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HOSPITAIS

15-01-2016 - Henrique Pratas

Nós dizemos que os Hospitais funcionam mal mas às vezes emitimos uma opinião sem ter vivido uma experiência connosco, com algum familiar ou amigo ora com uma experiência bem recente partilho convosco aquilo que geralmente afirmamos isto não funciona.

Um familiar caiu em causa e queixando-se com dores e tendo dificuldade em colocar-se de pé, encaminhámo-lo para o Hospital da sua área de residência. Chegado lá foi acolhido nas urgências, feita a triagem foi-lhe atribuída a pulseira amarela, realizados todos os exames auxiliares de diagnóstico, o diagnóstico foi fratura do fémur. Convém aqui deixar o quadro clinico do paciente, trata-se de uma pessoa com 84 anos com Alzheimer, apenas com um rim e com diabetes, situação que é controlada diariamente.

Quando nos preparávamos para o acompanhar naquelas andanças foi-nos logo vedado o acompanhamento de qualquer familiar próximo. Ficámos na sala de espera muito contrariados, mas as regras eram aquelas o que fazer. Depois de umas largas horas de espera e angústia sem saber o que se passava e depois de ter avisado toda os intervenientes que a pessoa tinha a doença de Alzheimer e que de um momento para o outro poderia desaparecer ou desorientar-se, veio o diagnóstico fratura do fémur e consequentemente a “proposta” de tratamento da situação, operação e o mais rápido possível. Aí ficámos em pânico tendo em conta as doenças que sofria, tentámos falar com o médico e saber mais pormenores mas nada, o mais que se conseguiu foi falar com um enfermeiro que lá nos deu uma “panorâmica” do que se estava a passar. Como ele toma medicação diária para atenuar as doenças que padece com indicação das horas a que as tomava.

A operação ocorreu logo na manhã de domingo por volta das 10 horas, tentei ligar para saber alguma coisa para a sala de recobro e foi-me dito que ainda não tinha sido operado ninguém naquele dia, pensei, mau, dei o nome da pessoa e do outro lado do telefone alguém me disse que ia ver melhor, pediu-me para esperar, esperei, pois que podia eu fazer e passado uns instantes que pareceram uma eternidade, a mesma pessoa que me tinha dado a informação anterior, disse-me deste vez que a pessoa tinha acabado de entrar no Bloco Operatório, fiquei estarrecido como é que uns segundos antes não tinha entrado ninguém no Bloco Operatório e depois a pessoa já estava a ser operada, fiquei preocupado à séria, pois se para saber uma informação em frações de segundo a mesma tinha mudado de situação em cerca de 180.º, mudou a informação de forma mais rápida do que o Marcelo Rebelo de Sousa muda de opinião, pensei para os meus botões ora cá está mais um sério candidato à Presidência da República, como é que seria o resto. Bem lá me aguentei e voltei a repetir as doenças de que o paciente sofria, ouviram-me, esperando que tivessem tomado a devida nota, viria a saber mais tarde que não registaram rigorosamente nada, apenas recebi como resposta que poderia voltar a ligar por volta das 12 horas para saber como tinha ocorrido a cirurgia mas que visitas naquele dia nem pensar e para além disto foi-me dito para que rezasse para que tudo corresse bem. Ao ouvir esta recomendação fiquei colocado à cadeira e não disse nada a ninguém, pois postas as coisas daquela maneira interpretei-a como sendo uma situação delicado e como a vida do meu familiar tivesse em causa. Pensei em desabafar coma minha mulher, mas não depois de pensar não lhe disse nada, para que ela não ficasse preocupada. Como ela me conhece muito bem questionou-se sobre o que se passava, como não omitimos nada um ao outro dei uma versão mais soft do que me tinham dito, de tal forma que ela reagiu bem.

Como não gosto de ficar parado e não aceito estas imposições vindas não sei de onde, falei com algumas pessoas e conseguimos passar a tarde junto do paciente no recobro, enfim vivemos no País das cunhas, das ordens e contraordens, dos esquemas, apesar de não gostar disto quando temos alguém em situação delicada ou alinhamos no sistema ou ficamos de fora de todo o processo à espera do que venha a acontecer.

Uma vez que conseguimos abrir as portas, ontem a mulher passou o dia todo com ele, o médico já veio falar connosco informando-nos do que tinha sido feito deu-nos até cópia da ressonância magnética que tinha sido realizada antes e depois da cirurgia e de forma delicada informou-nos que hoje ele próprio acompanhado de um fisiatra iriam lá para o por em pé, de acordo com a opinião do médico a melhor cirurgia era ele dar pequenos passos e irá ser assim até sexta-feira dia até ao próximo dia 15 de janeiro e em função da evolução teria alta ou não pois poderia fazer tudo isto em casa e escusava de estar no Hospital.

Achei as coisas muito rápidas mas perante tanta segurança nas afirmações produzidas calei-me, porque de medicina não percebo nada, mas tomei conhecimento que a medicação que ela tomava e que demos conhecimento a todos os intervenientes neste processo não lhe estava a ser dada porque a mesma não existia na farmácia do Hospital, aí não gostei e respondi porque é que não disseram que nós levamos-lhe o que tínhamos em casa ou se fosse necessário iriamos comprá-la.

Como reparo em tudo e apesar dos seguranças e funcionários do Hospital vi um doente em pijama sair para a rua, chamei a atenção para quem de direito e não fizeram caso, sim um senhor de uma respeitável idade vestido apenas com o pijama saiu para a rua do Hospital onde está internado e se estava a soprar um vento frio, aí independentemente de chamar à responsabilidade quem a deveria ter, demonstrei a minha indignação e só me calei quando foram buscar o senhor para dentro do Hospital.

Não vos quero maçar mais com estas minhas histórias só pretendo acrescentar que a sorte de uma pessoa é escapar a todas estas coisas.

Henrique Pratas

 

 

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