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O maravilhoso mundo de um parque de estacionamento!

06-11-2015 - Francisco Pereira

Viver próximo de um parque de estacionamento é uma daquelas experiências inolvidáveis, pela muito informação de carácter sociológico e comportamental que um observador de ocasião consegue obter.

Enganam-se aqueles, que olham para um parque de estacionamento e menosprezam as suas potencialidades vendo apenas o superficial do local, olhando aquele espaço aparentemente sem vida, como mero sítio de aparcamento de viaturas.

A fauna que se esconde num parque de estacionamento é algo que daria um excelente documentário, daqueles que passam na televisão, essa fauna oculta-se muitas vezes à vista de todos, e não parece aos olhos menos atentos das pessoas, algo que deva ser digno de nota, outras vezes não se vê excepto se estivermos atentos e olharmos com olhos de alma, nessas alturas poderemos ver o furtivo felino que pata ante pata de orelhas arrebitadas atravessa o alcatrão puído, ou a desprezível ratazana que passa a correr depois de visitar as imediações do contentor do lixo.

Também ali acode de quando em vez o melro assustadiço, o pardal de telhado espertalhão e até a coruja branca que lança o seu grito de domínio territorial anunciando ao mundo de almas tementes que ali, é ela a rainha.

Mas a fauna mais interessante é a de duas patas, e aparece ali, em várias subespécies, uma delas é o “aparvalhado do carro”, criatura cretina que gosta de fazer «peões» com o chaço, travagens e acelerações, um destes dias foi por muito pouco que um destes artistas parvos não desgraçou a traseira de uma viatura estacionada, este é um tipo de espécie a todos os títulos detestável, mas que aparece muito nestes espaços.

Outra subespécie do género (quasi) Homo, é a subespécie do “Mijinhas”, desconfiado e previdente, usa os espaços atrás das viaturas estacionadas para se aliviar, tem imensa piada vê-los, olham para um lado e para o outro, alguns até assobiam, para que não se oiça o barulho da micção a bater no chão, alguns até limpam as mãos às paredes, após o acto mictório, afastam-se, por vezes para entrar numa qualquer casa próxima, onde poderiam convenientemente desfrutar de todo o recato e higiene utilizando o sanitário seguramente existente na habitação, mas como os hábitos de higiene não são dos melhores, aliviam-se ali mesmo ao ar livre.

Outra interessante subespécie são os “porcos dos cãezinhos”, são senhoras e senhores muito bem postos, que passeiam os seus adoráveis rafeirecos pulguentos pelos parques de estacionamento para que os coitados dos canídeos, possam aliviar-se nas rodas dos carros por ali estacionados e defecar nos passeios circundantes, numa grande orgia de trampa e falta de higiene, são super interessantes estes defensores dos animais, aos quais estimo na melhor das hipóteses que um dia alguém lhes atire uma poia às trombas ou mesmo que lhas parta com um pau de marmeleiro.

Nos dias mais longos do estio, em que as noites acalentam as gargantas e os corpos, outra subespécie nos desperta com os seus gorjeios nocturnos, são os “bêbados” e as “bêbadas”, rapaziada que sai dos bares a altas horas da madruga, e de volta aos carros, para um momento para reflectir acerca do significado da vida, ligam os auto rádios em altos berros, fumam ganzas aos quilos, conversam como se fosse dia, arreiam as calças e as saias, defecam, mictam e fazem sexo qual cães e cadelas com cio e pronto, meia hora depois seguem os seus destinos, na maioria são jovens, o que nos leva a pensar que se o nosso futuro depende disto, estamos bem tramados.

Outras subespécies que povoam os parques de estacionamento caberiam nesta croniqueta, mas por exiguidade de espaço faremos apenas breve referência às prostitutas, aos infiéis, aos arrumadores, aos cata caixotes do lixo, aos porcalhões que atravessam o parque a cuspir para o chão e a atirar lixo para o chão e às alcoviteiras que conseguem estar duas horas paradas no mesmo sítio a falar da vida dos outros.

Num parque de estacionamento cabem as infidelidades, os negócios claros e escuros, as traições e as confusões, num grande repositório das misérias humanas.

Ora não se diga jamais que um parque de estacionamento é um local desprovido de interesse!

Francisco Pereira

 

 

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