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Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

O REI VAI NU

23-09-2016 - José Janeiro

Todos nos lembramos da fábula da vestimenta do Rei que queria ser diferente e que quando todos admiravam tal roupagem real que todos viam mas que ninguém via, foi preciso um petiz para repor a verdade. Pois, também aqui no nosso recanto Real temos muitos que não querem ver o que conseguem ver, repetindo a fábula do tal país imaginário daquele Rei.

AS CONTAS E CONTINHAS

Ficámos a saber por uns futuros Prémios Nobel, a título póstumo, daqui da Tugalandia que o crescimento baseado no consumo interno seria uma miragem. Talvez tenhamos que dar a esses tipos algumas lições práticas. A diabolização do crescimento “agarrado” ao consumo interno tem sido uma constante dos PAFistas e seus apaniguados, ligando quase sempre o intestino ao cérebro em análises completamente irrealistas, assim, para esses indivíduos o crescimento deve ser baseado nas exportações. Vamos então fazer aqui um desenho simples para que todos entendamos:

Começo por dizer que em 1998 escrevi um artigo para o Expresso, em que defendia o mercado interno como o mercado de refúgio para qualquer empresa, isto por varias razões: tecido económico com mais de 90% de micro e pequenas empresas, proximidade, fácil entendimento do que aqui se passa e acima de tudo, deveria este mercado, servir para manter o Ponto Critico das empresas para que se mantivessem vivas, uma vez que o mercado externo é muito mais exposto e volátil. A exportação, seria assim para os que conseguissem tal desígnio uma mais-valia. Tudo isto, porque não temos marcas de renome mundial, nem empresas com capacidade exportadora de forma directa mas sim através de intermediários que os pressionam em preço e são necessários anos para produzir essas alterações que reconheço contudo como necessárias. Mas para que isto fosse uma realidade, teríamos que dotar as pessoas de rendimentos capazes para o conseguir e esses rendimentos teriam que ser obtidos no mercado interno, sim, leram bem no mercado interno, a não ser que achem que as empresas têm outra forma de obtenção de dinheiro que não seja pelas vendas.

O próprio iluminado Passos Coelho disse numa entrevista em 2012 ou 2013, não me recordo bem, dizia mais ou menos o seguinte: “isto correu mal porque as pessoas consumiram menos que o esperado”. Esta abécula tirou rendimentos às pessoas e queria que elas consumissem mais! Ao menos que lhes deixasse dinheiro para comprar uma boa impressora para fabricarem umas notitas. Que idiota!

Estatisticamente e pegando nos dados do INE desde 2006 (apenas para um analise próxima) o PIB cresceu SEMPRE que o Consumo interno cresceu e caiu SEMPRE que o Consumo interno decresceu, mesmo com apoio das Exportações, a tal teoria económica dos idiotas liberais de direita.

O gráfico seguinte demonstra bem isso:

Mas deixem-me explicar devagarinho aos PAFistas o gráfico porque admito que tenham alguma dificuldade ideológica-mental: verifiquem os anos mais interessantes 2008 com um consumo positivo e exportações em queda, mesmo assim PIB cresceu 0.2%, depois os anos engraçados da teoria económica do PAF e 1º ano dos planos PEC, último do Sócrates: 2011- consumo -3,7% Exportações 7% PIB - 1,8%, 2012 - consumo -5% Exportações 3,4% e PIB – 4%; 2013 - consumo -1,7% Exportações 6,4% e PIB -1,6% 2014 - consumo 1,6% Exportações 3,3% e PIB 0,9% ou seja crescimento POSITIVO e com crescimento do consumo, 2015- consumo 2,6% Exportações 5,1% e PIB 1,5% mais uma vez POSITIVO directamente proporcional ao aumento consumo. Vão então contar histórias da carochinha para o raio que os parta. Os teóricos das folhas de Excel que falharam TODAS as previsões deviam ser pendurados pelos tintins na árvore mais próxima, mas em vez disso foram promovidos.

Mas peguemos nos exemplos da Irlanda e Espanha, parceiros da desgraça e vejam os gráficos em baixo:

Mantem-se também nestes países a mesma constância: Consumo POSITIVO, PIB POSITIVO e o inverso Consumo Negativo, PIB Negativo. Se formos para outros países a realidade será parecida. E porque será que isto acontece? Apenas, porque mais de 65% do PIB É CONSUMO INTERNO das famílias! Entenderam? Ou faço um desenho?

Vão assim apanhar naquele sitio em que as galinhas põem ovos com a vossa teoria económica. Sinceramente, não tenho paciência para incompetentes de merda, que com a sua falta de bom senso e politiquice barata nos têm levado para a desgraça. Esses idiotas deviam estar presos e com os bens arrestados a favor do Estado tal a quantidade de trampa que fizeram. Sim, estou irritado e mal-educado, porque perdemos outros 4 anos com estes tipos a acreditarem que eram os bons alunos da Europa e que nos levaram á desgraça de forma insensata… e agora viraram bruxos e curandeiros no melhor estilo do Prof Bambo.

MEXERICOS

Um PAFista conhecido vai publicar um livro de mexericos, que será apresentado por outro PAFista conhecido, de seu nome Pedro Passos Coelho, talvez agradecendo o quanto o José António Saraiva o defende. Nada disto seria novidade se não fossem dados escabrosos da vida sexual dos políticos. Ninguém imagina que os políticos são assexuados, se bem que alguns até parecem ser, mas a comunicação social está a fazer um grande favor ao “sôr” arquitecto em promover desta forma tal pasquim. A notícia ainda é mais estranha quando quem vai apresentar a obra, confessou que nem sequer a leu, é o inefável, o grande líder Passos Coelho, isto diz muito sobre o caracter do individuo. Houve quem dissesse, que o fazia em troca de não ver o seu nome envolvido no livrinho, más-línguas claro está! Ah! Espera, notícia de última hora: afinal o Passos Coelho já não apresenta o livrito, ou será que apresenta? Estou confuso. Ficámos a saber que além de trafulha e mentiroso, agora é também COBARDE.

UM JUIZ COM POUCO JUIZ(O)

E as paginas dos jornais continuam a ter o juiz Carlos Alexandre, desta vez o Expresso. Sinceramente tenham muita dificuldade em entender o sentido da coisa. Na semana passada disse que o senhor Juiz parecia querer que lhe fizessem o favor de o retirarem do processo “Sócrates” – operação Marquês – por acreditar que já não o conseguia controlar. Tenho visto entretanto nas redes sociais apelos pungentes do género: “senhor Juiz não nos abandone” e com umas petições à mistura, num acto de endeusamento barato. Mas que raio, este homem tem em mãos os maiores escândalos nacionais e em quase 2 anos não consegue proferir uma decisão, ou aquelas que profere os réus são absolvidos, afinal este barulho é para quê? Lembro o caso Madoff, nos Estados Unidos, em que o tipo foi investigado sem alarido durante 1 ano e em meses foi condenado e despojado dos seus bens para pagar o buraco que criou, por cá fazem-se entrevistas para que o Conselho Superior da Magistratura lhe retire os processos e o transforme num mártir.

SAQUES, OU IMPOSTOS, OU MEDOS, SEI LÁ

Confesso que nunca imaginei que houvesse tanta gente rica em Portugal. Bastou uma ameaça de taxação de riqueza para que os tais ricos saíssem da toca e tantos que são. Se as redes sociais fossem um medidor de riqueza, o fisco teria ali matéria suficiente para taxar os fugitivos, tal a indignação dos tesos que por ali comentam e se indignam. Presumo que esses tesos terão medo que lhes saia o Euromilhões e depois não sabem como fazer para fugirem aos impostos (ironia).

TAXA SOBRE PATRIMONIO, a quantidade de gente neste país com património acima de 500 mil euros é ENORME, tal a quantidade de indignados. Esses ricos tesos, com certeza que fogem ao fisco de forma brilhante porque nunca são apanhados. Entre as bocas da memória (e não das brumas) vieram os defensores da classe media a gritar: vilanagem! Outros houve, muito preocupados com o investimento e até houve quem lhe chamasse “saque mortágua”.

Então vamos lá repor a verdade dos factos: O que referiu “saque mortágua” o independente Rui Moreira, afinal estava preocupado com o seu património avaliado em mais de 10 milhões de euros, logo juiz em causa própria, que vergonha “morcão”. Os PAFistas que gritaram contra o imposto esqueceram-se que há 2 anos no congresso do PSD o grande líder Passos Coelho dizia o seguinte (textualmente): “… os que têm activos imobiliários acima de 1 milhão de euros, tenham uma tributação agravada, é ou não é um bom principio social-democrata? (e acrescenta) eu orgulho-me disso!” UPS! Afinal a gritaria contra o BE, só faz sentido porque é o BE e querem descredibilizar a esquerda da geringonça.

Todos sabemos, que a forma de fugir ao fisco foi durante muito tempo o investimento imobiliário, porque era inscrito como investimento e assim não tributado. Todos assistimos impávidos e serenos à proliferação de offshores, deslocalizações de rendimentos para países fiscalmente mais amigos e agora ficamos ofendidos quando se pretende acertar o passo a essa gente e todos sentimos as mesmas dores, sem as ter. Não tenho mesmo paciência para aturar este tipo de gentalha.

SIGILIO BANCARIO, 50 países, incluindo Portugal, assinaram o acordo que entrará em vigor em 2017. Não vi nessa altura as virgens ofendidas fazerem tanto barulho. Pensei! porque seria assim? Verifico que a ideia foi apadrinhada/proposta pelo Wolfgang Schauble, está explicado é tudo uma questão de direitas e esquerdas. Quando em Portugal se quer combater a fraude e evasão fiscal (em que esse levantamento do sigilo já é possível se decidido por um juiz), aí cai o Carmo e a Trindade e evocam-se direitos à privacidade. Mas se for a Alemanha a propor a mesma coisa para a Europa, já nada se passa. E afinal tanta gritaria para quê, se apenas 1,2 % tem depósitos acima de 100 mil euros? Será tudo louco?

Para recordar, porque dizem que recordar é viver, lembro que: o Jornal de Negócios publicou em tempo um artigo com o título: “as 1000 famílias que mandam nisto tudo (e não pagam impostos) ” dizia-se ali que foram identificados em 2014 1000 famílias ricas com mais de 25 milhões de euros de património, ou que recebiam rendimentos de 5 milhões de euros por ano e que fugiam ao fisco. Ou seja esta gente, segundo o artigo, deveria assegurar 25% da receita fiscal e asseguram 0,5%! Ou seja 500 vezes menos. Isto realmente não indigna ninguém. Que dizem agora os ricos tesos que ficaram indignados nas redes sociais e afins?

Os ricos tesos ignorantes ainda não entenderam que TEM que existir uma justiça fiscal neste país e que é a classe media e media baixa que está a pagar o regabofe da classe alta que viram o seu património crescer nos anos de crise, porque têm acesso ao poder e a conselheiros fiscais e porque pagámos os desvarios bancários dessa gentalha. Quem não se lembra, por exemplo, do ex- presidente do Benfica Manuel Damásio, que com o património que tinha, pagava impostos sobre o salario mínimo? Quem não se lembra dos perdões fiscais e perdões de dívidas que aconteceram no tempo dos PAFistas? Isto não indigna? Claro que não, porque fugir ao fisco é um desporto nacional, esta gente não entende que pagamos impostos a mais por via dos que fogem? Estima-se que todos pagariam menos 32% de impostos se os que fogem pagassem como os restantes… está tudo dito!

Em resumo: quem não deve não teme! Eu pela minha parte não temo.

RELATORIO

Um estudo elaborado pela Fundação Francisco Manuel dos Santos, põe a nu a realidade das desigualdades que foram agravadas com a Troika. Consultem aqui: portugaldesigual.ffms.pt. E sobre isto não vi nem li qualquer indignação! Enfim prioridades.

Resumindo o relatório:

Questão – Quem perdeu mais com a crise?

Se fosse uma linguagem futebolística seria: ricos 13% - pobres 25%, e ganham os pobres por larga margem, os seja “descobriu-se” aquilo que já sabíamos, que os mais desfavorecidos foram penalizados em media 25% e os mais ricos uns meros 13%, para não parecer mal, ou seja foram os mais pobres e a classe media, isto é gente com rendimentos até 6229€ que “pagaram” a crise. Esta foi a igualdade fiscal e social proclamada pelo iluminado Passos Coelho, Marilu, Paulo Portas e outros compinchas.

Questão – A crise foi pior em Portugal que na Europa?

O país estava a caminhar progressivamente para uma maior igualdade social. Eis senão quando, por interesses obscuros: “ou tens eleições no país, ou tens no partido” frase atribuída ao Big MAC (Marco António Costa) a Passos Coelho, o PSD chumba o PEC IV de Sócrates, desencadeando o processo já conhecido, não ficando de fora nem o BE, nem a CDU. Mais tarde, a própria Merkel, teria vindo a terreiro defender o PEC IV como uma boa medida. Isto fez com que a desgraça para a maioria acontecesse com as consequências conhecidas. Nos 28 países Portugal agravou a sua desigualdade social e fica em 9º lugar como o mais desigual e apesar de não sermos a Grécia, segundo os PAFistas, ficámos na desigualdade ao nível daquele país. No grupo dos PIGS (Portugal, Irlanda, Grécia e S de Espanha em Inglês), só a Irlanda tomou medidas para evitar cavar um fosso social. Temos então: que os 5% mais ricos recebem mais 19 vezes que todos os 5% mais pobres e desenganem-se se pensam que isto tem a ver com habilitações académicas, não tem.

Questão - Quanto se ganha em Portugal?

Em 2009 20% dos trabalhadores recebiam menos de 700,00€ mensais, em 2014 esse rácio aumentou para 29%. Viva a igualdade! O fosso da diferença entre o salario mais baixo e mais alto foi de 1,39 em Portugal e na média europeia fica-se por 1,10. Durante o período da Troika os trabalhadores Portugueses viram o seu rendimento decrescer em médio 132€ por mês. Estamos conversados quanto às medidas inteligentes.

Questão – Desigualdade e pobreza são o mesmo?

Obvio que quanto maior for a desigualdade maior o risco de pobreza. Os mais pobres ficaram ainda mais pobres com o regabofe dos PAFistas. Entre 2009 e 2014 os pobres aumentaram para 2,02 milhões de pessoas ou seja mais 116 mil que em 2009. Nesse período, a intensidade de pobreza subiu 30%. Mais um dado interessante, 10,7% dos que trabalham vivem abaixo do limiar de pobreza. Interessante não é? Resumindo: Somos cerca de 10 milhões de habitantes, 20% são pobres, a lei de Pareto dos 20-80 no seu melhor, mas dos 80% mais “ricos” 1% têm tanta riqueza como os outros 99%.

Quando qualquer gajo PAFista vos disser que tomaram medidas para protegerem os mais desfavorecidos, por favor atirem-lhe com a primeira coisa que tenham à mão e partam-lhe os dentes todos para não continuarem a dizer disparates.

PP MAS NÃO CDS

O Paulo Portas é conselheiro da PEMEX, através da empresa filial MEX Gas Entreprises, em Espanha, a mesma empresa que se prepara para despedir 9000 funcionários. Á custa de todos nós este individuo criou uma rede imensa de contactos que agora usa em proveito próprio. É um habilidoso que se foi “preocupando” com os reformados, os agricultores e depois com ele próprio. O Paulinho das Feiras, dos Submarinos e dizem as más-línguas, a “Catherine” do Parque Eduardo VII, foi assim construindo uma teia intrincada de interesses que vai aproveitando para “consultar” umas empresas e colocou ao serviço de Portugal (ironia,) o que melhor sempre soube fazer: LÒBI SELVAGEM.

Até para a semana.

José Janeiro

 

 

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