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O Estado a que isto chegou

21-02-2014 - Francisco Pereira

A senhora Assunção Esteves actual detentora do poleiro de Presidente da Assembleia da República, segunda figura deste “Estado”, logo a seguir ao actual detentor do outro poleiro dourado, não cessa de nos espantar, não contente com os dichotes e as larachas que proferiu sobre Democracia, vindo de alguém que se reformou aos 42 anos e que preferiu receber a reforma ao invés do salário de Presidente da Assembleia que era cerca de mil Euros inferior à reforma dourada que vai auferindo, isto num país onde 80% das reformas são abaixo dos 500 Euros, logo aí se vê a enorme dedicação a tal Res Publica da senhora, ora não contente, veio agora exprimir de novo o seu inconseguimento frustracional, propondo que uma parte das cerimónias do 25 de Abril sejam pagas por mecenas, transformado a coisa numa espécie de feira medieval de aldeola destinada a atrair turistas.

O tal mecenato visa suportar um qualquer delírio criativo da artista plástica Joana Vasconcelos, cuja intenção é encher chaimites de cravos e fazer mais uma das suas famosas criações artísticas, para quem gosta claro está das criações da senhora artista, tal evento será uma espécie de êxtase.

Cara senhora Presidente da Assembleia da República, caso não tenha ainda dado por isso, este país está próximo da insolvência, a população vive na sua grande maioria com dificuldades e muitos vivem na miséria. Resulta daí que essa sua proposta megalómana, reflecte precisamente o espírito que nos conduziu a esta miserável condição, o espírito megalómano e desapegado da realidade dos políticos e dos governantes que parecem não perceber o país em que vivem.

De resto, as cerimónias do 25 de Abril passam muito bem, sem os delírios da senhora Vasconcelos, proponha-lhe antes que ela compre uma chaimite a pinte de amarelo e cubra de cravos de plástico e a leve a uma qualquer exposição em Paris, será decerto um sucesso, e oriente a rapariga com os tais mecenas.

Cara senhora Presidente da Assembleia da República, os rituais e o ritualismo associado a eventos marcantes da história dos povos, são necessários, fazem parte de uma mitologia que tem de ser cultivada, até aqui concordamos, daí até a estas suas propostas delirantes, vai um grande passo e como diria o Capitão Maia, “…o estado a que isto chegou.”

Cara senhora Presidente da Assembleia da República, ao contrário do que a senhora preconiza, o programa das comemorações não precisa de ser ambicioso e muito menos a megalomania que a senhora apresenta. Sim o 25 de Abril precisa de ser comemorado, goste-se ou não, use-se cravo na lapela ou não, foi uma data importante. Comemore-se, com o comedimento necessário de um país onde muita gente passa fome, onde se morre por falta de assistência médica, onde os doentes tem de levar os medicamentos para o hospital, onde as crianças fazem 30 quilómetros para ir à escola, onde os velhos morrem à míngua abandonados e onde as crianças desmaiam de fome nas salas de aula.

Cara senhora Presidente da Assembleia da República, as cerimónias do 25 de Abril precisam de exaltar valores de Democracia, respeito, honestidade e dignidade, precisam mais de conteúdo do que de pompa e discursos ocos e patéticos dos mesmos que exaltando Abril, enterram a Democracia, sob camadas e camadas de nepotismo, corrupção, compadrios e outras muitas velhacarias de que os políticos portugueses são campeões, capazes de ombrear com os melhores.

O grande drama deste nosso país, foram sempre as figurinhas tristes das elites, os poderosos foram, com poucos excepções, sempre cobardes, sempre corruptos e sempre gatunos, em 1580 nas Cortes de Almeirim, só uma voz se insurgiu contra a entrega do reino a um monarca de Espanha, foi Febo Moniz que representava o Povo, em 1809 foram os campinos do Ribatejo os primeiro a levantarem-se contra o invasor napoleónico, e 1890 no ultimato é de novo esse Povo miserável mas patriota que se revolta contra a opressão.

Por isso cara senhora Presidente da Assembleia da República, o que nós desejaríamos ver nas cerimónias do 25 de Abril era gente honesta, dedicada, competente e que respeite o pobre Povo que lhes engorda os traseiros, e para isso não precisa de cerimónias rebuscadas e de gastar milhares de euros que tão necessários são para acudir à miséria que se vai instalando.

Francisco Pereira

 

 

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