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E no fim ganhou o palhaço

11-11-2016 - Francisco Pereira

Os Estados Unidos da América, há muito que nos habituaram ao espectáculo, ao brilho das lantejoulas, o circo mediático das suas vedetas, a hipocrisia religiosa e o sonho americano, tudo isso faz parte de uma dinâmica que a nós europeus parece estranha, mas que pontualmente vamos copiando e consumindo, Portugal e os portugueses em particular temos pouca moral para criticar, não esquecer que elegemos um gasolinas algarvio quatro vezes e um engenheiro de quinta categoria outras duas, entre outros produtos de duvidosa e questionável qualidade.

A posição dos EUA, como polícia do mundo têm vindo a decrescer de importância, sendo ainda o detentor desse papel, a sua crescente fraqueza económica e os factores internos nunca resolvidos, como a questão racial e religiosa, têm tido um papel desagregador importante, que os governos federais têm feito por controlar e atalhar, no entanto o resultado destas eleições provam que essas iniciativas falharam.

O nosso mundo está numa senda de mudança, o Ocidente está enfraquecido, envelhecido, no olhar dos mais pessimistas está moribundo. A Europa está velha, falida e falha de soluções, minada por problemas sociais, bolsas de emigração não europeia, a Europa será engolida pela demografia, quem arrisca dizer como será daqui a uma centena de anos, quem arrisca o que sucederá quando as populações que hoje são minorias forem as maiorias, sim porque isso da integração e do multiculturalismo são patranhas pegadas, só existem, com muitos problemas, enquanto houver uma facção dominante que garanta as liberdades democráticas, quando essa premissa deixar de existir, temo que será o caos, com as facções a digladiarem-se para assumir a liderança.

A economia hoje está a Oriente, onde os leviatãs asiáticos, China e Índia, paulatinamente sobem os degraus do poleiro, ambos têm aspirações mundiais, ambos possuem filosofias em que a paciência concorre para um determinado fim, falamos também de demografia pois esses países representam um pouco mais de dois biliões de pessoas, uma terrível força de trabalho e um poderoso grupo de pressão económica.

Entre estes dois novos actores da cena mundial, a quem apenas falta, por enquanto a capacidade de projecção de forças militares, que só os EUA detêm, estão estes “novos” Estados Unidos saídos das eleições de ontem dia 8 de Novembro, onde a representante democrata, foi derrotada pela incógnita errática republicana personificada por um conhecido magnata.

O receio, ainda não confirmado, é de que este novo habitante da sede da democracia americana, dada a sua fraquíssima prestação caía vitima dos grupos de pressão republicanos, dos racistas, dos religiosos radicais, dos alucinados do armamento, a vitória dos republicanos é a vitória da América do século XIX, uma América branca, racista, misógina, hipócrita e analfabeta, culturalmente medíocre, que foi muito importante durante todo o século XIX e grande parte do século XX, para a construção e afirmação desses EUA, uma geração que massacrou os povos indígenas, que libertou os escravos mas que os segregou, que por duas vezes veio ajudar a Europa a libertar-se das garras dos fascismos genocídas, mas que não é aquilo que os EUA precisam para enfrentar o século XXI.

Esta foi a vitória dos grupos de interesse, alguns de natureza obscura e duvidosa, estou em crer que os EUA, estarão daqui para a frente mais divididos que nunca, ainda que isso não seja visível, dado o sentido patriótico dominante, também acredito que aquilo que foi dito durante a campanha, não tenha passado disso, de banha da cobra para atrair eleitores mentecaptos, porque a realidade é muito mais delicada e não permeável a incendiários que possam fazer perigar os “status quo” dos actores ocultos, está muito dinheiro em jogo e esse é o factor decisivo.

“A cada minuto que passa, nasce um imbecil” disse alguém, a frase é atribuída ao cidadão americano, empresário circense P. T. Barnum, apesar dessa autoria não ser consensual, mas explana muito bem o que é esse quase desconhecido «americanus mundi», esse quase mundo dentro do mundo! Veremos, neste próximo ano que vai ser crucial para perceber o que será este novo mundo e que EUA restará, sendo que não acredito que o velho fantasma da secessão possa reaparecer, apesar da clara divisão entre jovens e mais velhos, entre residentes urbanos e rurais, veremos pois!

Francisco Pereira

 

 

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