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Ligações perigosas

09-12-2016 - Mariana Mortágua

A Áustria esteve à beira de eleger um presidente neonazi. A Hungria é governada por protofascistas e Marine Le Pen é favorita às eleições presidenciais em França. Na Grécia, a subjugação do Syriza deixou espaço para o crescimento dos neonazis da Aurora Dourada, e também na Dinamarca, Holanda e Polónia crescem os partidos nacionalistas xenófobos. Isto sem contar com a eleição de Trump ou com o assalto de Temer à presidência do Brasil.

O Mundo não anda nada bem e devemos perguntar-nos porquê.

Olhemos para as últimas décadas. A partir dos anos 70/80 o crescimento económico começou a desapontar, o desemprego e as desigualdades aumentaram. A "social-democracia" do pós-guerra foi substituída por uma versão "social-liberal", cheia das chamadas "reformas estruturais": liberalização da finança, desregulamentação da economia, "flexibilização" do "mercado de trabalho". O resultado foi a instabilidade financeira, a precarização das relações laborais e o descontrolo sobre a economia produtiva.

Os estados ficaram reféns dos mercados, e por isso a única política económica que conhecem é a austeridade. As economias nacionais submeteram-se à chantagem da economia globalizada e a democracia transformou-se num jogo de cartas marcadas.

A União Monetária nunca se constituiu como alternativa a este modelo falhado. Foi, em vez disso, um impulsionador de políticas neoliberais que castigaram todos, em particular os que partiam em desvantagem. Quando chamadas a responder pelos erros, as instituições europeias responderam com autoritarismo e mais chantagem.

O descontentamento popular é mais do que legítimo. E é por isso que é errado afirmar, como fez Ferro Rodrigues há dias, a necessidade de combater o "protecionismo, o isolacionismo e a xenofobia". A confusão tem sido constante e é perigosa, já que os termos não estão relacionados.

Isolacionismo é uma prática política limitadora de liberdades, em geral própria de regimes ditatoriais. Xenofobia é um fenómeno social de ódio ao estrangeiro e de ataque à sua liberdade. Ambos são abomináveis.

Protecionismo é uma política económica que pode ser adequada à garantia do Estado social, de condições de trabalho e da soberania democrática.

Quem confunde os termos do debate e cola à extrema-direita todas as críticas e alternativas ao atual sistema económico, acaba a prestar um serviço ao racismo e ao isolacionismo. Essa amálgama deixa à extrema-direita xenófoba o monopólio da resposta ao legítimo descontentamento popular, que passará a procurar reconhecimento e representação na política do ódio. É fora do pensamento único de Merkel e do centrão europeu que estão os novos caminhos para responder à crise. Só eles podem derrotar a ameaça do extremismo racista e xenófobo.

DEPUTADA DO BE

Fonte: JN.pt

 

 

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