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VI - UM MUNDO SEM PRIVACIDADE
As Escutas Ambientais

29-04-2016 - Pedro Pereira

«Olha que as paredes podem ter ouvidos!»

Os microfones para escutas ambientais são por norma tecnologicamente simples, além de serem baratos e cumprirem as funções para que são concebidos. Por isso, no caso daqueles que são munidos de uma bateria (a maioria) com capacidade até cerca de dois meses em uso, acabam por ficar nos locais onde instalados após finarem a sua vida útil.

Os aparelhos destinados às escutas ambientais por serem fáceis de manusear são os mais utilizados na espionagem, sendo que podem ser construídos de forma artesanal ou adquiridos nas mais diversas lojas físicas e virtuais (pela internet) em todo o mundo.

O seu preço oscila desde a meia dúzia até às centenas de milhar de euros, dependendo do objetivo pretendido.

Estes aparelhos são usados em Portugal por detetives privados no âmbito das suas atividades profissionais, mas também por entidades formais e bandos informais, incluindo políticos.

As escutas ambientais são concebidas por três etapas:

. Conseguir acesso ao som emitido por quem se pretende escutar;

. Armazenar (ou não) os sons captados;

. Retransmitir (ou não) a escuta através de meios tecnológicos.

Os microfones usados nas escutas ambientais podem ser direcionais, com uma parabólica para mais fácil captação dos sons à distância para onde os aparelhos sejam direcionados, e os microfones micro (os mais utilizados), normalmente fabricados em carbono para evitar a sua deteção, usualmente instalados junto ao local onde se pretenda captar as conversações.

Existem microfones de contato colocados nas paredes de divisões contíguas, que captam a vibração dos sons nelas captadas, podendo ser utilizados dentro da própria parede quando da construção do edifício, ou a posteriori.

Este é um meio de escuta extremamente eficaz, uma vez que os sólidos são excelentes condutores de som. Além disso é conhecido por todos nós que basta encostar o ouvido a uma parede para confirmar este princípio.

Além disso, outros bons condutores de som são as canalizações e os sistemas de ventilação.

As janelas constituem também ótimos meios de escutas, dado que as vibrações sonoras são transmitidas aos vidros. Para este feito existem aparelhos de laser que apontados às janelas na mesma altura a que se dirigem, captam as vibrações a partir dos sons emitidos atrás delas e convertem-nas em som. É uma tecnologia extremamente eficaz em casos de vidros lisos, no entanto pode por vezes ser possível obter os mesmos resultados com vidros duplos ou triplos.

No caso das salas de reunião ou de uma sala destinada pontualmente para esse efeito da qual os espiões têm conhecimento atempado de um encontro que pretendem escutar, pouco antes da realização da mesma devem ser adotadas as seguintes regras:

. As salas devem ser verificadas quanto às janelas vistas do exterior, por forma a evitar eventuais escutas com aparelhos laser. Se necessário e como prevenção, pode encostar-se um aparelho de rádio ao vidro, cuja vibração sonora empastela os sons da sala para o espião;

. Atenção às pessoas presentes nas reuniões, as quais, mesmo sem saberem, podem ser portadoras de um equipamento de escuta. Sendo que o telemóvel, por exemplo, mesmo que desligado pode perfeitamente funcionar nesse sentido. Para segurança do ocorrido na reunião, os telemóveis devem de ficar fora da sala antes do início da mesma;

. Aparelhagens de som, telefones fixos computadores ou televisores, devem de igual modo ser interditos no espaço;

. Sempre que possível, verificar com um detetor apropriado a existência de microfones ocultos.

A camuflagem dos microfones destinados a escutas ambientais variam das mais diversas formas instalados em:

. Teclados e ratos para computadores;

. Dentro de paredes, tetos e pavimentos;

. Dentro de televisores, de rádios e aparelhagens de som;

. Em canetas, isqueiros, máquinas de calcular, relógios de

pulso e porta-chaves;

. No interior de secretárias, armários e outros mobiliários;

. Dentro de interruptores, de fichas elétricas e

transformadores de corrente;

. Em condutas de ar condicionado e sistemas de ventilação;

. Em botões de lapela ou de camisa;

. Dentro de telemóveis e telefones fixos.

Estes são alguns exemplos de artefactos para espionagem ambiental que o leitor poderá encontrar em lojas online da especialidade na internet.

E mais uma vez, tal como referido no artigo anterior desta série, atenção aos equipamentos de Bluetooth, que constituem atualmente como que uma «moda» para a realização de escutas ambientais.

Ao contrário do que a maior parte das pessoas pensa o raio de ação destes equipamentos consegue alcançar centenas de metros através de antenas especiais dotadas de amplificadores de sinal que podem ser adquiridas nas «lojas da especialidade», sendo que, por exemplo, os automóveis com equipamentos de mãos livres constituem um excelente alvo para os espiões, além dos ratos e teclados sem fios.

Pedro Pereira

(No próximo número: VII – um Mundo Sem Privacidade - Notícias versus Informações )

 

 

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