A roda da sorte

14-02-2014 - Francisco Pereira

Este Portugal não cessa de nos espantar! Se por um lado, os desgraçados que tem o azar de estar a trabalhar em locais públicos cheios de amianto, vão caindo qual tordos, atacados por doenças cancerígenas, declarando o senhor Coelho, que por dificuldades financeiras ainda não foi feito o levantamento desses locais e por isso não se fazem as obras necessárias para purgar os locais desse nefasto material.

Por outro lado o governo, vem dizer-nos que existem 10 milhões de Euros para gastar em sorteios de facturas e sortear carros e cupões e outras loucuras estapafúrdias. Nem Miró, surrealistíssimo que era, teria engendrado um tal e tão delirante disparate. Uma tão mentecapta conjectura, só pode ser produto de mentes turvadas por eflúvios alcoólicos ou pior, mentes transtornadas por excessos de pós mágicos, que entorpecem as mentes, correndo nós o risco de estarmos a ser governados por uma cáfila de toxicodependentes que estão permanentemente alienados da realidade.

As escolas são miseráveis, os hospitais e centros de saúde cloacas onde cada vez se prestam piores serviços, nos tribunais a Justiça e a segurança das pessoas são miragens para o cidadão comum, o Estado está em colapso, nos edifícios públicos morre-se de cancro porque não há dinheiro para obras, no entanto aparecem miraculosamente 10 (Dez milhões de Euros), para dar seguimento a uma iniciativa que cobre de ridículo as mentes ineptas que o produziram e o colocam em prática, panis et circenses, diriam os patrícios de Roma, acaso vissem esta obra prima da estultice.

Como é possível que gente sem um pingo de qualidade chegue a lugares de importância capital como sejam estes da governação? Que país é este em que semelhante rebotalho recebe em plebiscito a aprovação da maioria da minoria que ainda se dá a o trabalho de votar. Como é que descemos assim tão baixo? Não possuímos, infelizmente, resposta para tão complexas questões. Talvez este país seja afinal produto de uma qualquer experimentação científica, que produzirá resultados futuramente, sobre tudo aquilo que um país não deve ser se quiser ser um exemplo de prosperidade, de honestidade e de bem gerir a coisa pública.

Francisco Pereira

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