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O desconsolo bestial

11-09-2015 - Francisco Pereira

Um destes dias, um amigo comentava o seu desagrado em relação a uma personagem, que depois de aceder a um cargo de poder, em sede de relacionamento profissional, usou de uma inusitada sobranceria zombeteira, tratando o meu amigo de forma menos própria, frente a outros, revelando uma gritante deficiência de carácter, de deontologia profissional e de noção do ridículo.

Aconselhei-lhe calma, porque com esta gentalha do poder, todos os cuidados são poucos, infelizmente ínfima é a quantia de poderosos que sabe exercer o poder, sem ter de permanentemente “puxar dos galões” de forma arrogante e por vezes descabida com quem não deve, sim porque estes poderosos são intrinsecamente cobardolas, uns valentes com os fracos e uns vermes subservientes com os fortes.

Este assunto vem a talhe de foice, para questionar a honestidade destas gentes. Dizia-me um outro amigo há tempos, que lhe causava asco, estes pulhas que nos têm calhado em sorte como governantes; serem tão absolutamente fracos, que lhe causava perplexidade, como se deixavam cair, tão facilmente, na corrupção.

Temo bem que este meu amigo tenha do tema uma enviesada visão. Pessoalmente não me choca que se deixem corromper, é um percurso natural, dada a genérica falta de qualidade ética, intelectual, cultural, moral e deontológica que revelam, a mim espanta-me que ao fim de alguns anos enredados nas teias do poder consigam ainda manter a honestidade.

E é vê-los enredados na pequena e na grande corrupção, das almoçaradas e garrafões de tinto, às prendinhas, do carro de serviço que passa a ser usado pela família, à resma de papel surripiada, às fotocópias para o negocia da esposa tiradas com dinheiro dos contribuintes, enfim desde as mais pequenas minudências, que ainda assim são corrupção, até aos milhões que envolve a corrupção promovida pelas grandes empresas, ainda esta semana num artigo do Jornal I, lá vinham as mesmas empresas alemãs, que por cá fizeram o mesmo, acusadas de corromper governantes gregos para que se assinassem contratos de muitos milhões que ajudaram a enterrar a economia grega, mas disto claro está ninguém fala.

O poder corrompe, é um chavão antigo, actualíssimo, encontrar gente desta honesta é ainda mais difícil do que descobrir um quark. Procurem um poderoso que ao fim de umas décadas a desfrutar de cargos políticos, viva desafogado, mas que não seja obscenamente opulento no acumular de património e terão encontrado um homem honesto.

Infelizmente não sei se existe algum, seguramente que existirá, mas são tão difíceis de encontrar que se tornam raridades, quase acidentes de percurso numa vereda pejada de madraços, de pulhas e de vigaristas.

A exercício da política, impõe uma dialéctica de constante estado de alerta, em que o discípulo dessa quase religião, deveria pautar o seu agir, pela honestidade, decência, competência, elevação moral e intelectual, coisas que num país de analfabetos abrutalhados como é Portugal será tarefa hercúlea senão impossível, mantende a esperança ó povo, pode ser que um dia a coisa mude!

P. S. - Enquanto escrevia estas linhas, e olhando para a televisão, onde parece que existia um debate entre dois garnizés a quererem, um manter o poleiro e o outro a lá aceder, ia pensando no miserabilismo nacional. E disse “…parece que existia um debate…”, porque o que ali se viu foi apenas um desfiar de patetices, não existiu nenhum debate, do lado da situação o discurso mentiroso e pulha, do lado da oposição o discurso do delírio alucinado.

Um chorrilho de patetices, um deserto de ideias concretas, intelectualmente o que ali se viu foi de uma atroz pobreza franciscana, uma muito triste demonstração do estado miserável a que este país chegou!

Francisco Pereira

 

 

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