UM GOVERNO DO OUTRO MUNDO

20-05-2016 - Pedro Pereira

Lançadas as bases deste maravilhoso, benemérito e magnificente governo que trás os portugueses pré-ocupados mas no fundo, bem lá no fundo do… felizes e contentes, este, vem desenvolvendo a grande tarefa política do nosso tempo, que é a de criar um sistema de governação sui generis, ou seja, tirar aos pobres para dar aos ricos. Veja-se o caso dos bancos falidos e afins…. Coitadinhos dos ricos!

Aliás, o bom e generoso povo portuga não se importa de ficar em cada dia que passa com menos dinheiro para viver, porque «o dinheiro não trás a felicidade» e o que precisa é ser «pobrezinho mas honrado» …

E se este povo é feliz e ordeiro, é porque o governo tem promovido com desvelo e carinho a maravilhosa e antiga tripeça dos tempos do visionário Salazar, grande mago da política, ou seja: Fado, Futebol & Fátima.

Temos assim que esta governança é uma maravilha da filosofia política e do direito constitucional, que fará dela na história das nações destes dias e dos que hão-de vir ad aeternum, um dos maiores fenómenos políticos de todos os tempos em todo o mundo.

E não é pelas assombrosas realizações práticas com que tanto nos engrandece e nos enche de vaidade (até nos apetece dizer, cagança) cá dentro e lá fora, sob todos os pontos de vista. É, sobretudo, no âmbito das ideias geniais, na razão pura, no domínio intelectual, é aí, de facto, que este governo se revela quanto a nós o melhor de todos a nível global, prevendo com faculdades verdadeiramente divinatórias à distância, os rumos da filosofia política e o mínimo que é indispensável à defesa do que resta (ainda…) da civilização ocidental.

O grande drama político do nosso tempo consiste, como sabemos, no problema da conciliação da autoridade com a liberdade, mas nestas áreas, também o nosso venerando governo provê, sem descanso, amor e devoção ao bem-estar dos portugueses aumentando os contingentes policiais.

É imperativo que sejam retomadas as maravilhosas leis do falecido e visionário estadista das Beiras, como contribuição para a nova ordem nacional.

Já agora e a talhe de foice, permitam-nos vocências, governo da nação, uma sugestão para aumentarem as receitas fiscais dado que os «burrocratas» de Bruxelas se preparam para impor a Portugal medidas financeiras draconianas: - Decretem a imposição de todo o português usar um aparelho fácil de conceber, a colocar nas suas ventas, assim a modos que um «oxigenómetro», como se fora um taxímetro, de forma a contabilizar o oxigénio que cada cidadão consome e ser taxado por isso.

Nestes moldes e em conformidade, cada indivíduo passará a pagar o que lhe é devido ao estado pelo maravilhoso ar português que respira, participando com o seu esforço pulmonar para evitar o desperdício do oxigénio nacional, ao mesmo tempo que contribui com a sua quota-parte para a engorda dos cofres do tal de ministério no Terreiro do Paço.

Tem-se operado, de facto, com o atual governo uma verdadeira Revolução Nacional, que só pode comparar-se na História pátria às Revoluções de 1383/85 e à de 1820, muito embora ambas lhe sejam inferiores, diga-se de passagem…

Do ponto de vista, portanto, deste executivo, é o regime, o novo estado político larvar da nação que une e identifica os portugueses, havendo no entanto algumas pequenas e insignificantes divergências por banda de grupos desgarrados de cidadãos, mas é óbvio (deduzimos) que se todos os indivíduos são pessoalmente livres para escolherem em filosofia política as instituições, com este fantástico governo, coletivamente não têm que se questionar, porque a sua missão como bons patriotas é a de apoiar a criação de um novo regime que faz falta à malta e esta é a hora da sua realização… e coisa e tal… e pátáti, pátátá...

Pedro Pereira

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