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O Futuro são as Crianças!

30-09-2016 - Francisco Pereira

O petiz aproximou-se sorrateiramente do pai, que distraído, enviesava umas piscadelas de olho ao jornal, por desfastio, já que recentemente as notícias eram sempre a mesma treta, crime, e mentiras.

- Pai qual é a diferença entre um Proxeneta e um Chulo?

- Disparou o pequeno à queima-roupa, deixando o outro atarantado e sem palavras, ficou embasbacado a olhar para o puto, que sorria com ar de diabrete, feliz da vida por apanhar o pai de calças na mão, salvo seja.

- Hã…hãn. – Pigarreou. – Ora bem, vamos lá ver, então, é pá isso são sinónimos, são palavras que significam o mesmo, percebes filho!

- Pai, dahhhh, isso eu sei, tenho 8 anos, sei muito bem o que são sinónimos, eu queria era saber o que é que fazem, como é, topas?

- Bem filho, ora basicamente são senhores que vivem à conta das senhoras, elas trabalham e eles usam o dinheiro delas, cobram uma taxa para as proteger, outra para as alimentar, outra ainda para as vestir, outra taxa para o calçado e alojamento, enfim elas tem de trabalhar.

- Pois pai é como diz o tio Zé, elas têm de dar o corpo ao manifesto!

- Pois, ora bem o teu tio… não deves ouvir tudo o que ele diz. Além disso apesar de serem sinónimos estas palavras, usam-se de modo diferente, quando estás a falar assim mais educadamente, deves sempre dizer Proxeneta, é mais correcto, Chulo é uma palavra feia, costuma dizer-se dos tipos que andam a viver à conta do nosso dinheiro mas não se diz, percebes!

- Ok, pai, já percebi!

Alguns dias depois, o pai é chamado à escola, a directora de turma queria falar com o pai porque o pequeno referira-se ao pai de outro colega, utilizando termos menos próprios. O pai estava espantado, o seu filhote apesar de ser um pestinha de primeira água não era mal educado, dizia sempre bom dia e boa tarde, cedia sempre a passagem aos mais idosos, respeitava os professores, enfim era o paradigma do miúdo do seu tempo, o que lhe teria dado, pensava o pai enquanto entrava no gabinete. Sentado numa poltrona macilenta e gasta de tanto uso, o miúdo folheava, com ar enfadado uma revista.

– Como está bom dia! – Atirara a professora

- Bom dia professora, então vamos lá a saber o que fez esse malandrete?

- A professora começou a explicar que numa aula, a professora da disciplina tinha pedido para descreverem a profissão dos pais e que um menino ao descrever o que o pai fazia, fizera rebentar de riso metade da turma, a professora perguntara o motivo da risota.

- O seu filho levantou o braço e disse que sabia palavras que queriam dizer o mesmo que a palavra que era a profissão do pai do menino, a professora perguntou quais eram e ele disse, Proxeneta e Chulo. Foi o que disse o meu pai, dissera o pequeno, a turma rompera às gargalhadas de novo a professora chocada enviara o pequeno logo ao gabinete da directora.

- Peço desculpa, senhora professora, nunca me fizera isto, posso leva-lo.

- Saíram os dois calados, o pequeno olhava para o horizonte adivinhando no cenho franzido do progenitor a bronca que aí vinha, chegados ao carro sentou-se na cadeirinha colocou o cinto e o pai arrancou. De imediato o pai olha para o retrovisor e declara.

- Com mil coriscos, o que é que te passou pela cabeça? Como é que foste capaz de dizer uma coisa daquelas? Já agora, que raio é que o homem faz, em que é que trabalha.

- Então pai tu lembras do que disseste, que o Proxeneta era para quem a senhoras trabalham e cobra taxas, o Chulo era o que vivi a conta do dinheiro dos outros, pois o Pedrinho disse, o meu pai vive do dinheiro que outros lhe dão para ele guardar, tem muitas mulheres e homens a trabalhar para ele e cobra muitas taxas, logo eu pensei que era sinónimo, choramingou!

- Mas que raio é que o homem faz, és capaz de me dizer?

- É Banqueiro!

- A luz do semáforo estava verde, a chuva caí em grossas pérolas desse Outono mas o carro não arrancara, o pai soltava as mais grandes e poderosas gargalhadas que o pequeno já ouvira, timidamente até ele começara a rir, do outro lado da rua um polícia fazia soar o apito, lá arrancaram.

- Só tu, para me fazeres rir assim, filhote!

Francisco Pereira

 

 

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