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Olívia Ribau

23-10-2015 - Francisco Pereira

Numa terça-feira aziaga, do mês de Outubro do ano da Graça de Nosso Senhor de 2015, o arrastão, Olívia Ribau com sete almas a bordo, vira de bordo ao tentar entrar à barra do Porto da Figueira da Foz, a escassas dezenas de metros da costa, 5 homens perdem a vida, felizmente por fortuito acaso, conduta para além do dever, altruísmo e heroísmo, esperamos que ao menos condecorem o homem, dois foram salvos por um elemento da polícia marítima que em boa hora se fez ao mar e os salvou.

Em 2006, outra embarcação de pesca, o Luz do Sameiro, sofreu também um golpe de mar a escassas dezenas de metros da praia junto à Nazaré, que levou a perda de seis vidas tendo-se salvo apenas um tripulante.

O que mudou desde 2006 até agora? Nada! Ou antes, mudou para pior, dado que a exiguidade de meios a falta de preparação, a falta de meios humanos e materiais e a incúria dos governantes leva a estas mortes. Podem até argumentar que os homens não levavam coletes, mas ninguém resiste horas esquecidas em condições extremas à espera de um salvamento que nunca chega, se estivéssemos a falar de um naufrágio a 6 ou mais milhas da costa, ainda seria possível entender que demorem uma hora, ou mais, a chegar, nos dois casos os náufragos estavam a meras dezenas, vou repetir, MERAS DEZENAS, de metros da costa.

Pomposamente no sítio da Internet a autoridade marítima anuncia que a costa portuguesa possui 31 estações de salvamento, na prática 11 não servem para nada, não possuem sequer equipamentos, das restantes, 20, o panorama situa-se entre o miserável, e o menos mau, sendo que absolutamente nenhuma das estações possui nem equipamento nem meios humanos em quantidade e qualidade.

Ao todo nestas 31 estações estão a prestar serviço uma centúria de homens o que dá uma média aritmética de 3 elementos por estação, o que é claramente insuficiente e que coloca o socorro a náufragos na ridícula contingência de só se poder morrer afogado na costa portuguesa das 9 da manhã às 18 da tarde, fora desse horário de expediente salve-se quem puder.

Tal estado de miserabilismo num país que desde há uns tempos anda a encher a boca com o mar, ainda bem que não é com bolo-rei e asneirada, como de costume, é ridículo. Este país e os seus governantes são miseráveis, e são em última instância os culpados por este estado de coisas e por estas mortes, que deviam envergonhar este país, que infelizmente já perdeu a vergonha, dado ser um país de sem vergonhas.

Um país apostado no Mar como fonte de desenvolvimento, como gosta de apregoar o gasolineiro de Boliqueime e a sua pandilha de anões intelectuais, não pode querer fazer essa aposta quando as estruturas essenciais para esse tal desenvolvimento, assentam em bases tão miseráveis.

A Marinha de Guerra a única coisa que parece possuir com fartura é comandantes, tanto assim é que a sua maioria nem um bote daqueles que andavam no lago do Campo Grande comandou, a Marinha Mercante, é uma dor de alma, contará em números redondos com pouco mais que uma centena de embarcações, para que se perceba a tragédia diga-se que a Suiça que nem mar possui conta com quatro dezenas de embarcações, a frota pesqueira foi vendida ao desbarato pelo gasolinas de Boliqueime que agora enche a boca com o Mar como projecto de futuro.

Ora um país, apostado no Mar como factor de desenvolvimento, tem de possuir uma política séria e clara no que concerne a todas as componentes dessa aposta. Tem de possuir portos de mar eficazes, com ligações ferroviárias decentes, portos competitivos, tem de possuir uma Guarda Costeira eficaz, com meios e dotação de meios humanos em quantidade e com formação adequada às missões, cabendo nessa instituição o socorro a náufragos, quer na época balnear quer ao longo do ano no socorro a embarcações, tem de ter meios navais e aéreos próprios capazes e orientados para as missões no mar, um país apostado em fazer do Mar um pólo de desenvolvimento, não poder ter a situação ridícula e patética que possui hoje, onde reina o disparate e a desorganização e a culpa é inteiramente dos governos e dos incapazes ineptos que por lá têm passado e nem vale a pena estar a distinguir entre esquerdas e direitas porque o rebotalho é o mesmo, o actual elenco é o perfeito exemplo disso, é mais do mesmo miserabilismo intelectual e inépcia.

O nosso sentido respeito e condolências às famílias dos pescadores falecidos, esperançados que estamos que tais funestos eventos não se repitam.

"P.S. – As remunerações do pessoal adstrito às estações de salvamento marítimo, compreendendo 5 postos, oscilam entre os 583.58 Euros no posto e índice salarial mais baixo (Posto de Marinheiro), até ao Posto mais alto (Patrão) e correspondente índice salarial que recebe 1047.00 Euros, o que é manifestamente miserável para quem tem de arriscar a vida!"

Francisco Pereira

 

 

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