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A Novela

17-01-2014 - Francisco Pereira

Jorge Amado, foi como é sabido, um prolífico romancista, que magistralmente conseguiu retratar uma determinada sociedade brasileira. Um carrossel louco de personagens fantásticas. Vivo fosse, e voltasse por exemplo a Almeirim, teria os ingredientes correctos para escrever um novo bestseller.

Putas, caciquismos, políticos corruptos, roubos descarados, tribunais que são farsas, perjúrio a troco de favores enfim o que se queira, na boa tradição novelesca de Amado. As redes de compadrios, os favorecimentos a terceiros, a apropriação de bens públicos a pequena corrupção, tudo o que faz de nós uma terreola de terceiro mundo num país de terceiro mundo, onde o chico-espertismo nacional aliado à proverbial lãzeira intelectual endémica do indígena, produz as mais fantásticas aberrações.

Os politiqueiros das terreolas pequenas, muitas vezes semi-analfabetos, outras vezes simples analfabrutos, gerem essas terrinhas do fim do mundo como os senhores feudais governavam os castelos e terras em redor dos tempos feudais, pelo meio as habituais teias de clientelismos, putedos e relações extraconjugais santificadas pela “vox populi” como prova da masculinidade do cavalheiro, ficando à pobre esposa reservada a alcunha sussurrada entre dentes de “cabaz de cornos”.

São estes edificantes exemplos de eleitos, que pontuam nas nossas terrinhas, mas os votantes gostam, adoram energúmenos corruptos e bandalhos que lhes comam as esposas e lhes fecundem as carteiras, é quase como que um gene que lhes foi instalado na memória colectiva, que os não deixa ultrapassar a condição de carneiros capados, pobres diabos ainda vergados pelos grilhões da servitude da gleba a que os seus avoengos de antanho estavam mais que habituados.

A imaginação de Jorge Amado, fica porém muito aquém da realidade, as suas piores personagens, tem sempre uma qualquer boa qualidade que os redime, a realidade é no entanto muito mais atroz, as personagens reais, são uns bandalhos, putanheiros, corruptos, mal formados e desprovidos de carácter de honra de honestidade, nada possuem de qualidades que os possam remir, excepto uma capacidade camaleónica de mimetizar sentimentos, afectos e honradez que na verdade nem sentem nem possuem, mais uma vez a realidade está muito além da imaginação!

Francisco Pereira

 

 

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