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EUROPA EM GUERRA

05-08-2016 - Francisco Garcia dos Santos

Não sei se os leitores, mas sobretudo os governantes dos países europeus e burocratas de Bruxelas, têm a noção de que a Europa (ou U. E.) vive dentro das suas fronteiras em verdadeiro estado de guerra.

Não em guerra convencional, ou seja, em confronto de exércitos regulares; não em guerra de guerrilha, ou seja, de exército regular contra uma força armada estruturada, coordenada e superiormente comandada que ataca cirurgicamente numa espécie de “toca e foge”; mas sim um outro e novo tipo de guerra, em que de um lado estão serviços de informação (inteligence) e forças policiais, e de outro elementos isolados ou grupos autónomos –todos auto-comandados e com iniciativa própria, sem ligações formais entre si.

Mas é este último tipo de guerra que desde há anos se vive na Europa e ultimamente se tem vindo a acentuar, o qual, por comodidade de linguagem, se apelida de “terrorismo”.

Porém, tal guerra, como tudo, tem o seu “princípio”.

Recuemos a 1990, ano da primeira invasão do Iraque por uma coligação de forças militares de países ditos ocidentais.

Essa invasão, denominada 1ª Guerra do Golfo, encabeçada pelos Estados Unidos da América, cujo Presidente, à data, era George Bush (pai), teve como justificação expulsar o invasor iraquiano, ao tempo liderado por Saddam Hussein, do pequeno Estado do Kuwait, aliás muito rico em petróleo.

Se à luz do Direito Internacional e da própria Carta das Nações Unidas tal intervenção militar da coligação do “Ocidente” teve justificação jurídico-política, não se pode negar que a mesma também teve para aquela interesse geo-estratégico e económico, ou seja, uma das maiores “fontes” de petróleo do Mundo.

Em 16-03-2003 realizou-se a “Cimeira das Lages”, nos Açores, na qual foi deliberada a segunda “intervenção” da “Coligação Ocidental” no Iraque, e na qual participaram os então Presidente americano George W. Bush (filho), Tony Blair Primeiro Ministro britânico e José Manuel Durão Barroso Primeiro Ministro de Portugal.

E assim começou a 2ª Guerra do Golfo, que levou à deposição e enforcamento em 30-12-2006 de Saddam Hussein e ao desmembramento do Estado iraquiano, o qual, desde então, tem vivido em permanente guerra civil e, mais recentemente, em parte “governado” pelos radicais islâmicos do Daesh.

Saddam podia não ser “boa pessoa”, mas, para além de manter várias etnias e facções islâmicas unidas, ainda “conservava” um Estado laico. Com o seu desaparecimento e destruição do Estado iraquiano, o respectivo território passou a “terra fértil” do, e controlada pelo, Daesh.

Seguidamente, e fomentada pelos Estados Unidos, presididos por Barak Obama e seus aliados ocidentais (leia-se países europeus), deu-se a denominada “Primavera Árabe, na qual, entre outros países e respectivos líderes, pela sua importância geo-estratégica na “bacia mediterrânica”, se refere o Egipto e Hosni Mubarak, deposto em 2011; a Líbia Muammar al-Gaddafi assassinado em 2011;eainda nesse ano o início da guerra civil na Síria, com vista à deposição de Bashar al-Assad.

Em qualquer um destes casos, os beligerantes, ou mentores ocidentais, “esqueceram-se” que estes Estados e seus líderes eram (e al-Assad ainda o é) aliados, ainda que informais do Ocidente, ou da Europa, sua vizinha, pois constituíam (e a Síria ainda constitui) verdadeiros “tampões” relativamente ao expansionismo dos islamitas radicais, hoje “corporizados” pelo Daesh. Mas também, no que toca à Síria, da Rússia, no que concerne a territórios caucasianos de grande implantação islâmica.

Hoje, quer se goste ou não de Bashar al-Assad, o certo é que ele e a “sua” Síria são a “última fronteira” entre a Europa e o Ocidente (a Turquia é meio europeia meio o é meio europeia meio oriental) e o Daesh.

O que se deixa escrito é a raiz do “terrorismo”, ou guerra, que hoje se vive na Europa.

Fazendo uma breve cronologia de morticínios na Europa, temos que em:

- 11-03-2004 – Espanha, Madrid, estação de comboios de l’Atocha (191 mortos);

- 07-07-2005 – Reino Unido, Londres, estação de metro (52 mortos);

- 07-01-2015 – França, Paris, Charlie Hebdo e supermercado (12 mortos);

- 22-03-2016 – Bélgica, Bruxelas, Aeroporto (32 mortos);

- 14-07-2016 – França, Nice, Passeio Marítimo (84 mortos);

- 22-07-2016 – Alemanha, Munique, centro comercial (10 mortos);

- 26-07-2016 – França, Rouen, igreja católica (padre degolado quando celebrava missa).

E isto é um pequeno resumo daquilo que está, ou deveria estar, mais presente na memória dos europeus e seus governantes e burocratas.

Só o somatório de mortos destes actos ditos “terroristas” ascende a 382, mas não estão contabilizados outros em território europeu, na Rússia e na Turquia.

Se isto não é guerra (seja sob que forma for), o que é guerra!? E para mais religiosa, ou com fundamentos religiosos.

Não se “assistia” a tal barbárie desde as cruzadas cristãs na Terra Santa e respectivas retaliações por Saladino!

Portanto, por mais que os governantes e burocratas europeus nos queiram convencer, usando linguagem “politicamente correcta”, de que esta guerra é apenas um conjunto de actos isolados, cometidos por fanáticos “desenquadrados” e “inadaptados” socialmente e desfavorecidos em termos económico-financeiros nos seus países europeus (é bom não esquecer que quase todos os ditos “terroristas” são membros de 2 ª ou 3ª geração de árabes ou muçulmanos imigrados na Europa), a verdade é que todos têm em comum o seguidismo do islão ultra-radical, que nada tem a ver com os princípios e valores por que se regem as sociedades ocidentais, “odiando” os mesmos e procurando aniquilá-los, substituindo-os pela Sharia na sua forma mais distorcida e perversa.

Os Estados Unidos da América e seus aliados europeus destaparam a “caixa de Pandora” –agora não sei como a vão voltar a tapar, ou se a breve trecho o conseguirão.

O “inimigo” está dentro da Europa, pelo que não serão políticas anti-imigração que protegerão os europeus de continuarem a ser chacinados.

Os governantes e burocratas de Bruxelas criaram, por ignorância geo-política ou ganância económica (petróleo), este problema, ou melhor, esta guerra, na nqual quem morre não são eles, mas sim os cidadãos inocentes que para a mesma nada contribuíram.

Que Deus nos ajude!

Francisco Garcia dos Santos

 

 

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