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Adios Miro

07-02-2014 - Francisco Pereira

Falamos com o à vontade de alguém que até não nutre especial simpatia por Joan Miro i Ferrá o artista catalão, com cujos quadros, os bandalhos do BPN, inteligentemente forraram as paredes da sede dessa organização criminosa. Num arroubo de espanto assistimos impávidos à completa falta de senso da sua venda e leilão, estamos realmente num país de patéticos merceeiros, que vendem ao desbarato, pobre país, que anda à mercê de semelhante gentalha!

Vivemos tempos de abastardamento, onde um pobre diabo que pomposamente se apresenta como Secretário de Estado da Cultura, como se a Cultura interessa-se a esta gente, faz de tudo para, ao invés de defender a manutenção da colecção de Miro, dizíamos, faz de tudo para justificar a alienação de tão importante património. Triste gente esta!

Nem a propósito tropecei com esta interessante leitura, diz o autor «… um mundo exaurido por impostos esmagadores, ruína financeira de grandes segmentos da população…», o autor continua ainda lamentando a perda da identidade cultural e o desinteresse pela cultura, criticando o vazio intelectual e a boçalidade instaladas na sociedade, «No lugar do filósofo era chamado o cantor, e no lugar do orador o professor da arte de encenar, e enquanto as bibliotecas eram encerradas…» E ainda mais pungente observava que «…as pessoas conduzem… em velocidade alucinante pelas ruas apinhadas de gente».

Parece-vos familiar? A proximidade à realidade atrás descrita, mostra-nos que o conhecimento e a cultura são essenciais para a coesão de uma sociedade e de um Estado, pior se vos dissermos que quem escreveu aquelas linhas o fez há mil e seiscentos anos, numa obra intitulada “Res Gestae”, que cobre os anos de 353 d.C. a 378 d.C. o seu autor o militar e político Amiano Marcelino, revela o desencanto numa sociedade que havia perdido as suas referências culturais, particularmente inteligente e premonitório, Amiano conseguiu prever a catástrofe que se avizinhava, cerca de 70 anos depois da sua morte Roma caía sob os golpes das hordas bárbaras.

Se recupero os episódios descritos por Amiano é porque também Portugal soçobra afogado pelas hostes da barbárie, a barbárie desta vez tem cara dos bancos, dos mercados e de outras organizações de especuladores e abutres da alta finança, que vivem a sugar os países mais débeis, governados por uma casta de indigentes intelectuais, que infelizmente não conhece a História, que pouco interesse tem em livros, em arte, que infelizmente à cultura atribuiu pouco ou nenhum valor, que ao conhecimento atribuiu pouco ou nenhum valor, uma casta de rebotalho, que vive de expedientes e politicas rafeiras as mais das vezes atentatórias do brio nacional, mas que singra e medra porque já os seus avoengos o faziam do mesmo mudo e imperturbáveis os seus netos lá estarão também alcandorados nos píncaros do poder a viver à custa do povinho cada vez mais imbecil e desumano. Por isso dizemos “Adios Miro”, a venda assim de supetão de tantos quadros de um importante pintor, é o acto de um governo de imbecis, prova final da incapacidade, da falta de preparação destas gentes para tão grada tarefa, como esta de governar!

Francisco Pereira

 

 

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