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Outros tempos

08-01-2016 - Francisco Pereira

Foi descoberto um poema antigo, sobre uma terra desconhecida e antiga, da qual se perdeu a localização actual, sabendo-se que ficava na Ibéria, onde ao que parece os habitantes não eram lá muito higiénicos, ao que parece os passeios lá de terra estavam cheios de trampa de cão, coisa de que o poeta Homerdo, contemporâneo de Homero, nos fala, desapontado e triste.

Como isto foi há muitos séculos, no tempo dos deuses da Grécia, trazemos esse poema para que o leitor compare com os dias de hoje em que estamos tão mais civilizados e cívicos.

Francisco Pereira

Cagalhíada
Por Homerdo

Longe vá o agoiro, que o mal não se deseja,
aos filhos dos Aqueus, a quem o pai Zeus,
o eterno, declarou amor sem fim.
Desde esses tempo que não se via algo assim,
pelos passeios dessa plana Meirim,
poias, bostas, troçulhos, engulhos e cagalhões,
embotam o pé das donzelas e dos varões,
desses nobres filhos da lezíria,
nessa terra dos fins das colunas de Hércules o poderoso,
vivem esses comedores de caralhota domadores do tinto aquoso,
martelado por Hefesto nas caves do Hades.
As alvas pedras dos passeios, jazem maculadas,
em tons pastel, conspurcadas de amarelo oirado,
de castanho cagado, eivadas do troçulho infame,
derreado em terra pelo canídeo malvado,
conivente o dono bastardo.
Oh Hera, mãe dos deuses, Oh fero Apolo,
vede que estes de Meirim, em trampa transformam as ruas,
dos seus antepassados imaculados,
e no meio de tanto despautério,
nem falta quem leve o cão a cagar à relva do cemitério.
Ainda Hermes não aparelhou a sua temerosa quadriga,
e já os escravos do troçulho, esquecidos da longa lança,
atravessam as ruas e parques da nobre cidadela,
curta e comprida a trela,
e com os rafeiros à reata, vão cagando e mijando
enquanto vão andando.
Forte Bóreas os leve, o suão Zéfiro os asse,
e para longe do magnífico Olimpo os enterre.
Vede Zeus magnificente, pai de todos e de tudo sabedor,
como sujam a própria terra esses javardos de Meirim.
Ò gentes sem temor.
Ó gentes sem higiene, sem civismo e ruim.
Tirésias o de Tebas, por lá com desdém andou,
Oh imundos, que mais cegos são que eu,
terá dito o profeta preclaro e forte no saber,
desses suínos discípulos de Dionísio,
veremos na ágora erguer-se, um templo
ao troçulho.
Mil vestais, velas e libações,
porque afinal aquele é um país de cagalhões!

(…)

Homerdo de Cnossos

 

 

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