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Uma história das mil e uma preocupações!

18-09-2015 - Francisco Pereira

Esta semana o antigo governador do Banco de Portugal, alertava para o problema da migração, conjugado com o problema demográfico que a Europa enfrenta, dizendo que não receber toda esta gente é um suicídio para a Europa e para o seu problema de falta recursos humanos.

Por outro lado a chanceler Merkel, que tão esquecida tem andado, de repente veio recordar-nos que parece que existe uma coisa chamada “espírito europeu” e que os refugiados devem ser divididos pelos países da União.

A Europa titubeante e fraca, arredou-se propositadamente do conflito sírio, até porque aquela arena está reservada aos contendores usuais, isto do “world deterrence” tem que se lhe diga e nada é aquilo que parece, e a Síria têm sido o palco perfeito da nova “Guerra Fria” entre a Confederação Russa e os Estados Unidos da América.

Os europeus apressaram-se a demarcar-se do conflito, com a Alemanha a vetar qualquer participação europeia, em mais uma atitude francamente cobarde, que aliás tem sido o mote da intervenção europeia donde só de quando em quando destoam os britânicos. Colhemos portanto as sábias decisões das chancelarias da Europa, com a inefável Alemanha à cabeça.

Facto primeiro; efectivamente a Europa tem um problema demográfico colossal, o estilo de vida, as colossais pressões, a economia esclavagista, entre outras causas sociais e económicas, levam os europeus a ter cada vez menos filhos. Políticos medíocres nunca perceberam estas transformações e nada fizeram para as contrariar, Constâncio aqui fala de um problema que há muito é percepcionado por quase toda a gente excepto quem dirige, discordo no entanto do senhor antigo governador, porque, toldado pela sua visão do emigrante português, um verdadeiro “case study” mundial, Constâncio toma como certo que o emigrante/refugiado sírio, essencialmente muçulmano, abraçará os “valores” europeus de braços abertos, erro crasso, que futuramente lançará as bases para clivagens e problemas mais graves.

Facto segundo; a querida Chanceler, de tão excelente memória para nós portugueses, lembrou-se num repente do espírito europeu, o que quer que isso signifique, se é que existe, raramente desde a formação da União Europeia, foi colocado em prática, e ultimamente então nem será bom lembrar, mas agora a boa da senhora, cujo rabo começa a aquecer com a pressão de tanto refugiado, tirou esse trunfo da manga como forma de redistribuir toda aquela gente que anseia por viver na grande Alemanha. Será bom lembrar à senhora Merkel que se existir, o tal espírito europeu, é um espírito democrático, de respeito pelas liberdades e garantias, mas também da partilha e ajuda entre os estados, ao contrário daquilo que tem sido, um mero “venha a nós” em que Alemanha, colhe a parte de leão do esforço conjunto desta coisa chamada União Europeia.

Conclusão; é absolutamente verdade que a Europa, está à beira do precipício, mas não serão os refugiados muçulmanos, que irão salvar a Europa, antes pelo contrário, a História já nos deu vários exemplos, não sabermos ou não querermos interpretá-los é uma outra questão. Vivemos momentos trágicos e devemos ajudar, sem porém esquecer os cidadãos da Europa, como actualmente fazemos. Um argumento muito esgrimido pelas correntes mais esquerdelhas, favorecendo os refugiados sírios, tentando esbater o facto de maioritariamente serem muçulmanos, fala de uma “maioria pacífica” que os radicais são uma minoria.

Em relação a isso, de novo a História já nos deu vários exemplos, dou apenas dois; em 1920 o NSDAP iniciou um percurso, de 25 anos em que mergulhou a Europa numa escuridão quase medieval, ceifando milhões de vidas, cometendo atrocidades inauditas, em 1920 eram apenas meia dúzia, mas a maioria pacífica não serviu para nada, tal como a maioria pacífica não serviu para nada nas atrocidades cometidas nas recentes Guerras dos Balcãs, as maiorias pacíficas servem apenas de sustentáculo às minorias aguerridas e que tenham um objectivo.

Vivemos tempos de convulsão, tempos que não deixam que nos quedemos na incerteza do limbo, são tempos em que teremos de ter convicções fortes e decididas, as barricadas têm dois lados, vivemos tempos em que teremos de escolher o nosso lado. O futuro, não traz ventos promissores, mas o que fizermos e ou ajudarmos a fazer hoje trará frutos num tempo próximo, por isso a ponderação prudente é aconselhável.

Francisco Pereira

 

 

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