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PORTUGAL DECRÉPITO

03-06-2016 - Pedro Pereira

Sem saudades deste pedaço de terra governada a dias, tivemos de regressar a ela duas semanas passadas. Por mor dos nossos pecados. Sem piedade.

Por falta de imaginação (temos de confessar) caímos na asneira de aproveitar um tempo de lazer que nos foi proporcionado, para calcorrearmos o país (quase) de uma ponta à outra.

Creia amigo leitor, que o chamado «país real» com que os nossos afamados (aquém e além-mar e até na China…) profissionais da política preenchem os seus discursos, encontra-se decrépito.

Elas são as estradas principais, secundárias e municipais, as ruas, becos e vielas urbanas esventradas, onde torcemos os pés, as pernas, e estoiramos a paciência, as jantes e os amortecedores dos carros.

Experimentem circular por exemplo, entre cidades, vilas e outras localidades em estradas nacionais e municipais, do Minho ao Algarve. Para estas vias, os ideais (e bucólicos) meios de transporte serão os ancestrais e pitorescos carros de bois, acompanhados pelo melodioso chiar das suas rodas de madeira.

Eles são os prédios a cair de podres, entaipados, encardidos, desde que se entra numa localidade até que dela se saia.

Os centros das cidades, das vilas, constituem verdadeiros cemitérios de imóveis, pasto de ratazanas e outros animais sem eira nem beira. Sobretudo, deles emana invariavelmente um fedor a mijo de gato, requentado, capaz de ofender até as narinas dos (mal) afamados políticos portugas, sempre tão «preocupados» com a proclamada (por eles) sociedade civil.

A propósito: será que a razão da maior parte dessa «classe profissional» regurgitar frequentemente nos seus discursos mal alinhavados e intervenções associadas a frase, «sociedade civil» é para os cidadãos comuns fazerem destrinça da «sociedade dos corruptos»? da «sociedade militar»?, da «sociedade  dos medíocres»?, da «sociedade dos aldrabófilos» a que a maior parte dos políticos pertencem?

Afinal quantas sociedades existem em Portugal?

De uma ponta à outra do país, ladeiam as estradas a pontilhar a paisagem, imensas naves (fábricas) quais arcas de Noé, que antes produziam riqueza e empregavam centenas de milhar de trabalhadores.

Hoje, estas outrora unidades fabris que se encontram nos arrabaldes das localidades, das vilas, das cidades, alinhadas umas ao lado das outras às centenas, com incidência de Lisboa para cima e com fartura na região do grande Porto, estão desorbitadas, obliteradas, em ruínas, como se milhares de obuses tivessem sido desviados no seu trajeto, das guerras do Médio Oriente para Portugal e por lá tivessem estoirado.

O lixo, a imundície, proliferam por todo o lado como se fizessem parte integrante da paisagem. Acontece, porém, que há meia dúzia de anos (para não nos referirmos nas décadas passadas) este cenário com que nos defrontámos era inimaginável.

Perguntamos, inocentes que somos e ignorantes que continuamos a ser: - onde foram parar os milhares de milhões de euros que entraram em Portugal desde a adesão do país à Comunidade Europeia?
Será que foi gasto todo em submarinos? Em autoestradas? Nos túneis sem fundo?

No regresso, ainda conseguimos salvar alguma da nossa sanidade mental quando a uma dada altura decidimos: - Vamos mas é para Espanha, que Portugal já foi!

Antes «o mau vento e o mau casamento», que os antigos diziam virem do país de «nuestros hermanos».

Salvámos o tempero cognitivo. Não conseguimos salvar, alguns episódios passados de boa disposição, tolerância e esperança que ainda nos restavam a propósito deste país que se esboroa a passo acelerado como areia molhada quando seca.

Sem remissão.

 

 

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