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E o País está no caminho certo?

28-02-2014 - Henrique Pratas

"Tudo o que é verdadeiramente sábio é simples e claro", Gorky, Máximo, esta frase vem a propósito do discurso do Presidente do PPD ou PSD, ou PPD/PSD, não sei muito bem como se designa tal partido, já ouvi membros ilustres desse partido utilizar as duas formas por isso não sei, nem estou interessado e haja alguém que se preocupe com isso que eu não tenho tempo, nem paciência.

Disse o senhor Presidente do referido Partido que acumula funções com a de 1.º Ministro ou ao contrário como queiram, que o caminho que o nosso País estava a seguir em termos económicos estava a produzir os seus frutos e que estávamos no bom caminho.

Do ponto de vista académico nem sequer discuto, nem me pronuncio sobre tal aleivosia, porque sendo o referido senhor licenciado em economia, como eu, não me merecesse crédito de qualquer espécie as suas afirmações, porque eu sou dos economistas que pensam que a economia de um País se gere, planeia e projecta com pessoas. A economia sem pessoas não existe.

Mas voltando ao assunto que pretendo abordar e solicitar simultaneamente que me esclareçam em que País vivemos de facto.

Nos meus fins-de-semana tenho-me deslocado pelo País, já estive em Viana do Castelo, no Crato, em Torres Novas, na Chamusca e em Arraiolos e vou falando com as pessoas que vivem nestes locais e todas são unânimes em dizer-me que a vida está cada vez mais difícil, que fazem apenas uma refeição por dia e alguns nem isso porque para dar de comer aos filhos têm eles que abdicar de o fazer.

Mas para grande espanto meu oiço pela voz do Presidente do tal partido, que a economia está no caminho certo e eu não entendo o que ele diz, porque, nas minhas deslocações não vejo indústria a desenvolver-se, a agricultura está ao nível da subsistência, relativamente às pescas fiquei deveras "chocado", porque quando estive em Viana do Castelo, vi os estaleiros e a nossa frota de pesca, fui a Vigo e limitei-me a observar a mesma realidade e qualquer semelhança é pura coincidência. Aliás vi que em Vigo se está a investir mais em infra-estruturas de apoio às pescas, à sua distribuição e manutenção de frota em Viana do Castelo, andamos a despedir trabalhadores e o porto de pesca está praticamente parado. Por este País fora tenho visto muito poucas pessoas na rua, ou no comércio, algumas lá vão conversando como é que vão sobreviver e já nem sequer fazem contas à vida, é um dia de cada vez, ou se calhar nem isso minuto a minuto.

No último local onde estive, zona de Arraiolos, bem conhecida por todos vós pelos seus tapetes lindíssimos, está às moscas, quero dizer as pessoas têm as lojas abertas mas não vendem nada, reparei que também lhes vão retirar a repartição de finanças, vão ter que se deslocar a outro local para pagar os "abençoados" impostos que lhes impõem e para grande espanto meu oiço dizer pelo tal Presidente de partido, que o País está no caminho certo. Só ouvi isto porque já não consegui ouvir mais nada, provavelmente a dúvida que aqui vos coloco foi respondida no resto do discurso. Será que existem dois Países um que esta a crescer e a desenvolver-se e um outro que é aquele que observo em que as pessoas estão a morrer por falta de assistência médica, sem dinheiro para os medicamentos e para comerem, com um nível de desemprego cada vez maior, o consumo das famílias baixíssimo, a taxa de natalidade cada vez mais baixa, a indústria não se desenvolve, a agricultura idem, idem, o nível de prestação de serviços sejam eles privados ou públicos cada vez piores, não por causa das pessoas que o fazem, mas sim porque as condições em que vivem estão cada vez piores e não lhes permite desempenharem as suas funções de forma mais conveniente. O aproveitamento escolar está cada vez pior porque quem as frequenta e que está lá colocado para exercer a função de passar o conhecimento, não têm estabilidade emocional e física e o País está no caminho certo, para a saída da crise?

Eu tenho a minha resposta para a questão que vos coloco, mas ao ouvir tal afirmação, fiquei na dúvida, por isso vos coloco a questão temos dois Países? Se com um já era difícil como é que vai ser com dois?

O que penso é que estamos a caminhar para o abismo, com pompa e circunstância, porque o rendimento disponível das famílias é cada vez mais baixo, logo o consumo interno diminui, o Investimento Público está "parado", o Investimento privado é meramente especulativo e orientado para o consumo não nacional, os resultados líquidos das empresas/instituições bancárias, não representam o resultado real porque os lucros são deslocalizados para paraísos fiscais e o País está em expansão? Só se for em tamanho, mas nem isso que o mar tem retirado areia ao longo da costa e alguns de nós daqui a uns anos correm o risco de sair de casa e entrar no mar.

Recordo-me das palavras do meu avô, "é preciso ter descaramento".

Abraços para todos e apresento as minhas desculpas se escrevi sobre o País errado, mas é nesse que eu vivo e não vejo outro.

Henrique Pratas

 

 

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