PREPOTÊNCIA

21-08-2015 - Henrique Pratas

Prepotência é o que mais grassa na nossa sociedade, assim e tentando fazer uma abordagem ao tema poderemos escrever que a mesma é um sentimento falso de superioridade, ou de autoafirmação, da pessoa que se acha superior às demais...

Uma pessoa que teve algum êxito numa determinada prova, e quando vai comentar sobre tal prova diz: Eu fui e sempre serei a melhor neste tipo de prova, sem que ninguém lhe perguntasse.....

A definição que vos acabo de escrever define grosso modo o que é a prepotência, mas existe um outro tipo que é aquele que se manifesta quando alguém que por compadrio ou critérios subjetivos é colocado numa organização em lugar de chefia, mas que não tem competência nenhuma para o exercício da mesma. Essa incapacidade demonstra-se muitas vezes pela tomada de atos desta natureza, umas vezes de modo próprio outras por interposta pessoa, quero dizer para os prepotentes que são mais subtis servem-se normalmente de outras pessoas com carácter submisso, andrajoso, sem personalidade própria, sem competência profissional para o exercício de um função de chefia intermédia mas como a ambição é muita fazem todos os favores e mais alguns perante o seu superior hierárquico para alcançar o que pretendem, não sei quais são piores se estes últimos se os primeiros, mas é gente que não interessa a ninguém, nem às organizações, nem ao País. Nos tempos de Salazar e Caetano eram designados por “bufos”, com o 25 de abril eles não acabaram como era suposto, acho mesmo que nesta altura aumentaram significativamente.

Esta é mais uma contradição do sistema, a sociedade supostamente evoluiu mas se analisarmos a sua evolução, verificamos que em vez de progredirmos em termos comportamentais na sociedade portuguesa, regredimos e assistimos cada vez mais ao desenvolvimento de uma sociedade que se encontra numa fase de decadência de valores e consequentemente emergem os prepotentes, as pessoas sem escrúpulos, mesquinhos e de mau carácter.

Desta forma em vez de evoluirmos estamos cada vez mais envolvidos e enleados num processo de retrocesso a meu ver para pior e não vejo que estejamos a caminhar para melhor, acho mesmo que atingimos um estado pior do que aquele em que se vivia no tempo da outra senhora, como é usual dizermos.

Toda a gente se acha no lugar de só ter direitos, obrigações ninguém ou poucos, por isso é usual verificarmos a abuso de poder por parte de entidades ou pessoas que desempenham funções em organizações que lhes confere ao poder discricionário, quantos de nós já não viveu atos de prepotência praticados pelas autoridades policiais, pelos funcionários das finanças, da segurança social, da saúde, dos bancos ou outras que se movimentam nesta área e se este fenómeno tinha uma expressão numa escala menor, nos tempos atuais até os recém-criados “controladores” das empresas que exploram os parquímetros citadinos se acham no direito de exercer a sua função “policial” e de prepotência relativamente aos restantes cidadãos, através da tomada de atitudes menos dignas para não escrever arrogantes perante os seus concidadãos.

Esta gentinha grassa na nossa sociedade e devolve-se com o escalracho não há produto químico que dê cabo da sua existência, ela cresce a olhos vistos e os poucos que se pautam por princípios e valores já não são capazes de dar cabo da erva daninha que teimosamente resiste a tudo e a todos e prolifera pelos mais variados sectores de atividade, eu por mim tenho uma enorme vontade de desistir porque me sinto um D. Quixote a lutar contra moinhos de vento e acho que não estou a conseguir conquistar ninguém para o caminho que acho mais correto para esta sociedade, acho que o caminho foi traçado e caminhamos largamente para o abismo, não temos outra saída foi para aí que nos deixámos empurrar e agora que estamos à beira do principio, só faltando um pequeno empurrão, não há nada a fazer, os poucos resistentes já não aguentam mais e se foi isto que o Povo decidiu faça-se como desejam e nunca se opuseram.

Henrique Pratas

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