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CODIGO DE CONDUTA? Explique lá outra vez… como se eu fosse burro!

12-08-2016 - José Janeiro

Então é assim: para se ser político, funcionário público ou deputado honesto, livre de corrupção, respeitador dos deveres, bom gestor dos dinheiros e causa pública e acima de tudo para desempenhar de forma correcta a sua função paga por todos nós, tem que existir um código de conduta que faça a gestão da ética e da moral? Expliquem-me lá outra vez!

Há muito que digo que este país é um sítio muito mal frequentado, mas agora tenho a certeza absoluta se duvidas ainda, ingénuas, podia ter.

Mas as broncas que temos assistido, passivamente, porque todos somos culpados por esse facto, têm espelhado o que de mais reles esta sociedade tem. Somos realmente um povo brando e pouco reactivo, que apenas se indigna no sofá e no facebook porque esperamos sempre que os outros façam algo por nós. Partilhamos indignados o que achamos que está mal e dizemos para nós: “tomem lá sacanas, o meu odio, fiz a minha parte dei a conhecer o quanto vil és” … e descanso porque alguém fica a saber e replica. Se por acaso convidarmos esses indignados de “sofaling” para nos unirmos tendo em vista provocar a mudança deste status quo, aí a coisa complica-se porque não há tempo para aquilo que é do interesse comum. Já para ir às 3 da manhã esperar uma qualquer equipa de futebol a coisa é diferente – tempo arranja-se!

Para que a memória colectiva não esqueça, irei enumerar os casos mais gritantes que esta sociedade passivamente vê acontecer e que quando há alguma condenação invariavelmente é com pena suspensa, ao fim de muitos e muitos anos, ou pior são arquivados, ou fica assim mesmo para serem vistos á luz de um qualquer código de conduta. O crime de colarinho branco continua a compensar porque aquele que o comete não tem que pagar pelos seus actos, seja com prisão efectiva, seja por devolução dos bens sonegados, ou indeminização pelos prejuízos causados, respondendo com o seu património que deveria ser arrestado e vendido. Mas se um cidadão “comum” (lembro que somos iguais perante a Constituição da Republica, não se riam é verdade está lá escrito) roubar para comer o vulgarmente chamado “pilha galinhas”, vai directo para a prisão para aprender que não se rouba para matar a fome – isso sim é um crime muito grave!

CASO BPN

Há 65 meses (em anos para se entender melhor: cerca de 5 anos e 5 meses) que o processo existe e sem culpados ou decisões á vista. O único que esteve preso foi Oliveira e Costa que nunca mais irá para a prisão porque está velho e doente, esperam que ele morra para arquivar o caso (digo eu). Entretanto o Estado, i.e. todos nós pagámos um buraco imenso retirando do dinheiro de todos e que tão necessário seria para o desenvolvimento do país. Tudo isto porque um banco não pode falir.

CASO SUBMARINOS

Além de uma decisão imbecil para a compra de uns brinquedos caros para a Armada, verificamos que na Alemanha houve provas e condenações por corrupção, em Portugal o processo foi arquivado.

CASO VISTOS GOLD

Há por aí uns arguidos que vão estando em casa, julgo que a suspensão de funções não permitirá a suspensão salarial, e suspeita-se de um ex-ministro que é igualmente arguido na venda de favores. Veremos como acaba, mas apostaria na absolvição ou uma qualquer prescrição.

CASO BES

Mais um caso brilhante da banca envolvendo políticos e banqueiros que terminou num desastre e que assumiremos mais uma vez prejuízos elevados. Iremos com o tempo entender que afinal é tudo gente seria.

CASO BANIF

Ora cá está um caso sem responsabilização de governantes e mais uma vez pagaremos sem problema a excelente gestão de um governo de saída pseudo limpa, nada de novo portanto.

CASO CGD

Uma necessidade monstruosa de capital para por as contas em ordem. Acontece que a CGD sempre foi um ninho dos desempregados dos governos que necessitavam de tacho ou reformas chorudas no interlúdio de rotação de mandatos e como é um banco público a coisa não é preocupante (ironia). Como foi feito buracão ninguém sabe e nem querem saber.

CASO MARIA LUIS ALBUQUERQUE

Afinal isto nem é um caso então é tudo legal, apenas se resume a um problema de ética (ironia).

CASO PAULO PORTAS

Este senhor andou pelo mundo a gerir uma agenda a coberto do interesse nacional e pago pelo Estado (que somos nós), para agora ir “consultar”, de consultadoria, entre outras empresas e coisas que tais, uma petrolífera de nome PEMEX que está ligada a cartéis de droga e a atitudes e pessoas pouco recomendáveis. Tudo legal portanto, apenas um problema de ética, ou sei lá de Universidades de verão.

CASO DURÃO BARROSO

A Goldman Sachs foi uma das grandes responsáveis pela maior crise do subprime de 2008, que nos trouxe até á miséria que hoje estamos a viver. Sabemos que o banco de investimento para onde o super Zé Manel, o tal cherne, vai é uma entidade sem ética alguma e pouco dada a entender e resolver os problemas do mercado tendo como único objectivo o capitalismo selvagem e é verdade que o Zé Manel tem informação privilegiada sobre a Europa e a Goldman Sachs sabe isso. É portanto uma questão de ética e sobre isto estamos conversados quanto á criatura.

CASO PASSOS COELHO

Ficámos a saber que o Sr. Ex-PM tinha dividas á Segurança Social e além de ter alegado desconhecimento de alguns meios legais (um comum cidadão teria sido cruxificado), pagou uma parte porque o restante estaria prescrito. Um excelente exemplo de cidadania. Juntamos a isto o brilhante caso da Tecnoforma e as formações nos aeródromos do país. Brilhante elogio a uma pessoa que se devia pautar por ética e moral a toda a prova. Entretanto tudo passou e ficamos assim.

CASO MIGUEL RELVAS

Além da já célebre licenciatura do mui nobre “Dr” da mula ruça, temos o caso do Banco EFISA que foi capitalizado com dinheiros públicos para ser entregue ao “Dr” Relvas e sabemos mais alguma coisa do caso? Não me parece!

CASO DAS VIAGENS AO EURO

Entre a GALP e o Oliveira, o tal dos desportos, ficamos com Secretários de Estado e deputados a irem á pala ver uns joguitos de futebol (coisa muito importante neste país). Ora quanto aos secretários de Estado paga-se e pronto esquecemos a coisa, coisas de códigos de conduta. Quanto aos deputados a coisa também fica assim, apesar de terem justificado as faltas na AR com, imagine-se, “trabalho politico”. Honradamente um tal Passos Coelho, aparece a ver o jogo da seleção estrategicamente colocado no meio da populaça e logo, logo no enquadramento de uma camara fotográfica, tudo para demonstrar a sua honestidade. Ora meus amigos sou só eu que acha que isto é um esquemazito? Estes truques, aprendem-se em qualquer universidade de verão ou formação de quadros, como o CDS lhe chama, na “cadeira” denominada: como tramar o parceiro.

… E OS INCENDIOS

Todos questionamos porque raio são privados os meios aéreos para o combate aos fogos e ninguém, mesmo ninguém consegue entender. Ainda cabe menos na cabeça de qualquer sensato, sem código de conduta algum, que num dos contratos descobriu-se há alguns anos (estou a falar de memoria) que o pagamento era feito por “hora voada”! Ora estamos todos a ver a coisa. Ninguém, mesmo sem código de conduta, entende porque carga de agua esta missão não é entregue á Força Aérea, que em tempo de paz tem meios humanos, técnicos e logísticos suficientes para operar a um custo baixo (porque obviamente o custo ao nível humano e logístico já existe e é já pago) para solucionar o problema. Mas como não há interesse em justificar nada porque o Estado tudo pode e é fácil gerir as contas do Estado, que explico de seguida como se gerem: aumentam-se impostos e pronto! Ou em alternativa vamos aos mercados (os tais que nos tramam) buscar mais uns empréstimos de divida pública, nenhum governante se preocupa demasiado em racionalizar custos. Depois todos os anos invariavelmente ouvimos coisas como: temos que reflectir sobre o que está mal ou então vamos assistir no dia 12.08 a mais uma reunião na AR para debater o enorme problema dos incêndios e todos os anos continuam a debater, das duas uma, ou não percebem nada do que dizem, ou não querem tomar decisões. Somos governados por amáveis incompetentes.

… E AS COMISSÕES DE INQUERITO

Para tudo e para nada faz-se uma comissão de inquérito e no final temos um resumo simples: Amnésia permanente dos “inquiridos”, ataques políticos, falta de realidade e preparação dos inquiridores, palhaçada e triste circo e casos sem qualquer resolução no final, nem jurídico, nem condenatório. Verificamos um espetáculo triste em cada comissão de inquérito que fazem para como Pilatos “lavarem as mãos” e taparem os olhos ao pagode.

Muitos outros casos há por aí e que poderiam aqui ser tratados, desculpem-me se me esqueci de alguns, não tenho pretensão a ser exaustivo porque o artigo seria imenso e maçudo. Reflitam apenas se vale a pena serem um dos tais que se levantam como na imagem.

José Janeiro

 

 

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