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Um dia a casa vem abaixo

21-10-2016 - Francisco Pereira

Portugal situa-se numa zona de importante actividade sísmica. Depois da catástrofe de 1755, a reconstrução em Lisboa, viu grandes melhorias e alterações, que sabemos hoje, à luz dos conhecimentos técnicos da altura, foram excelentes, o impulsionador de algumas dessas inovações foi o político mais intelectualmente capaz destes últimos trezentos anos e ainda não igualado, Sebastião José de Carvalho e Melo o insigne Marquês de Pombal.

Infelizmente, hoje pouco resta desse inovador sistema conhecido por “gaiola pombalina”. No que concerne à prevenção, também pouco existe, apesar dos muitos trabalhos académicos, cartas sismológicas e legislação, note-se que em termos legislativo somos possuidores da legislação do mais avançado que existe sobre o tema, no entanto nada disso parece ter passado para o concreto.

A realidade é porém mais atroz, atrevo-me até a dizer que é criminosa. Não quero ser ave agoirenta, mas a discussão, não é a de saber se haverá um grande sismo em Portugal, a questão é de saber quando.

A sismologia, ainda não tem o grau de predição que tem por exemplo a meteorologia, um grande sismo de efeitos devastadores, num parque habitacional de qualidade miserável, será uma realidade futura, amanhã ou daqui a mil anos, o certo é que prevenir deveria ser a nossa mais importante tarefa, infelizmente, quando construtores civis criticam engenheiros porque estão a colocar muito ferro na obra, estamos conversados, não esqueçamos que durante décadas foi um «fartar vilanagem» na ganância construtora, com os resultados que se conhecem, construiu-se demasiado e mal, vergonhosamente mal, culpa de um Estado central débil e de autarcas mentecaptos.

Este tema surgiu-me ao ver um destes dias, uma reportagem sobre um simulacro numa escola, conheci uma escola onde se ensaiava o simulacro para sair tudo bem durante o dito, o estado de ridicularia disto chega a este ponto. Nestes simulacros, bem-intencionados, ensinam as crianças a ir para debaixo das carteiras e todos aqueles procedimentos que existem nos países em que as escolas são construídas com tecnologias de construção anti-sísmica, ora pelo burgo lusitano, e a julgar por alguns exemplos, as escolas nem resistem às chuvas quanto mais a um sismo, daí que aqueles ensinamentos sejam completamente contraproducentes, serviram apenas para que mais facilmente se encontrem os cadáveres das crianças e dos professores depois da nefasta ocorrência.

Estes simulacros fazem parte do jogo do faz de conta nacional, destinado essencialmente a descansar as almas atormentadas e pouco mais, aliás seria bom, que as associações de pais, sempre tão preocupadas com minudências e lana-caprina, tentassem perceber se as escolas dos seus filhos tem construção anti-sísmica, será com certeza uma grande surpresa.

Os hospitais, são seguramente estruturas que deveriam obrigatoriamente ser construídos de forma a resistirem o melhor possível a sismos de grande intensidade, mais uma vez, não acredito, essa não certeza fará com certeza crescer a mortandade, no entanto pasmem-se a Assembleia da República tem construção anti-sísmica, típico do pensamento terceiro-mundista que vigora neste país.

Comece a prevenção em casa, tenha um kit, que lhe permita ter a mão em caso de necessidade, água, roupas, lanterna, comida enlatada para alguns dias, pode até incluir uma pequena tenda, cobertores, fogão de campanha tipo campigaz, velas, fósforos. Vale mais prevenir que remediar!

Uma última nota, verifiquem o pequeno número de vítimas em sismos ocorridos no Japão, país que usa tecnologias de ponta de construção anti-sísmica, por oposição ao elevado número de vítimas em países de construção miserável, como é o nosso caso.

Francisco Pereira

Para saber mais, pode consultar os links abaixo:

http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/divulgacao/gaiol_const_sism.html

http://www-ext.lnec.pt/LNEC/DE/NESDE/divulgacao/tectonica.html

 

 

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