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País icebergue

14-10-2016 - Francisco Pereira

Portugal é um país icebergue. Existem mais, claro está, não somos o único, mas somos dos mais diligentes. Para todos o que expressam a perplexidade natural e a quem fraqueja o dom divinatório e se perguntam – que raio será um país icebergue, este tipo tá cada vez pior – não temam dilectos e avisados leitores, passarei à explicação, prestes.

Um icebergue, como é sabido, é um grande bloco de gelo, que voga pelos mares, derretendo suavemente ao sabor das correntes, por muito grande que seja, a parte visível é apenas 1/3 do tamanho, a parte maior está submersa e não se vê, mas está lá e pode causar muitos problemas, recordem-se do Titanic.

Então, Portugal é um país icebergue, porquê? Porque à superfície tudo é brilho, as festarolas, as romarias, a emigrantada de uns e de outros, os indígenas e os seus costumes coloridos, as vitórias desportivas, os cientistas de topo, as startups tecnológicas, os políticos «facebuque», as comezainas e os empanzinanços gastrocoisos, os futebóis, os caracóis e as jolas e as mines, muita cor muito zumba na caneca, muito bué e swag e cenas, sobretudo muita palhaçada e muita, mesmo muita, barulheira à mistura, sim porque no icebergue “tuga” barulheira é sinónimo de alegria, esta é face visível e brilhante do icebergue.

Por baixo infelizmente está a merda. A podridão mafiosa dos politiqueiros, a corrupção endémica e transversal de uma sociedade podre e corrupta, a completa impunidade em que vivemos que a par de uma Justiça medíocre nos vão lentamente transformando num antro de sevandijas torcionários e assassinos, uma Educação ineficaz, a indigência intelectual de uma sociedade que não valoriza o saber, a cultura, a educação e o civismo, uma sociedade torpe cada vez mais à deriva.

Milhares de idiotas entre os 15 e os 30 anos, não estudam nem trabalham, andam por aí a vegetar de telemóvel na mão a fazer asneiras, muitos nem ler conseguem, autênticos grunhos, quem os vê porém não desconfia, penteados à moda, cheios de gadjets tecnológicos, maquilhagens, vestimentas ridículas e patetas, mas por baixo dessa aparente sofisticação são uns tristes medíocres, uns miseráveis que nem para limpar sanitas servem.

Nessa parte não visível estão as misérias sociais de um país medíocre, que não assume essa mediocridade para tentar melhorar, a miséria da violência doméstica, o abuso de menores, os maus-tratos aos velhos, a guerra civil das estradas, com cada vez mais cretinos, mais bêbados e mais mortos.

As minorias de racistas arrogantes, estúpidas e malvadas, que acham que são diferentes, que têm uma cultura própria, criaram um estado dentro do Estado, um estado de miséria e terror, onde aterrorizam as pessoas, sendo que de cada vez que levam nos cornos se põem a berrar, ora convêm explicar a essa gentalha medíocre que, não se pode querer comer pedras e depois gritar “Aqui d’el rei” que se partem os dentes.

Por baixo, bem lá no fundo, cheio de limos e matérias pútridas, estão os rancores e as misérias sociais, a fome, a falta de tudo dos que vivem cada vez mais à míngua, esquecidos em casas miseráveis, encerradas em bairros igualmente miseráveis, em cidades tristes, mal pensadas, mal construídas e mal geridas, por cretinos enfatuados, mestres do faz de conta e do “joelhismo”, técnica nacional que pressupõe que se faça hoje aquilo que era preciso fazer ontem, o que obviamente gera sempre erros, omissões e dá uma péssima imagem, não que isso importe para essa caterva de néscios.

E assim voga por oceanos de cretinice, o icebergue Portugal, que vai minguando, lenta e inexoravelmente, caminhamos para uma inevitável dissolução, oprimidos e espartilhados pelas imposições miseráveis dos pedintes sem abrigo que vivem de mão estendida rendidos à vontade dos senhores, somos um país de escravos, seremos sempre um país de escravos, um icebergue luminoso que derrete ao Sol, até um dia que liberto dos indígenas que se deixaram extinguir como numa qualquer Páscoa isolada entre mares revoltos, os nossos donos tomarem conta disto, libertando então esta terra das misérias actuais, criando outras talvez!

Francisco Pereira

 

 

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