro que se foi aconchegando com a Maria e 600 anos mais tarde com um tal Maomé no frio noturno do deserto, esse mesmo. Todos em uníssono levantaram nas mãos um anjo de plástico com um buraco no cu para caber no ramo mais alto da árvore e colocaram o dito que de braços abertos e coroa de abanico, ali ficou a zelar por todos. Naquele momento os 3 olharam abraçados, não muito juntos porque os Ranhetas estavam sujos e malcheirosos e estragavam os Armani, que depois tinham que dar aos pobrezinhos como a plastificada Lili, deu aos ciganitos, dizia eu que abraçados contemplavam a obra e desejaram as maiores virtualidades do mundo a todos: aos Cócós que continuassem a ser corruptos, aos Facadas que houvesse muitos lucros e Produtividades e aos Ranhetas que pelo menos tivessem um lenço para limpar o muco que escorria do nariz.

E pronto todos viveram felizes para sempre. FIM.

José Janeiro

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome