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A «RUNIÃO» – UMA INSTITUIÇÃO NACIONAL

10-06-2016 - Pedro Pereira

A «runião» é uma instituição nacional. Muita portuguesinha. É um termo híbrido que serve para designar qualquer coisa entre «reunião» e « não estou para aturar esse gajo(a)».

Por dá cá aquela palha se realiza uma «runião», que pode começar por se efetivar com duas criaturas a contar anedotas desalmadamente.

Os portugas invariavelmente arribam mal dispostos e cansados dos transportes até ao seu local de trabalho, após dois dias de merecido remanso de fim-de-semana, por isso, as 2ªs feiras são sempre as mais buliçosas e agitadas em termos de «runiões».

Logo , para retomarem a rotina, para colocarem os neurónios no sítio, tem de «runir» primeiro, senão dão em doidos com a trabalheira do dia-a-dia.

Quando assim acontece, assim a modos que entram numa espécie de stress alentejano e depois tem de beber umas bejecas valentes até caírem para o lado para olvidarem a maleita, ou em alternativa radical procurarem um ombro amigo que os apoie fora do lar, ou seja, irem ao psiquiatra para que este lhes receite uns drunfos que os deixe a modos que zombies.

As «runiões» realizam-se nas empresas, nas escolas, nas universidades, no comércio, na indústria, nas autarquias, na função pública em geral & etc...

Pegamos no telefone, estabelecemos a ligação e do outro lado da linha uma telefonista com voz robótica acedendo ao nosso pedido para falarmos com dada pessoa, deixa-nos normalmente pendurados no aparelho a secar como bacalhaus. Após o tempo que entende razoável para nos «passar cartão» de novo, responde-nos: «o sôtôr está em runião».

Mesmo que a criatura em questão seja analfabruta, inclusivamente portadora de uma duvidosa instrução primária, basta que ocupe um lugar de chefia para ser sôtôr, presidente de qualquer coisa e, às vezes, «senhor engenheiro», normalmente de « obra feita», como diziam os antigos.

As «runiões» são também designadas de «mitingues» pelos leitores compulsivos dos jornais de negócios e das cotações diárias da bolsa.

Esses são os mesmos que frequentam congressos em barda como quem assiste devotamente a ofícios divinos, onde participam em conferências a que chamam de «painéis». Por isso são conhecidos por «paineleiros». Não perdem um painel nem as « visitas de estudo» que acompanham este tipo de eventos efetuados normalmente a locais fechados onde se bebem umas bejecas à média luz, acompanhadas com música estrondosa em altos decibéis, luzes psicadélicas e maralhal aos saltos, cada um para seu lado disfarçados de autistas.

Subjazendo no fundo da tola destas criaturas, a ideia de estar em «runião» confere-lhes (pensam eles…) status, que traduzem por arrogância para com tudo e todos, menos para os superiores hierárquicos a quem se curvam pateticamente em vénias tão acentuadas que por vezes se lhes veem as cuecas, quando não, o cú.

Entretanto , os índices de produtividade nacional continuam a cair de dia para dia à medida que se multiplicam o número de «runiões». Segundo as estatísticas, Portugal é o país da Comunidade Europeia onde menos se produz, donde se conclui que quanto mais «runiões» se realizam mais atrofiada se encontra a economia nacional.

Pedro Pereira

 

 

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