Terrorismo, Refugiados e Hipocrisia

01-04-2016 - Eduardo Milheiro

Não sendo um assunto fácil de tratar, também não é um bicho-de-sete-cabeças falar sobre o tema e tentar desmistificar e esclarecer algumas coisas sobre esta matéria.

Só posições xenófobas e racistas podem insinuar ou mesmo afirmar que os refugiados são terroristas que vêm fazer actos na Europa matando europeus.

Se analisarmos os atentados recentes de Paris e Bruxelas, todos os terroristas são Europeus, nascidos e criados numa Europa que deixou crescer estes monstros, nalguns casos com uma perfeita incúria, pois um dos terroristas suicidas, que morreu quando explodiu a bomba, tinha sido deportado pelas autoridades Turcas para a Europa, tendo sido de seguida libertado pelas autoridades belgas.

Para tornar mais negra toda esta situação, os Franceses e os Belgas são os principais fornecedores de armas à Arábia Saudita e ao Qatar que, por sua vez, as fornecem aos terroristas Islâmicos do ISIS e do DAESH.

A hipocrisia destes Países traduz-se numa falta de respeito pelo seu povo, que têm sido vítimas dos atentados terroristas com as inúmeras mortes de homens e mulheres em nome de nada, a não ser em nome da barbárie assassina dos jihadistas.

Com a chamada “Primavera árabe”, a Europa e os americanos desequilibraram as forças nos Países Árabes, sendo que já tudo se vinha complicando depois da intervenção no Iraque, fruto de uma conspiração organizada por Bush, Blair, Barroso e Aznar, firmado no célebre acordo dos Açores.

Toda esta gente pôs o Médio Oriente a ferro e fogo, dando origem ao ISIS e do DAESH, essas organizações criadas por criminosos extremistas islâmicos, e o mais grave é que têm vindo a engrossar as suas fileiras com europeus islâmicos.

A tudo isto não é estranho o financiamento de que esta gente precisa para desenvolver a sua actividade criminosa e terrorista. As receitas vêm principalmente do petróleo que roubam e vendem às grandes empresas de combustíveis, na sua grande maioria europeias, americanas e chinesas, é a hipocrisia no seu limite. Como podemos combater alguém se temos negócios com eles e somos a sua maior fonte de financiamento?

Penso que a solução do problema e da segurança na Europa não se resolve com guerra, resolve-se com medidas políticas e é de bradar aos céus ouvir as nossas ministras da Justiça e da Administração Interna dizerem, na última reunião de emergência a seguir aos atentados de Bruxelas, as medidas aprovadas por ocasião dos últimos ataques em Paris, que nunca foram implementadas pela União Europeia, qual a razão?

É tudo muito estranho nesta Europa. Parece existir por detrás disto uma teoria da conspiração, eu não o sei, mas que há qualquer coisa há, ou será só incompetência ou uma grande confusão de estratégia e de geopolítica, ou pode-se ainda tratar de uma Europa que anda ao sabor do vento.

Mas volto a salientar: não são os refugiados que são terroristas, são Europeus de descendência árabe.

Veremos o que nos diz o futuro, mas não acredito em nada de bom.

A este propósito, não posso deixar de vos dar a ler esta frase do Noam Chomsky:

«Estão todos preocupados em acabar com o terrorismo. Bem, há uma forma fácil: deixem de participar nele.»

Eduardo Milheiro

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