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Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

II - O OCASO DA DEMOCRACIA E A ASCENSÃO DOS PORCOS

28-10-2016 - Pedro Pereira

«Todos os animais são iguais, mas alguns são mais iguais do que outros».

In Triunfo dos Porcos, de George Orwel

A Manipulação da Informação

Na entrada dos anos 90 do século XX, os meios de informação começaram progressivamente a ser manipulados, tendo como objectivo o controlo da formação de opinião do grande público.

Actualmente possuem pela experiência, que o método mais simples para manter o povo ignorante relativamente aos princípios básicos dos sistemas, é levá-lo à confusão, à desorganização, distraindo-o dos temas de real importância para a sua vida.

Assim, os telejornais dos vários canais televisivos, principais veículos de informação encontram-se cada vez mais, esvaziados de conteúdos sérios e honestos.

Um jornal televisivo contém no máximo três a dez minutos de informação verdadeira. O resto é constituído por reportagens ligeiras, notícias anedóticas, micro historietas e reality shows sobre a vida quotidiana, intercalando-se notícias importantes com reportagens desportivas e outras «distracções» de forma a baralhar a mente do telespectador.

As análises dos jornalistas especializados, assim como as reportagens de informação aprofundada, são quase totalmente eliminadas ou truncadas pelos «comissários políticos» ao serviço do poder empresarial que detém os canais televisivos. No caso das têvês estatais, o panorama é semelhante. Tome-se o exemplo português.

A informação mais ou menos credível reduz-se de ora avante à imprensa escrita (e ainda assim selecionada) na internet, salvo raras excepções, lida por uma minoria de pessoas, que a maioria, quando muito, fica-se pela leitura apressada dos títulos, mesmo os desportivos, que são os que tem maior tiragem.

Neste aspecto, é de levar em consideração as formas de mensagens subliminares, sobretudo actuantes em tempos de campanhas eleitorais. No caso português, desconhecemos que exista regulamentação sobre esta matéria.

A manipulação da informação é o sinal mais evidente da mudança de esfera de poder político para a esfera de poder acima referido.

Estratégias e Objectivos para o Controlo do Mundo

Os responsáveis do poder económico são quase todos do mesmo meio social. Conhecem-se, reproduzem-se entre eles através de casamentos e outras alianças, reencontram-se, são portadores da mesma visão e dos mesmos interesses.

Possuem, naturalmente, os mesmos objectivos quanto a um mundo ideal futuro.

Entre eles acordam, evidentemente, sobre as estratégias e sincronização dos seus objectivos e acções comuns pressupondo situações económicas favoráveis fundamentais, a saber: Enfraquecimento dos Estados e do poder político; desregulamentação e privatização dos serviços públicos; descomprometimento total dos Estados na economia; alienação progressiva a privados dos sectores da educação, da pesquisa científica e dos planos de reforma dos cidadãos, bem assim como, a colocação das polícias e das forças armadas ao serviço de empresas privadas.

Nesta conjuntura, os Estados ficam à mercê dos meios de corrupção, dos trabalhos públicos inúteis, da doação de subvenções a empresas sem contrapartidas, ou das despesas militares sem controlo. Desde então, uma montanha de dívidas vai-se acumulando, os governos são forçados às privatizações e ao desmantelamento dos serviços públicos.

Quanto mais um governo é controlado pelos «donos do mundo», mais aumenta a dívida externa do seu país.

A precarização dos empregos e a manutenção de um nível de desemprego elevado são sustentadas graças às deslocalizações e à mundialização do mercado de trabalho, à implementação da Flexisegurança, ao trabalho temporário, ao aumento dos horários de trabalho e à redução dos direitos dos trabalhadores.

Estes factores aumentam a pressão económica sobre os assalariados, que a partir de então se encontram prontos a aceitar qualquer remuneração ou condições de trabalho, bem assim como a redução das ajudas sociais.

Como as ajudas sociais condignas impedem o desemprego, importa então, fazer pressão eficazmente sobre o mercado de trabalho. Impedir a escalada das reivindicações salariais que até há pouco eram limitadas ao Terceiro Mundo, graças à manutenção de regimes totalitários ou corruptos, que de resto, continuam «vivos e de boa saúde».

Actualmente vem-se assistindo a cenários idênticos nas chamadas «democracias ocidentais» incluindo Portugal.

Os Atributos do Poder em Curso

As organizações multinacionais privadas têm-se dotado progressivamente de todos os atributos concernentes aos dos Estados como seja: domínio das comunicações satélite, serviços de informação sofisticados, cruzamento de dados sobre a vida dos cidadãos com a elaboração de ficheiros sobre os indivíduos e controlo das instituições judiciais (caso recente em Portugal) entre outros.

A etapa seguinte – e última – para essas organizações, será obter a parte de poder militar e policial que entendem corresponder-lhes enquanto novas potências.

Em criando as suas próprias forças armadas, as polícias nacionais e as forças armadas não se encontrarão mais, adaptadas à defesa dos seus interesses no mundo. Temos como exemplo, as forças paramilitares actuando na guerra do Iraque e na guerra do Afeganistão, que representam uma considerável fatia percentual interventiva.

A breve prazo, os exércitos tornar-se-ão empresas privadas, prestadores de serviços que trabalharão sob contrato com os Estados, independentemente de servirem um cliente privado capaz de pagar os seus serviços. Numa etapa final do plano, estes exércitos privados servirão os interesses das grandes multinacionais e atacarão os Estados que não se vergarem às regras da nova ordem económica. Em antecipação, este papel vem sendo assumido pelo exército dos Estados Unidos, o país melhor controlado pelas multinacionais.  
A Verdadeira Realidade Fiduciária

O dinheiro é nos dias de hoje, essencialmente virtual. Tem por base uma sequência de zeros e uns nos computadores dos bancos. A maior parte das transacções do comércio mundial efectuam-se sem papel-moeda e apenas 10% das transacções financeiras diárias correspondem a trocas económicas no «mundo real», ou seja, em «dinheiro vivo».

Os mercados financeiros em si próprios constituem um sistema de criação de dinheiro virtual, de lucro não baseado na criação de riquezas reais. Graças ao jogo dos mercados financeiros (que permite transformar em benefícios as oscilações dos custos), os investidores mais acautelados podem tornar-se mais ricos, através de uma simples circulação de electrões em computadores.

Esta geração de dinheiro sem criação de riquezas económicas correspondente à definição clara da criação artificial de moeda.

Por outro lado, o dinheiro permite comprar o tempo dos outros, o tempo necessário para produzir os produtos ou os serviços que se consomem diariamente até ao ponto de um não retorno ecológico.

É evidente que começamos a defrontar-nos com os limites ecológicos da actividade económica. Um sistema económico liberal, cujo objectivo é o investimento no lucro a curto prazo para interesses específicos, não pode ter em conta os custos a longo prazo como a degradação do ambiente.

Os modelos económicos actuais são igualmente inaptos para aferir do justo valor da produção da natureza indispensável à nossa sobrevivência, como seja, a produção de oxigénio, a fixação do gás carbónico, a qualidade das florestas e dos oceanos, a regulação da temperatura, a protecção contra as radiações solares, a reciclagem química, a gestão e aproveitamento das águas pluviais, a produção de água potável, a produção de alimentos, etc. .

Se os actuais modelos económicos integrassem o custo real da destruição da natureza, da poluição, das modificações climáticas, tais quantificações alterariam radicalmente a nossa estimativa quanto ao que é rentável e quanto ao que não é, influindo decisivamente as sociedades actuais. Concluímos, assim, que o desaparecimento da natureza é inevitável, porque é ambicionado pelo novo poder económico. Porquê? Por três razões fundamentais:

- O desaparecimento da natureza e o aumento da poluição vai tornar os indivíduos ainda mais dependentes do novo sistema económico para a sua sobrevivência, permitindo, assim, gerar novos lucros, nomeadamente através de um consumo acrescido de medicamentos e de prestações de cuidados de saúde.

- Por outro lado, a natureza constitui uma referência de outra ordem: a do universo. A contemplação da beleza e a perfeição desta ordem é subversiva: conduz o indivíduo a rejeitar a fealdade dos ambientes urbanizados e a duvidar da ordem social que deve residir nessa referência. A urbanização do ambiente permite colocar as populações num espaço totalmente controlado, supervisionado, onde o indivíduo é totalmente imerso na projecção de uma nova ordem social.

- Por último, a contemplação da natureza incita ao sonho e intensifica a vida interna dos indivíduos, desenvolvendo a sua sensibilidade, e por conseguinte, o seu livre arbítrio, começando estes a imaginar outra sociedade possível, fundada sobre outros valores que não a sociedade de consumo em que se encontram mergulhados. Assim, tudo o que possa conduzir os indivíduos a pensar e a viver por eles mesmos, é potencialmente subversivo.

Cessando de serem fascinados pela realidade em que vivem, desviando-se dos programas emitidos pelos canais televisivos afectos aos grandes grupos económicos destinados o formatar e a controlar o seu espírito, as suas mentes, potencializa-se um perigo para a ordem social estabelecida implantada pela nova ordem mundial.

Por isso, a fim de proteger a «nova ordem social», qualquer movimento que seja passível de estimular as pessoas para a espiritualidade, para o debate, para a reflexão, desde que não controlada pelos «donos do mundo», deve de ser eliminada.

Para serem definitivamente excluídos dos jogos do poder económico, sindicatos, associações de consumidores, movimentos ecologistas e por aí fora, devem de ser afastados das tomadas de decisão que importam às populações minimizando a sua importância por todos os meios possíveis, de forma a propiciar-lhes pouco tempo para reagirem, porque todos os meios de controlo necessários para uma futura ditadura mundial já se encontram instalados.

Pedro Pereira

(continua no próximo número)

 

 

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