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O Toni dos refugiados

09-12-2016 - Francisco Pereira

Não gosto da personagem Guterres. Nunca fui com a cara do cavalheiro. Não me perguntem porquê, aquele ar de apóstolo arrependido, aquela maneira untuosa de se expressar, como se estivesse sempre a pedir desculpa por existir e depois a fuga deixando-nos nas mãos daquela criatura miserável que lhe seguiu.

Recentemente elevado aos píncaros, após a confirmação que será o novo imperador títere da ONU, essa excelente organização de passatempo colectivo da diplomacia mundial, sem prejuízo de algumas das suas acções até serem meritórias. Eleito que está, vi-o recentemente a falar das migrações e dos refugiados, assunto que presumo deva saber bastante.

Começou bem, com uma bojarda, “…Vivemos num século de pessoas em movimento...” no entanto, logo de seguida, como pessoa inteligente que é remediou a gafe que tinha dito, ciente que lhe seria apontada e continuou, “ …mas o facto e que as migrações existem desde o início da história.”

As migrações sempre fizeram parte da história do Homem, as consequências dessas migrações, geraram sempre conflitos, morte e destruição, moldando realidades sociais, pensamentos e politicas. Dois séculos antes da queda de Roma, os povos bárbaros migravam com frequência para os territórios do império, pediam refúgio e asilo, foram crescendo em número até que ao momento chegou e Roma caiu.

O senhor Guterres, lá continuou a arenga, referiu-se às baixas taxas de fertilidade dos europeus, com toda a razão, pessoalmente e há muito que acredito que a nossa morte será a demografia, a dado momento lá veio outra bojarda, “Sem emigração as sociedades europeias não serão sustentáveis a longo prazo…”

As sociedades europeias não serão sustentáveis porque a Europa falhou redondamente como projecto de objectivos comuns para criar uma Europa estável, os interesses individuais de cada Estado, em especial dos mais poderosos estraçalharam a Europa. Vejam o que aconteceu a Portugal nos últimos cinco anos, mandaram emigrar quase toda uma geração de gente jovem, que vai ter filhos, lá fora, gente que dificilmente voltará a Portugal.

A emigração, acredito, terá alguma importância na sustentabilidade a médio prazo, mas muito depende de quem são esses emigrantes, que tipo de emigração, alguém saberá o que acontecerá quando as populações emigrantes forem a maioria? Lembram-se de Bizâncio, não, então vejam o que se passou no Líbano, quando a dado momento os refugiados palestinos passaram a ser a maioria em certas zonas do país que chegou a ser conhecido como a Suiça do Médio Oriente, e onde há séculos conviviam Xiitas, Sunitas e Cristãos, recordem o que aconteceu, lá está a resposta sobre o que as migrações vão provocar com o tempo, o Homem é um ser destrutivo por natureza.

Continuou o seu discurso revelando que, “…A migração é parte da solução…”, na sua visão as migrações serão a solução para o estado cada vez mais calamitoso da Europa e do Mundo, pessoalmente duvido, as migrações nem são solução nem são um problema, fazem parte da dinâmica de um Mundo em mudança, que antevejo complicada, sinceramente não acredito nas migrações, não estou contra os migrantes, nem a favor verdade seja dita, antes vejo esse facto como um processo natural que existe desde que as sociedades humanas se tornaram sedentárias, sem possibilidade de termos certezas sobre o que vai ou não suceder.

Olhem os pergaminhos da História e vejam quantas civilizações, impérios e povos já se extinguiram e ou foram absorvidas por outras culturas, Roma impôs a romanização e desapareceu enquanto império, a China tem cinco mil anos de adaptação de migrações e de invasões, hoje é produto dessas modificações, o desaparecimento da Europa como hoje a conhecemos não será necessariamente um acontecimento perverso, Guterres tem de seguida uma afirmação com a qual concordo em absoluto acerca do fenómeno das migrações, “…seria bom reconhecer que existe e que veio para ficar.”

O senhor Guterres falou ainda do falhanço das políticas de desenvolvimento sustentável na origem, que façam com que as migrações se façam por vontade e não por necessidade, ou seja promover projectos que elevem o nível económico e a estabilidade de países miseráveis de onde saem estes migrantes e refugiados para que os mesmos não necessitem de sair de lá, uma constatação utópica e irrealizável.

Por último o senhor Guterres falou da necessidade de por em prática “…politicas de acolhimento e de integração.” Quanto às primeiras completamente de acordo, no entanto no caso de Portugal preferia que primeiro dessem condições a quem já cá habita, antes de podermos cuidar dos outros temos de cuidar de nós, ou como é que podemos cuidar de outros se não cuidamos de nós. Quanto à integração, quem chega aqui tem de querer integrar-se, porque senão quiserem, não existem politicas que lhes valham, temos disso alguns exemplos tristes, que não vale a pena mencionar por serem por demais conhecidos.

Em suma, o senhor Guterres, falou sobre algo que ninguém pode estar certo, falou com uma certeza que ninguém pode afiançar, falou e nada disse, eu próprio tenho dúvidas sobre algumas das coisas que aqui escrevi, sendo certo que o futuro não se augura promissor, que a inevitabilidade da pressão migratória trará o bem mas também trará o mal, que ninguém intelectualmente honesto poderá dizer o que espera a Europa nos próximos cem anos, disso não tenho dúvida.

Francisco Pereira

Entrevista do senhor Guterres pode ser vista no link abaixo:

http://sicnoticias.sapo.pt/especiais/guterres-na-onu/2016-11-22-Guterres-denuncia-a-cada-vez-maior-desprotecao-internacional-dos-refugiados

 

 

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