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Um conto de Outono

25-09-2015 - Francisco Pereira

Na terra da Laparónia, a azáfama ia desenfreada, qual brisa marinha a perpassar por entre a folhagem dos salgueiros chorões. Os láparos corriam para as escolas, os pais desesperavam com o custo dos materiais, dos manuais e demais alucinantes desperdícios que lhes pediam.

Os professores desesperavam por horários, mas o ano escolar, que só agora havia arrancado, já tinha muitos alunos que apenas decorrida uma semana continuavam sem professores, os concursos para a colocação dos mesmos eram a mais prodigiosa das insanidades, os pobres andavam em bolandas de toca em toca à procura de um local para exercerem.

Nas escolas públicas, mal projectadas e pior construídas falta de tudo, pessoal auxiliar, terapeutas, materiais e sobretudo condições, no entanto as escolas privadas floresciam e singravam, o actual governo liderado por Coelho Caminhante, cortava a eito na Educação pública e dava milhões, às escolas privadas dos amigos.

Nos ecrãs das televisões nomeadamente na Rádio Televisão da Laparónia, era ver o senhor Coelho a dizer que o actual governo tem a melhor Educação de sempre, o seu ministro Cratino a alinhar pela mesma bitola exultava e arrotava auto elogios, até o vizir do reino, Palato Portões, que tinha uma toca com dois portões que dava para os dois lados, da rua, vinha à televisão declarar;

- Olhe que não caro mamífero lagomorfo, olhe que não, a Educação dos nossos laparotos está de vento em popa e não corre o risco de bater na costa!

Claro que bastava ver o estado das coisas para perceber a grande patranha que ali se contava. Na Praia da Coelha, onde ficava o palácio do rei-presidente, Asdrúbal Boliqueime, nem uma palavra, essas coisas comezinhas, como seja a Educação do povaréu, não são temas suficientemente importantes, para merecerem a atenção do grande alertador do reino, que para seu único gáudio se fartava de alertar para evidências dignas de La Palisse, – Olhem que chove no Inverno – entre outras pérolas da sapiência.

Cratino, o grande ministro da Educação da Laparónia, exultava de contentamento, quase toda a gente quando falava dele, acrescentava o adjectivo grande, o ministro era sempre referido como sendo o Grande Cratino, o coelho que mais percebia de educação na Laparónia.

Que lhe interessava a ele, o Grande Cratino, que as escolas públicas fossem uma miséria, que faltassem professores, auxiliares, dinheiro e todo o resto, ele era o Cratino supremo da Educação e isso é que importava.

Mesmo se o ministério fosse a mais atroz das confusões, cheio de atropelos e burocracia coelha típica, havia até uma carta de deputados que indicavam quem devia ser o director de um agrupamento de escolas, claro que o senhor deputado se apressou a negar, ao que tudo isto tinha chegado.

O ministério do Grande Cratino, era ao fim ao cabo o espelho na nação, um pardieiro pouco recomendável, onde o disparate era rei e senhor, enchiam-se as algibeiras ao sector privado com contratos, descapitaliza-se a escola pública e deixa andar, os tontos dos laparotos nem davam pela marosca e andavam todos contentes a pagar os colégios finos da elite, o Grande Cratino fora o mais bem sucedido até ao momento, quase destruíra a escola pública com o beneplácito dos milhares de pobres roedores patetas.

Os pobres láparos, lebres e coelhos, andavam em bolandas, de cá para lá, todo o dia a correr, as coisas não corriam de feição lá pela Laparónia, a Educação que devia ser o sustentáculo da nação desabava, e o grande Cratino ria! Assim começava mais um péssimo ano escolar na Laparónia, com os mesmos e mais problemas.

Nota do Editor: Se por acaso o leitor notar semelhanças entre este pequeno conto e alguma realidade que conheça, isso é pura coincidência, pedimos desculpa pelo autor, conhecido por abusar da pinga e por escrever sob o efeito nefasto dos eflúvios etílicos, terá o dito, quiçá, esticado um pouco a corda da imaginação toldado claro está pelos melífluos néctares de Baco, por esse facto pedimos desculpa, pela imaginação delirante, nada disto poderia nunca ser realidade.

Francisco Pereira

 

 

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