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Uma tragédia à portuguesa? Com certeza!

01-04-2016 - Francisco Pereira

Lamentando profundamente as vítimas da infeliz ocorrência com uma carrinha que fazia transporte de emigrantes, não posso deixar de reflectir nas circunstâncias em que a tragédia ocorreu. Uma criatura mal saída dos cueiros 19 anos ao volante de uma viatura de 9 lugares onde viajam 13 pessoas, e depois lá se acendem velas e muito latim do missal, além do inevitável fatalismo luso.

Infelizmente há que dizer que era uma tragédia à espera de acontecer, infelizmente há que dizer que foi mais uma infeliz ocorrência, altamente evitável, que só aconteceu devido à proverbial maneira de ser do português dito cidadão comum, por outras palavras aconteceu por causa disto em que nos transformámos, deixamos de ser Portugueses e passámos a ser “tugas”.

A incúria, o laxismo, a falta de tacto e de civismo, levou a esta tragédia, como propiciou outras desgraças anteriores como a queda da ponte em Castelo de Paiva, o acidente ferroviário de Alcafache, do mesmo modo que provocam tantas outras centenas de pequenas tragédias pessoais.

Este travesti de Português, este “tuga” que hoje somos, cheio de gadjets electrónicos, roupinhas farsolas, penteados abichanados, unhacas de gel e discursos duma indigência intelectual atroz, é avesso à Lei e ao seu cumprimento, é avesso às regras e ao seu cumprimento, e quando acontece a desgraça, culpa deus, o diabo e sei lá que mais, ao invés de assumir a sua quota parte.

E a “tuguisse” espalhou-se a toda a administração pública, pelas polícias, pela Justiça, e por todas as instituições nacionais, aliás é hoje raríssimo encontrar um Português digno de usar esse nome, a propensão para a imbecilização colectiva, notasse nas pequenas coisas, que são o indício mais claro de que no geral o mais normal será descambar.

Exemplos não faltam, por exemplo, um passeio com carros estacionados em cima, para os ditos cidadãos comuns irem a um estabelecimento beber café e comprar carcaças, não interessam as dificuldades dos peões, o guarda “tuga” passa e como o dono do estabelecimento é pessoa de muita importância, sim a labreguice do século XIX ainda existe, o senhor guarda “tuga” assobia para o lado, quem está dentro do estabelecimento tem de sair com cuidado, porque senão arrisca a levar com um qualquer cidadão comum, daqueles que se está nas tintas para o civismo e para o respeito pelas pessoas que circula por cima do passeio, assisto a isto diariamente.

Outro exemplo a que assisto todos os dias, à porta de uma escola, os miúdos saem despreocupados, erro crasso, porque à porta dessa escola, existem imbecis perdão cidadãos comuns, que dentro dos carros fazem manobras e mais manobras, entupindo a saída dos miúdos, à espera de provocar um qualquer acidente, num dos mais patéticos episódios daquilo que é o “tuga”.

Se considerarmos que há quase 47 anos que o Homem foi e veio à Lua, não existirá uma alminha, das muitas lautamente pagas e vagamente inteligentes, que apresente uma solução para que a saída dessa escola seja efectivamente segura, tanto programa de escolas seguras e tanta patranha, e ao fim ao cabo continuamos nesta “tuguisse”.

Os acidentes acontecem! Claro que sim, e mais acontecem se o laxismo, a incúria e a falta de civismo forem como são em Portugal o mote de um fado da desgraça, que volta e meia se faz ouvir. O acaso não precisa de ajuda, e nós gostamos muito do verbo “desenrascar”, sinónimo muitas vezes de incúria, de incompetência e de falta de organização, características tão caras aos “tugas”.

Francisco Pereira

 

 

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