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Fim-de-semana Alucinante

08-07-2016 - Henrique Pratas

Provavelmente já ouviram ou viram este título em algum lado, nas telas do cinema ou nas capas de um livro, vou-lhes escrever que pensei, pensei em encontrar outro nome para dar a este meu texto mas o que acabei por deixar ficar foi o que prevaleceu, não me saiu da cabeça e as outras ideias que me ocorreram não se me afiguraram muito consistentes de tal modo que decidi manter o que inicialmente tinha pensado.

Mas passando à ação, no passado fim de semana tive a oportunidade de concretizar uma ideia que há alguns tempos já sentia e que gostava de concretizar, sentia essa necessidade, pois virtualmente já conhecia o casal com quem tive o privilégio de passar o passado sábado.

Da surpresa e da expetativa rapidamente se passou ao diálogo ato que considero fundamental, essencial, básico, quando as pessoas querem estabelecer, desenvolver, ampliar uma relação de convergência que existe em certos pontos, manifestada através dos artigos que escrevem da formam como transmitem nas redes sociais as suas posturas e se pronunciam sobre determinado acontecimento. Fomos excelentemente recebidos, no “cantinho” que o casal nosso amigo possui em parte certa no meu e deles querido Alentejo. Não pensam que estou a escrever no sentido de descriminar o resto do País em favor do Alto Alentejo onde podemos encontrar muitos pontos de convergência senão hábitos comuns semelhantes ao Ribatejo e às Beiras, isto está prova-se através das culturas existentes das diferentes zonas do país nomeadamente aquelas a que fiz menção.

Mas voltando ao primeiro encontro ao vivo e a cores com os nossos amigos, o único atributo que lhe posso dar é de excelência, porque decorreu da forma como tinha sentido que iria ser, foi tão bom assim que as únicas que retive foram, qual o caminho para lá e agradável e prazerosa que tivemos, como bons cicerones e melhor recebedores tiveram o cuidado e a delicadeza de nos mostrar todas as partes da casa, o tipo de culturas que fazem, o gado que possuem, as árvores que têm, enfim todo o espaço físico seja ele apenas confinado às habitações ou ao espaço ao ar livre, mas que me perdoem os meus amigos eu não consigo escrever mais detalhadamente o que vi, porque o que interessava era conhecer as pessoas falar com elas sobre os nossos problemas, situações que nos apoquentam, quer ao nível pessoal quer ao nível do que se passa no País real que estando nós bem perto dele não podemos deixar de constatar que as assimetrias estão cada vez mais acentuadas. Aliás permitam-me que lhes fale ligeiramente sobre o que aconteceu num debate promovido pela Conselho Económico e Social e pelo Escritório da Organização Internacional do Trabalho sediado em Lisboa, com a participação dos representantes dos trabalhadores dos patrões e demais entidades que se movimentam no tema que esteve em apreciação “ O Futuro do Trabalho”. Andamos a reinventar a roda e quando recebi o convite não me preparei, fiz apenas um exercício, pensei no momento em que comecei a trabalhar, em 01 de agosto de 1980 e fiz uma passagem tocando em todos os marcos da minha vida profissional até aos dias de hoje, onde exerci funções diretamente com esta temática, refiro-me, à gestão das pessoas e todas as áreas que esta abarca, passando mesmo pela negociação coletiva dos contratos de trabalho, cláusulas de expressão benificiária e as outras relativas às condições de trabalho, a conclusão que tirei desta breve análise foi, regredimos, os sindicatos os patrões e a restante sociedade civil, estão cada vez mais afastados e não é por falta de legislação, mas sim por falta de diálogo e da aplicação dos princípios mais básicos que que cada um de nós devíamos, possuir respeito, isenção, bons costumes, responsabilidade coletiva e não individualista e mais uns certos predicados que já foram lema neste País mas que se têm vindo a esboroar ao longo dos tempos e em nome do dito avanço civilizacional, tão apregoado, mas que a muitos não têm acesso. Constatado este facto, pensei para comigo eu vou lá mas tenho que estar caladinho, porque a pronunciar-me não vou ser politicamente correto, porque pretendo continuar a ser um Homem livre, sem dogmas ou obediências partidárias cegas e sem opinião própria, gosto de pensar e de debater ideias, porque entendo que é deste modo que uma sociedade se desenvolve de forma sustentada. Ora com esta inibição que eu criei lá fui pensando que tinha que estar calado, tinha tomado uma decisão e para não ser olhado por todos como um extraterrestre, remeti-me ao meu canto, mas a páginas tantas há um suposto assessor político de um partido politico representado na Assembleia da República que produz a seguinte afirmação: “ Os modelos económicos é que são o problema disto tudo enquanto não estiverem estabilizados, nada feito”. Perante tamanha enormidade não pude cumprir com o que me tinha proposto e tive que intervir, dizendo que não era nada disso, as sociedades são constituídas por pessoas e é nestas que devemos apostar pois estas pensam e qualquer modelo económico qualquer medida de politica económica qualquer ato que é praticado, desde que intervenham pessoas estas que têm capacidade para pensar, para inovar, para imaginar, não irão decerto cavar a sua própria sepultura, mais acrescentei deixei as pessoas pensar sem ser condicionadas a este ou aquele medo imposto, coação psicológica e sem represálias, verão que o resultado é completamente diferente, se isto ocorrer os resultados serão muito diferentes para melhor porque as pessoas gostam de participar, de dar opiniões, conhecem o meio onde vivem, o que não se lhe fazer é pedir opinião e quando estes se pronunciam, mandar calá-las ou não fazer caso do que dizem e considerarem sem ouvir ou pensar que é uma conversa parva. Depois de ter dito o que tinha a dizer fez-se silêncio na sala, depois assisti à corroboração por muitos dos participantes dizendo por outras palavras, aquilo que eu tinha dito, com maior ou menor sofisticação, só tenho a agradecer ao comportamento do comissário politico.

Mas retomando o motivo que me leva a escrever este texto, “O fim de semana alucinante”, alucinante no sentido das palavras trocadas das conversas que tivemos até de madrugada, senti-me nos meus tempos mais felizes passados no Ribatejo na companhia dos meus avós, pais e amigos deles, quando não havia televisão e o melhor entretém que as pessoas tinham era conversar sobre a sua vida pessoal e profissional, fosse a vida do campo ou uma outra qualquer associada ao trabalho remunerado e realizado, que bom que eram estes bocadinhos, umas vezes à lareira outras de portas e janelas abertas, consoante a estação do ano.

Foi o sentimento que experimentei em casa dos meus amigos fiquei extraordinariamente feliz, principal objetivo que elegi desde que me conheço como gente, porque as relações entre as pessoas são isto a capacidade de diálogo a troca de ideias, de experiências, conhecimentos mais práticos ou mais académicos, culturais, sociais e em todas as áreas das ciências. O serão transportou-me como já escrevi aos tempos que guardo excelentes memórias, foi muito momento que passei no passado sábado e o mesmo prova que tenho razão quando afirmo que as PESSOAS são o melhor que este País tem, são uma mais valia inigualável, agora não podem é ser desconsideradas ou destratadas como têm sido, porque a uma ação está sempre associada uma reação e se continuarmos sempre nesta troca de galhardetes o afastamento, o desinteresse das pessoas por tudo e por nada aumenta tornando-as cada vez mais individualistas e sem objetivos comuns.

Termino manifestando a gratidão como fui recebido vim mais feliz, mais preenchido e convencido de que as pessoas têm que ser envolvidas na construção de qualquer processo de mudança que desejamos implementar, exemplo disso está aí aos olhos de todos nós o que é que se está a passar com a União Europeia, nada disto ocorreria se tivesse ocorrido mais partilha e fosse dado a conhecer e envolver todas os Povos dos Países que constituem os Países membros, não se esqueçam que as pessoas não delegam nos politicas as decisões sobre as quais não são chamados a pronunciar-se e quando não entendem e se sentem envolvidas querem saltar fora da carroça, tudo o que se está a passar só nos pode envergonhar, não era esta a ideia que quando se iniciou todo este processo que prevalecia, então onde é que está a liberdade de circulação de pessoas, bens, mercadorias dentro do espaço Europeu, nunca pensaram que os cidadãos o iriam querer experimentar? Enganaram-se e a prova está a vista de todos só não vê quem não quer…..

Henrique Pratas

 

 

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