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O ISLÃO, CRISTIANIMO E JUDAISMO – OS CULPADOS DA VIOLENCIA

29-07-2016 - José Janeiro

A história é composta de factos, lendas e narrativas, mas falar da Bíblia é falar de tudo isto e de algo mais. É falar do cruzamento das três grandes religiões monoteístas: o Judaísmo, o Cristianismo e o Islamismo, curiosamente todas estas três religiões têm um tronco comum, baseado no Antigo Testamento, é exactamente a interpretação deste Livro que as tem dividido e as tem levado a matar em nome de deus, numa aniquilação constante e num fundamentalismo idiota, sem ao menos pararem um pouco para se interrogarem: Será que algum deus quer isto?... Ou tudo isto não é religião, mas simplesmente política?

Fazendo um pequeno resumo das três principais religiões e para podermos entender em muito poucas palavras o que cada uma faz para agradar aos seus «patronos»: Javé, Jesus e Alá.

O Judaísmo, centra-se na Lei, onde a essência da fé se encontra no Shema, nome dado a três passagens da Bíblia que são lidas todas as manhãs e tardes pelos devotos. O Shema, é a palavra hebraica para “ouvir”. O Shema, começa com: «Ouve ó Israel, o senhor nosso deus, o senhor é único e amareis o senhor vosso deus de todo o coração e com toda a vossa alma, e com todas as vossas forças. É com estas palavras, que vos ordeno e que ficarão nos vossos corações». O Judaísmo, procura amar deus sem um credo formal, mas com obediência á Lei de deus. Esta Lei, encontra-se expressa nos primeiros cinco livros da Bíblia: Génesis, Êxodo, Levitico, Números e Deuteronômio, (o Pentateuco ou a Tora), que registam a revelação de deus a Moisés no monte Sinai, há 3000 anos.

O Cristianismo baseia-se no culto de Jesus Cristo. Jesus – o Messias – como o Filho de deus, os crentes acreditam que ele foi a única revelação que deus fez de si mesmo ao homem. A Fé Cristã, é uma descendente directa da religião Judaica, Jesus Cristo era um judeu e pregava apenas para que os seus conterrâneos fossem bons judeus. No tempo de Jesus, as características religiosas eram as mesmas que constam no livro sagrado dos Judeus, o Antigo Testamento. Mesmo a chegada do Messias, que foi interpretado como sendo Jesus é anunciada no Antigo Testamento. Para os Judeus, o domínio de deus seria conseguido, através do derrube militar dos seus inimigos, ao tempo os Romanos, e o restabelecimento como nação dominante, ainda hoje os judeus esperam a chegada do Messias. Porém Jesus atacou os pecados que existiam nos corações dos Judeus e o domínio de deus avança pela conversão dos indivíduos. Jesus era acima de tudo um homem de paz.

O Islamismo, que aparece com Maomé 610 anos depois de Cristo, apesar da era Muçulmana, começar com o nascimento do profeta em 570 d.C., este acredita que o anjo S. Gabriel lhe comunicara ser ele o mensageiro de deus e o Alcorão está escrito segundo a forma das palavras de Alá, que Maomé proclama. Curiosamente, o Alcorão é composto por 114 Suras e nelas encontramos algumas com nomes bem conhecidos, como José (sura 12), Abraão (sura 14), Maria (sura 19), Anjos (sura 35) e Noé (sura 71). O Alcorão, reconhece muitos escritos Judeus e Cristãos, como o Pentateuco (taurat), os salmos de David (zabur) e o Evangelho de Jesus (injil), daqui que originalmente a cidade Santa não fosse Meca, mas Jerusalém e era virado para lá que se orava (sura 2), mas quando o povo Judeu se recusou a reconhecer Maomé como profeta, a direcção das orações muda para Meca. Apesar de nada na Bíblia ter sido, traduzido para arábico, antes da morte de Maomé, este teria tido acesso às tradições orais Cristãs e Judias, porque, uma das suas mulheres era Judia e a outra Cristã. Acredita-se que este facto tenha levado Maomé a entender de forma deficiente os ensinamentos das duas religiões.

O que separa as três religiões é de facto pouco, elas próprias se revêm em alguns dos escritos, umas das outras, o que leva a crer que a interpretação livre que os homens fazem provoca uma divisão absurda alimentada pela ignorância, pela politiquice ou simplesmente pela estupidez. Se querem amar um deus, essa entidade não pode ser a base da sua divisão, porque no fundo cada uma das religiões acredita na mesma coisa que as outras duas acreditam, será difícil de ver isso? ( extraído do livro: Afinal Onde está deus? da minha autoria)

Vamos centrar a nossa atenção na violência das religiões a que os seus seguidores estão “obrigados”, sim, porque todas as religiões apelam á violência para impor as suas ideias e ideais.

No Pentateuco ou Tora, há vários apelos á violência em nome de deus, lembremos algumas passagens: nos Genesis encontramos imensas vontades de deus para a carnificina: Caim e Abel, Sodoma e Gomorra, deus ordena a Abraão que mate o seu filho Isaac, Er o primogénito de Judá que foi morto por deus por ser mau, enfim percorrendo os Genesis encontramos uma variedade de mortes atribuídas a deus ou em seu nome. Se continuarmos pelos outros livros do Pentateuco a carnificina mantem-se seja para impor as ideias de deus ou porque deus era invejoso das outras religiões.

No início do Cristianismo os judeus encetaram uma perseguição sem tréguas aos novos convertidos, porque ousaram ter um novo deus, baseado num tal Messias. Em Constantinopla o Cristianismo ganha forma por ser inspirador de uma guerra que o Imperador Constantino venceu por inspiração Cristã.

No Novo Testamento há realmente poucas referências ao deus vingativo salvo em Mateus numa breve passagem: Disse-lhe Jesus: "Guarde a espada! Pois todos os que empunham a espada, pela espada morrerão.  E Lucas: Pois eu vos digo que a qualquer que tiver ser-lhe-á dado, mas ao que não tiver, até o que tem lhe será tirado. E quanto àqueles meus inimigos que não quiseram que eu reinasse sobre eles, trazei-os aqui, e matai-os diante de mim."   Entre outras…

Mas eis que nos deparamos no sec XII com a “santa” inquisição que pretende combater a heresia e as guerras santas para conquista dos territórios ocupados pelos Árabes e todos sabemos que atrocidades se cometeram em nome de deus. Esta é a “nossa” Idade Media, a época das Trevas.

Chegamos então aos finais do sec XX e inicio do XXI e temos ataques atrozes dos novos caminhos da Idade das Trevas Islamita (a era Muçulmana começa em 570 dc com o nascimento do Profeta Maomé), donde a idade media deles é o sec XV aonde se encontram encurralados.

A interpretação dos livros sagrados (seja em que religião for) na forma cega, leva às atrocidades que assistimos e vamos continuar a assistir.

Sim, o Alcorão a par dos outros livros sagrados para as religiões monoteístas são livros violentos em nome de um deus.

A Bíblia no seu todo apela mais de 1000 vezes á violência, o Alcorão no seu todo mais de 500 vezes. Parece que a Bíblia seria mais violenta do que o Alcorão, mas a questão coloca-se sempre no fundamentalismo de cada religião e a forma como as sociedades integradas nessas religiões evoluem.

Resta assim o obscurantismo de uma religião aonde esse obscurantismo é levado ao extremo, tentando criar uma sociedade que regresse ao sec I dc. Esses seres amorfos e abjectos, num iletrismo atroz entendem que a sociedade se deve passar a reger da mesma forma, em que o homem andava de camelo pelo deserto e que a conversão se faz pela força, tendo poder absoluto sobre todos os infiéis porque se matarem esses infiéis encontrarão o Paraíso (seja lá onde for) com umas virgens á disposição.

E chegamos então ao absurdo dos dias de hoje em que os fundamentalistas Islâmicos procuram limitar a liberdade das pessoas e a evolução da ciência com as mais imbecis interpretações sobre o mundo de hoje. Mais grave ainda os ditos muçulmanos que se auto intitulam “moderados”, seja por medo, seja por interesse, não repudiam veementemente e não denunciam essa gente. Lembro-me de uma conferência onde uma senhora de hijab (a vestimenta que tem utilidade no deserto e que nos tempos antigos era também usada por prostitutas para não serem reconhecidas), ter interpelado a oradora dizendo que nem todos os muçulmanos são terroristas, sim de facto não serão, mas não os condenam nem denunciam e também nem todos os alemães eram nazis e a passividade deu no que deu.

O politicamente correcto das sociedades mais evoluídas, tem permitido a permeabilidade aos grupos mais radicais com as consequências que conhecemos. Essas sociedades na ansia de agradar a populações com um poder de voto, cada vez mais “sensível” aos problemas e virtudes da diferença têm levado a cometer erros crassos na gestão deste tipo de gente. Acabam assim por meter dentro de casa o lobo com pele de cordeiro, emocionados com imagens que os midia se entretém a divulgar de atrocidades cometidas pelo ocidente, na guerra com esses grupos, ou pela chegada dos refugiados. Contudo, assistimos a que os tais ditos refugiados, não se refugiam nos países muçulmanos e vizinhos ao local de origem, mas na Europa, arriscando a vida em travessias complexas e perigosas, já alguém parou para pensar: PORQUÊ?

O facto é que a guerra produzida pelo DAESH, não obedece às mesmas regras que os países que os combatem têm, nomeadamente a protecção de civis e prisioneiros, e assistimos á contra informação produzida pelas televisões em apelos ao “coitadinho” que até só quer paz e os malandros dos países que matam civis inocentes. Mas quando os nossos civis inocentes morrem nos atentados perpetrados por energúmenos, as mesmas televisões não têm um comportamento de assertividade e chegam a pedir desculpa por exibirem imagens demasiado “fortes” ou “chocantes”.

Resta-nos assim, olhar por cima do ombro sempre que vamos a determinados sítios ou eventos, ainda que num claro auto convencimento se ouçam frases como: não nos podemos deixar vencer pelo medo, será o que os terroristas pretendem. Coitados dos pobres de espirito que combatem o medo com a tentativa de não o ter.

Nota final: sim deus está escrito com letra pequena, não por desrespeito a alguém mas porque esses deuses são uns deuses menores.

José Janeiro

 

 

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