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Miséria franciscana

28-08-2015 - Francisco Pereira

“A tribo humana mais vaidosa é a que se envergonha do que é da casa e olha para longe, perseguindo o vazio com vãs esperanças.”

Píndaro, Odes, Quetzal, 2010

Peguei nesta frase soberba do honrado Píndaro, c. 522 – c. 443 AC, porque serve perfeitamente para ilustrar o estado miserável do panorama cultural português, o mesmo podemos dizer de uma igualmente excelente entrevista que Pedro Ayres Magalhães concedeu recentemente ao Diário do Notícias na edição de dia 24 de Agosto do presente ano da graça de 2015, onde o grande músico, explana de maneira inteligente e sem complexos o miserabilismo cultural deste país.

Fomos, somos e creio que continuaremos a ser um povo avesso à cultura, as nossas elites foram sempre vergonhosamente, quando não completamente analfabetas, iletradas. Hoje será extremamente difícil encontrar um governante que tenha lido mais de uma vintena de obras, e isso prova-se pela fraca capacidade oratória que possuem e pela ainda menor capacidade de se expressarem sem “calinadas”.

Ao ver cartazes de eventos ditos “populares” por esse país fora, o que salta à vista é a redutora condição miserabilista desta cultura portuguesa que está afogada em porcarias intragáveis, a que as massas ignorantes e analfabetas aderem em êxtase quase em delírio místico, e não falo claro dos festivais de Verão de grande nomeada, que esses com maior ou menor grau mantêm alguma qualidade, falo de outros eventos de menor envergadura que primam pela absoluta miséria sonora.

Não é de admirar que nas escolas as artes sejam relegadas para um estatuto quase medieval, dado que todo a afã do actual governeiro da pasta anda à volta da matemática e do português, ainda que os resultados continuem absolutamente miseráveis, para o nosso excelso ministro da Educação, teatro, música, dança e pintura não fazem parte do conceito de ser cidadão. Não admira pois que sejamos permeáveis e lestos a adoptar toda a porcaria que nos é impingida. Faz-me espécie que com tanto artista fantástico que temos, ver como cabeça de cartaz tanta ralé pimba azeiteira dos confins do mundo, ainda se fosse algo com qualidade que contribuísse com alguma mais valia, mas não, é mais do mesmo.

E o mais triste é que temos vergonha dos nossos e vamos a correr aplaudir toda porcaria que aqui chega, que povinho de lorpas!

Francisco Pereira

 

 

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