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ARREPENDIDO, CONFUSO

06-11-2015 - Henrique Pratas

Não gosto da palavra do utilizei para dar o título ao texto que vou escrever, mas é um sentimento que me assola, quando acontecem na nossa sociedade que eu considero como execráveis.

Este arrependimento decorre do facto de logo ao 25 de abril de 1974 terem ocorrido como sabem saneamentos em escolas, empresas, organismos públicos enfim em todos os sectores de atividade da sociedade portuguesa. Eu ao tempo frequentava a Escola Comercial Veiga Beirão e também aí existiam pessoas que reuniam as condições para serem saneadas, ou porque eram incompetentes, ou eram informadores da PIDE e com esse estatuto deram cabo de alguns de nós.

Mas indo aos factos, um belo dia fechámos a Escola com todos os professores lá dentro incluindo os que reuniam as condições descritas anteriormente, isto foi meticulosamente preparado e quando conseguimos que todos os professores lá estivessem dentro tomámos conta das saídas e das entradas.

Nós alunos reunidos em plenário no pavilhão desportivo da Escola, com as portas fechadas e já com a participação de colegam meus que já eram militantes de partidos como o PS, o PCP, o MRPP, a LCI, tinham posições que eu meu entender eram muito rígidas, os professores ou saiam pela porta ou o desejo maior era que saíssem pela janela, tal e qual como o Miguel Vasconcelos, no tempo dos Filipes de Espanha. Na altura com 18 anos acabadinhos de fazer no dia 27 de abril e cheio de utopias, achei que tudo estava s ser muito precipitado e considerei que aquela não era a melhor atitude, como tenho capacidade de liderança e não estava obrigado a nenhuma obediência partidária subi ao palanque e expressei as minhas ideias e argumentei com todos os que defendiam a posição de enviar os professores na janela, a refrega foi dura mas consegui vingar a minha posição e fui o mediador entre os meus companheiros e os professores que estavam fechadas na sala de professores a 7 chaves, alguns deles completamente borrados, na verdadeira aceção da palavra e algumas professoras estavam perfeitamente e irremediavelmente urinadas.

A minha luta foi realizada no sentido de que não devíamos tratar os professores como nos tinham tratado a nós e que na minha opinião os devíamos deixar sair pela porta sem que ocorresse qualquer tipo de violência. Esta negociação levou umas boas horas porque os meus companheiros estavam muito revoltados e acicatados pela janela de oportunidade que lhes tinha sido aberta em 25 de abril de 1974, queriam pagar-lhes na mesma moeda. Eu que não era filiado nem sou em nenhum partido, porque gosto de pensar por mim próprio e exprimir as minhas ideias e não ficar sujeito a qualquer tipo de dogmas ou outro tipo de imposições, mas estive, estou e estarei sempre disponível para colaborar com qualquer um deles desde que seja para defender os direitos dos trabalhadores e melhorar as condições do País, de uma forma que considero impoluta, sem tirar proveito da situação e de tudo fazer em prol daqueles que a única coisa que possuem para “vender” é a sua força e capacidade de trabalho.

Depois de muita argumentação e alguma ponderação consegui que a minha posição fosse aceite por todos e os professores, independentemente de serem saneados e afastados da Escola foram-no por razões objetivas e saíram pelo seu próprio pé. Na altura achei que fiz o mais correto.

Mas existe sempre um mas, quando ontem ouvi que Ricardo Salgado viu a sua pensão de reforma aumentada de 29.000,00 € para 97.000,00 € com retroativos a setembro de 2014, o que lhe dará mais 1.000.000,00 € de euros, aí questiono-me e ponho em causa a decisão que eu tomei e fico na dúvida se fiz bem ou mal e a dúvida instala-se no meu espirito.

A decisão tomada é no mínimo aviltante, tendo em conta todas as habilidades, ainda vai ter uma pensão deste nível? Mas mais não é só aplicável a ele é a toda a pandilha que lhe prestavam vassalagem.

Istomeusamigos é inqualificável como é que é possível pagar uma pensão deste valor a um a pessoas que fez as habilidades financeiras que fez e que deu origem ao desabamento ao Grupo Espirito Santo, com consequências para alguns dos depositantes e uma pessoa que trabalha uma vida inteira, com brio profissional e cumpre escrupulosamente com todas as suas obrigações tem que sobreviver com uma reforma perto dos 500,00 € ou menos.

É nestas alturas que ponho em causa se a posição que tomei e vos descrevi no inicio do texto foi a mais correta, porque acho esta medida simplesmente aviltante, desrespeitadora e uma desconsideração inusitada para a maioria dos trabalhadores portugueses.

Henrique Pratas

 

 

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