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DA NATO – PREPARATIVOS PARA A GUERRA

26-08-2016 - Pedro Pereira

Há poucas semanas o Atlantic Council, um think tank próximo da NATO, publicou uma informação alarmante sob o título de Arming for Deterrence, relativa a uma próxima invasão da Polónia pela Rússia, especulando nessa sequência sobre a ocupação dos países bálticos em menos de 48 horas.

De molde a prevenir estas «ameaças», os autores da informação apelavam a um aumento de tropas da NATO nessa região, com correspondente aumento de amamento e respetiva logística.

Era «a voz do dono a falar» …

Na verdade, porém, esta informação enjorcada não corresponde a realidade alguma. Ou seja, não existe por banda da Rússia nem se encontra nos seus horizontes qualquer ameaça relativamente aos países vizinhos nem esse país pensa em ocupar a Polónia.

Esta propalada (des)informação tem como objetivo criar um estado de alarme e de alerta permanentes junto da opinião pública de forma a justificar a existência da NATO, os seus exorbitantes gastos militares a troco de nada, a militarização da Europa e a omnipresença militar americana no continente europeu.

Assim, nos passados dias 8 e 9 de julho, os ministros da Defesa da Aliança Atlântica estiveram reunidos em Varsóvia, onde aprovaram novas e mais duras medidas de cerco militar à Rússia por parte desta organização militar, usando para tal «feito» militarista argumentos falaciosos a tresandar a aldrabice à distância, recordando-nos a célebre cimeira das Lages/Açores onde o eixo do mal composto por Aznar, Bush, Blair e Durão, decidiram a invasão do Iraque a pretexto desse país possuir armas de destruição maciça. Uma descarada mentira que conduziu o mundo ao estado caótico em que se encontra.

E estes genocidas continuam impunes…

Hoje, tal como então, o agravamento das medidas de cerco à Rússia por banda da NATO, revelam-nos (tal como gato escondido com rabo de fora) os preparativos para uma guerra por parte desta corporação militar contra o referido país.

Em 1997, após o colapso da União Soviética foi criado nos EUA um grupo de pressão denominado Project For a New American Century (PNAC), com o objetivo de promover a hegemonia americana no decorrer do século XXI, aproveitando o amplo vazio de poder deixado pela URSS após a fragmentação da União Soviética.

Esta organização era composta por políticos republicanos como Paul Wolfowitz e Dick Cheney, entre outros, tornados vedetas célebres no decorrer da guerra do Iraque, além de teóricos da extrema-direita como é o caso de Robert Kagan.

O documento do PNAC propunha três eixos fundamentais pelos quais se devia reger a política dos EUA, garantindo assim a absoluta hegemonia deste país ao longo do século XXI. A saber:

  1. Impedir o surgimento de uma potência rival;
  2. Identificar, determinando quais os cenários de potenciais ameaças para os EUA, os mísseis balísticos e as armas de destruição maciça noutros países;
  3. Impor o unilateralismo dos EUA e formar alianças internacionais informais e de conjuntura para enfrentar crises específicas.

As sucessivas guerras imperialistas na Jugoslávia (1999), Afeganistão (2002) e Iraque (2003), obedeceram à lógica do PNAC. Através da Jugoslávia asseguraram o controlo da Europa de Este (inclusivamente da Polónia, Hungria e República Checa na NATO) e a submissão da União Europeia que abandonou os seus projetos autonómicos (criação de Exército e política exterior própria), para se colar caninamente aos EUA.

A guerra do Afeganistão concebida com o fundamental objetivo do domínio dos EUA na Ásia Central, estabeleceu o marco histórico da entrada na NATO em 2004 da Roménia, Bulgária Eslováquia e repúblicas bálticas.

A etapa seguinte foi a militarização da Europa, desde as fronteiras com a Rússia até Espanha, bem assim como a adesão à aliança militar de pequenas repúblicas como o Montenegro. Nesse sentido foram criadas novas bases militares americanas na Estónia, Polónia, Bulgária e Roménia. Em consequência o Este da Europa está convertido numa enorme base militar, onde a Alemanha militarista ressurge assumindo o papel de Estado-Polícia, pondo de parte as políticas de amizade e conciliação com a Rússia existentes desde os finais da 2ª Guerra Mundial.

Em fevereiro de 2016 a UE aprovou a criação de uma força de intervenção rápida, com capacidade de mobilizar 5000 efetivos em poucos dias.

Assim, no quadro desta iniciativa vão ser implantados na Roménia, Polónia e Espanha, escudos antimísseis, enquanto que na Letónia, Lituânia e Estónia vão ficar aquartelados quatro batalhões.

Outro cenário geoestratégico é o Sudoeste Asiático. Os EUA veem promovendo o rearmamento do Japão, reabriram a base militar Clark nas Filipinas, aumentaram a sua presença naval nessa região asiática e assinaram um acordo com a Coreia do Sul para estabelecerem nesse país uma base de escudos antimísseis.

Não obstante, os EUA sabem que sózinhos não conseguem enfrentar a China e a Rússia, pelo que necessitam que a Europa forneça tropas para combater na frente russa, enquanto eles tratam dessa «matéria» na Ásia, tal como o fizeram durante a II Guerra Mundial.

Acontece que a Rússia não está só, dado que é membro da Organização do Tratado de Segurança Coletiva, que aglutina outros países como a Bielorrússia, Arménia, Cazaquistão, Quirguizistão e Tajiquistão.

Por outro lado, desde 2002 que tem vindo a modernizar as suas forças armadas, mísseis e capacidade nuclear, cuja conclusão está aprazada para 2020.

Por seu turno, a China desde há vinte anos que vem investindo somas milionárias na modernização dos seus exércitos e armamento, numa antevisão provável de um confronto com os EUA pelo controlo do mar da China, do Estreito de Malaca e do mar do Japão.

Dado que a Rússia e China possuem um adversário comum, tem vindo a estreitar os laços de cooperação na área da defesa estratégica, equipamentos tecnológicos, energia, área aeroespacial, desenvolvimento económico, comercial e até no campo da alimentação.

Porém, o boicote noticioso na Europa sobre esta matéria por banda dos órgãos de informação controlados pelos grandes grupos ligados aos governos e corporações económicas, não permite que a maioria dos cidadãos tenha acesso a esta realidade.

Os dois países juntos (Rússia e China) somam 35 milhões de km2 quadrados de território, 1 bilião e 500 milhões de habitantes que vão desde o mar Báltico até ao Extremo Oriente.

Por sua vez a India é aliada da Rússia desde os anos 50 e o Paquistão aliado da China.

Trata-se, pois, de uma aliança de peso, enquanto que a NATO é uma estrutura anquilosada. Vejam-se os seus recentes fracassos no Afeganistão, no Iraque e na Líbia.

Neste cenário, nos dias de hoje a Europa aparenta-se mais a uma república bananeira americana, onde os «papagaios» europeístas, «defensores» propagandistas de uma Europa autónoma se esconderam ou desapareceram para parte incerta desde há uns tempos para cá.

Entretanto, os povos que se acautelem porque um conflito bélico de grande magnitude pode estar aí ao virar da esquina…

Pedro Pereira

 

 

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