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O cidadão comum

15-04-2016 - Francisco Pereira

Ele há frases feitas e conceitos, parolos, que me irritam, por exemplo “universidade da vida”, “os notáveis” e uma outra “cidadão comum”, vem este arrazoado a propósito de um comentário que ouvi, onde alguém dizia qualquer coisa como, «…o cidadão comum está nas tintas para as opiniões…». Aquilo fez-me espécie, não que eu queira que o cidadão comum esteja atento às opiniões de quem quer que seja, quero lá saber, o que me irritou foi o epíteto “cidadão comum”, que raio é isso do “cidadão comum”?

Importa perceber que tipo de ser é esse “cidadão comum”, se olharmos para História recente deste mundo, veremos com muito pouco agrado, que o cidadão comum, foi aquele que ajudou Hitler no Holocausto, foi o cidadão comum que, enquanto a loucura homicida do III Reich atingia o clímax, olhava par o lado. Foi o “cidadão comum” que por medo, por desinteresse ou qualquer outra causa, não se importou com as opiniões dos outros nem com os seus alertas e gritos de ajuda, tendo desse modo sido conivente com a monstruosidade. Será esse o cidadão comum?

Ou será o “cidadão comum” aquele que durante quarenta e oitos anos, ajudou com o seu desinteresse a ditadura de Salazar, será esse o exemplo do tal “cidadão comum”, desinteressado, que espancou os seus conterrâneos enquanto cão de fila dos senhores, será esse o “cidadão comum” que a troco de dinheiro se tornou “bufo”, que vendeu os seus patrícios aos esbirros da ditadura, será o “cidadão comum aquele que foi fazer uma guerra longe do seu país defender os interesses miseráveis das elites esclavagistas medíocres, será esse o “cidadão comum”, o bufo pateta e homicida? Será esse o cidadão comum?

Será que o cidadão comum, é o sabujo, carneiro seguidista capado, que abana a cauda sempre que o seu dono e senhor levanta o mindinho, será isso o “cidadão comum” a que o comentário aludia, sinceramente fiquei sem perceber, uma coisa porém acredito ser verdadeira, ser cidadão é tudo menos comum, e em terras lusas, menos ainda.

Generalizar é sempre um acto gratuito e injusto, entre o branco e o preto existe um largo espectro de matizes do cinzento que fazem com que entre os extremos existam muitas combinações possíveis, ainda assim congregando as posições extremadas, continuo sem perceber o que será o tal “cidadão comum”, não será que somos todos cidadãos e comuns? O que nos diferencia é a nossa energia e capacidade de intervenção, a capacidade de resistir e morrer de pé ou ir mansamente até ao matadouro, por isso continuo sem perceber o que é isso do “cidadão comum”!

Francisco Pereira

 

 

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