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PÁTRIA MADRASTA

02-09-2016 - Pedro Pereira

Um dia, um grande escritor português, em finais do século XIX dizia que se sentia sufocar em Portugal.

O mesmo nos vem acontecendo desde há poucos anos para cá. E a tendência é a de se agravar.

Sem metáfora alguma, francamente afirmamos que temos dias em que sentimos claustrofobia.

Estranho? - Dizem-nos os especialistas que esta é uma sensação de pânico….

Hás umas semanas atrás entrámos em pré rutura psicológica. Tivemos de fugir do ambiente quotidiano habitual. Quando chegámos a meio da planura do Alentejo no caminho para Lisboa, a falta de ar foi-nos passando. Duas horas após arribarmos à capital, abateu-se sobre nós uma tristeza tão profunda como se o céu nos fosse cair em cima.

Concluímos após alguma reflexão que o mal não se encontra na zona onde vivemos, nem em Lisboa, nem em qualquer outro sítio deste país. O mal encontra-se entranhado no estado de sítio a que a nação chegou. Nas paredes, nas casas, nas instituições, nos portugueses por maioria dos quais existe este governo (e os demais que o antecederam) que não é mais que uma emanação da vontade popular.

Não nos esqueçamos que a maioria deste povo é boçal, manhoso, espertalhão, corrupto, videirinho... é uma questão genética.

A «história» do «bom povo português» foi uma invenção salazarista, como tantas outras do estilo: «pobrezinho, mas honrado», «a riqueza não trás a felicidade» e demais frases manhosas afins, de forma a «legitimar» uma ideologia criada à medida da vontade do ditador aldeão fora do tempo e do modo.

Bem falou o grande poeta Guerra Junqueiro quando em tempos disse que «o português tem em pouca conta a sua liberdade».

É uma pecha antiga. A modos que uma fatalidade, como bem expressou António Nobre no seu poema, Natal d’um Poeta: «Amigos/Que desgraça nascer em Portugal!».

Creiam, meus amigos, que tempos muito maus se aproximam, bem piores dos que estamos a viver. São a fatalidade dos eternos ciclos da História. Caminhamos a passos largos para uma ditadura e não nos venham dizer que isso é impossível de acontecer em Portugal, pelo facto do país ser membro da Comunidade Europeia. Aliás, a União Europeia tem os dias contados…

É bom termos presentes que a Revolução de 25 de abril de 1974, deu-se com o país enfeudado à NATO (tal como hoje) e outros organismos que tais.

Por outro lado, convém recordar que a primeira ditadura europeia do século XX, foi a do Major Sidónio Pais (a República Nova, em Portugal) que teve os seus seguidores nessa figura e estilo de governação à medida e vontade do seu criador, por banda de outros caudilhos europeus.

De tal sorte que em seguida nasceu o fascismo de Benito Mussolini, que se confessou admirador de Sidónio Pais e depois a ditadura de Oliveira Salazar (Estado Novo), Primo de Rivera, em Espanha, mais tarde o franquismo, com Francisco Franco, Adolf Hitler e o seu Nacional-Socialismo, e por aí fora.

Ironicamente, Portugal tem sido um país vanguardista, só que para o que de mais sinistro é imaginável de conceber. Infelizmente, por mor dos pecados dos habitantes da nação…

Assim, exilados que nos sentimos em Portugal, por este andar um dia destes seremos forçados a um exílio bem distante, talvez melhor do que aquele que vivemos nesta pátria feita madrasta.

Pedro Pereira

 

 

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