Edição online quinzenal
 
Sábado 4 de Maio de 2024  
Notícias e Opinião do Concelho de Almeirim de Portugal e do Mundo
 

Baile de máscaras

17-06-2016 - Francisco Pereira

O ser humano, arma-se de máscaras para enfrentar o quotidiano e fazer vingar as suas pretensões em detrimento de e ou para agradar aos outros, todos nós o fazemos, uns quase nunca, outros de quando em vez e outros ainda, todos os dias, de acordo com a audiência, vão mudando de máscara, num verdadeiro baile de máscaras.

Alguns de entre nós têm um jeito especial para ver para além das máscaras, não é infalível mas quase, percebendo quem está lá por detrás, é se o quisermos entender de uma perspectiva mais lírica, um dom, uma capacidade que não se explica, também existe no entanto uma componente científica e profissional pois esta capacidade de perceber o outro aprende-se, existem algumas técnicas do domínio da psicologia e da teoria comportamental que ajudam a desfazer as máscaras e ver realmente quem lá está por detrás.

Este artigo versa porém apenas sobre os leigos, que não tendo formação técnica e científica possuem empiricamente esta capacidade de ver para além da máscara. O mais complicado é que muitas vezes os mascarados percebem. Conseguem ter a percepção de que nós os estamos a ver sem a máscara, percebem que nós os vemos pela sua real dimensão e não pela encenação e ou encenações que compõem para lidar com o mundo e ficam irritados!

Irritam-se, porque sabem que a nós não nos enganam, pior, ficam secretamente a odiar-nos, porque sabem que nós os conseguimos ver na integra, conseguimos quase ver-lhes a alma, vendo que são uns asquerosos, mal formados, bandalhos, egoístas, velhacos e ineptos, que se escondem atrás de máscaras de prazenteiros, bonacheirões sempre prestáveis mas que na realidade são uns biltres rancorosos, por isso nos odeiam em segredo e tentam quando em nossa presença disfarçar esse ódio ou desconforto com sorrisos ou frases ocas de conveniência, pois fiquem a saber que nós detectamos um sorriso falso com a mais incrível das facilidades, mesmo os mais bem compostos não conseguem simular o sorriso verdadeiro aberto e franco.

Irritam-se porque nos receiam, porque sabem que a nós não iludem, porque receiam que façamos outros ver a realidade e os desmascaremos revelando toda a sua malvadez e perfídia, são uns tristes afinal. Uns miseráveis que se precisam de esconder, de encenar, de parecer aquilo que não são. Não os odeio, apenas os desprezo e lastimo, pois é de lastimar que gente desta exista e tenha por vezes muito sucesso, porque a turba está demasiado ocupada a ver a ilusão, além disso não consegue ver para além das máscaras, nem acredita naqueles que o conseguem fazer!

Pessoalmente, há muito, muito tempo, que deixei de os tentar desmascarar, percebi desde muito cedo que é contraproducente, porque muitas vezes os outros, os que não conseguem ver intuem a nossa opinião como inveja, desdém ou mesmo maldade para com alguém que é tão bom, tão querido e tão capaz, aprendi a guardar para mim, deixo-os, mas eles sabem que eu sei e por isso, odeiam-me! Fiquem descansados porque eu gosto de bailes de máscaras, são excelentes ocasiões para exercitar a mente.

P.S. – Curioso é perceber que aqueles que usam uma máscara de brutos são invariavelmente almas dóceis, que sabem que os percebemos mas não nos odeiam antes partilham connosco a bondade real que possuem, são por norma pessoas honestas e francas, muitas vezes inseguras, mas não são más, ao contrário dos incapazes que não prestando se mascaram de gente boa e decente e que no fim revelam realmente a verdade única, realmente não prestam!

Francisco Pereira

 

 

 Voltar

Subscreva a nossa News Letter
CONTACTOS
COLABORADORES
 
Eduardo Milheiro
Coordenador
Marta Milheiro
   
© O Notícias de Almeirim : All rights reserved - Site optimizado para 1024x768 e Internet Explorer 5.0 ou superior e Google Chrome