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Na terra dos passeios tristes

19-02-2016 - Francisco Pereira

Existe uma terra, lá nas profundezas do mundo, a que deram o nome de “Terra dos passeios tristes”, nessa terra podemos passear à vontade por encantadas ruas, perfumadas com o odor a urina e a trampa de cão, enfeitadas com todo o tipo de detritos e lixarada que os habitantes a todos os títulos excepcionalmente suínos, dessa terra encantada, louvada em filmes promocionais, deitam para o chão.

Na “Terra dos passeios tristes”, existem passeios para todos os gostos e de todos os tamanhos, existem passeios pequeninos pouco maiores que um palmo, existem passeios assim-assim com lixo e cocós de cão, existem passeios grandes, com lixo e cocós de cão, e existem passeios de tamanho intermédio com lixo e cocós de cão.

Cada passeio tem a sua específica função, ele há passeios para postes de iluminação, passeios para contentores de lixo, passeios para estacionar carros, passeios para árvores, passeios para caixas disto e daqueloutro, passeios para andar de bicicleta, passeios privados e até alguns, bem poucos, passeios aonde uma pessoa pode efectivamente passear.

Na “Terra dos passeios tristes”, não se faz distinção, tanto mal usa o passeio o sapateiro como o doutor, irmanados na justa e santa ignomínia dos pobres de espírito, porque como é sabido é dos ignorantes o Reino dos céus, dos ignorantes e dos labregos, que por lá na “Terra dos passeios tristes”, existem aos magotes, patetas alegras numa terra de tristes passeios.

De resto é vê-los aos tristes, passeios, cheios de mamarrachos e artefactos, zingarelhos e tralha pespegados no meio, fazendo com que os eventuais peões tenham de ir para a estrada, correndo o risco de serem atropelados pelos alucinados automobilistas desse reino, os mesmos que lhes estacionam em cima, gente finíssima, impoluta, civilizadíssima e intelectualmente superior. Outros passeios pejados, atulhados e massacrados com caixas, caixinhas e caixotes, vasos, grades, motas e motoretas, bicicletas e outras anacletas, que de tantas, muitas vezes mal se distingue a cor das pedras da calçada.

Na “Terra dos passeios tristes”, passeios existem, onde duas formigas mal se cruzam, onde o pobre transeunte mal cabe lá em cima, na “Terra dos passeios tristes”, um qualquer escriba ao descrever uma cena, tem que escolher bem o passeio para dizer que “ o senhor Anacleto se cruzou no passeio com o senhor Marquês” isto porque naquele terra são poucos os passeios onde as pessoas se podem realmente cruzar, sem entrechocar, esbarrar e marrar.

Na “Terra dos passeios tristes”, inventaram-se os passeios rebaixados que claro, deixaram de ser passeios e passaram a ser estrada, que coisa mais tresloucada.

Naquela terra de passeios tristes, os ditos servem para tudo excepto para passear, que os locais parecem não gostar, preferem os passeios usar como extensão da estrada, para estacionar, bicicletar, arrumar, plantar e outras coisas acabadas em «ar» que manda a decência não falar e menos ainda escrever.

Na “Terra dos passeios tristes”, a gente começa a cogitar, – pra quê gastar dinheiro em passeios que ninguém pode usar – pois o melhor será mandar aquilo tudo às malvas e pura e simplesmente alcatroar, que é moda, dizem, que a cada eleição um voto por alcatrão, chiça que cara sai a votação, mas em terra de cego que tem alcatrão é rei, não fala assim o adágio, mas este é melhor para esta ocasião.

Na “Terra dos passeios tristes”, de tristes gentes e tristes os passeios que servem para tudo menos para a missão que afinal foram concebidos na Antiguidade, apesar de terem sido quase esquecidos durante a Idade Média, que dizem ser das Trevas, também para os passeios, porém na “Terra dos passeios tristes”, parece que ainda hoje, seis centos de anos passados do medievo tempo, desconhecem para que servem os ditos, andam por isso tristes, os pobres dos passeios.

Ó caro leitor esta terra é muito longe, duvido que a conheça, nem que conheça terra igual, pois seria muito mau se tal coisa existisse perto de si, afinal só se provaria, que pouco evoluímos e que continuamos aqueles macacos boçais medievais, apesar dos doutores e dos telefones espertos, parece até que a esperteza foi toda para os telefones, tal é a incapacidade asinina dos seus utilizadores!

Francisco Pereira

 

 

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